Jaqueline Correia
Capitulo
1
O
livro Materiais Didáticos para o ensino
de Língua estrangeira – Processos de criação e contextos de uso, organizado
por Pereira e Gotthein. Em seu primeiro
capitulo, intitulado por ‘’codificar
conteúdos, processo, e reflexão formadora no material didático para o ensino e
aprendizagem de línguas’’ escrito por José C. P. A. Filho, debate a
organização atual de alguns elementos trabalhados pelos autores como essenciais
na elaboração dos materiais didáticos.
Estes
elementos são: os conteúdos que os estudantes vão experienciar; os
procedimentos os passos para viver as experiências com a nova língua com as necessárias
instruções e a explicitação de ações reflexivas e seus momentos com o objetivo
de fortalecer a formação dos educadores e também dos aprendizes.
O
autor trabalha também a ideia de que uma das quatro materialidades do ensino de
línguas é escrever materiais, mas além de escrever podemos também dizer
oralmente alguns materiais. Os materiais orais podem trazer vantagens no que
diz respeito a competência comunicativa e no conhecimento linguístico.
Filho
defende a ideia de que o material didático não deve ser algo sistemático projetado,
terminado. Para ele os materiais para o ensino de línguas deve m ser planos
incompletos esperando a ser preenchido pelos professores e suas turmas no
contexto real em que se encontram em determinados momentos. Outro fator
importante para o autor é saber conceituar e relacionar os materiais e também o
contexto de uso de um MD, ou seja saber o momento adequado de utilizar-se de
determinado conteúdo.
O
autor conclui o capitulo com a ideia de que ‘’ produzir materiais não é apenas
necessário – é vital para o ensino e aprendizagem de línguas e de outros
materiais.’’
No segundo capitulo o autor nos mostra que a
literatura no desenvolvimento de materiais na última década teve como foco
principalmente a efetividade durante a produção de materiais, estabelecendo
princípios e critérios para a avaliação de materiais e produzindo critérios para
adaptação de materiais, como Harwood, Ellis e Tomlinson propuseram para o
desenvolvimento de materiais didáticos de línguas, mas deixando de lado propostas
especificas como princípios de criticas culturais e princípios de consciência
crítica para desenvolvedores de materiais considerarem quando avaliando,
adaptando ou criando materiais.
Entende-se
por cultura e críticas culturais, todas as conquistas artísticas e civilização
geral de um país ou pessoa (ponto de vista antropológico), ou do ponto de vista
sociológico como sendo o modo de vida de um determinado grupo de pessoas
ligadas por características, valores, atitudes, atividades e circunstancias comuns
ou distintos, já a Crítica cultural por sua vez é definida como: Informações
sobre as características de nossa própria cultura.
Um fator de grande valia quando
pensamos em cultura é considerarmos a globalização, como aconteceu com a língua
inglesa quando o inglês deixou de ser algo pertencente à apenas um grupo
especifico.
Mais adiante Tomlinson (2001) argumenta
sobre a crítica cultural, que envolve o desenvolvimento interno e o senso de
igualdade nas culturas e aumentando o entendimento de sua própria cultura e a
cultura de outras pessoas, e criando interesses positivos em como elas se
conectam e se diferem, tal crítica pode aumentar a tolerância e facilitar a
comunicação internacional.
De
acordo com o autor os materiais didáticos deveriam auxiliar os alunos em
diversos aspectos, por exemplo: Aprender através de experiências como se eles
estivessem vivendo momentos interculturais; Aprender através do entendimento
consciente nas experiências que eles tiveram; Descobrir e tornarem-se
conscientes em suas atitudes e senso de valores que leva seus comportamentos na
sua própria cultura e também das demais pessoas ; Tornar-se mais tolerante e
ambíguo; Tornar-se capaz de acessar conflitos potenciais e atuais,
analisando-os e identificando opções; Desenvolver a habilidade de usar a língua
apropriadamente efetivamente em uma variedade de contextos culturais.
No
terceiro capitulo escrito pela autora Liliana Gottheim podemos perceber uma reflexão
sobre o desenvolvimento da produção de materiais didáticos tanto para o ensino
de língua portuguesa quanto para línguas estrangeiras. Percebe-se que Gottheim
busca conduzir-se nas variadas concepções que englobam na elaboração de um
materiais que se encaixem nos princípios de pressupostos comunicacionais. Esta
elaboração significou, acima de tudo, selecionar textos e determinar o que será
feito para que facilite o aprendizado da língua, além de trazer indagações
acerca da concepção de metodologia e procurar respostas para novas questões
acerca dos pressupostos comunicacionais.
Entre
as possíveis inovações ao ensino, Gottheim alega que no meio acadêmico tem se
discutido questões acerca das capacidades que um profissional PLE(Professor de
Língua Estrangeira) deverá ter, bem como o seu trajeto para uma formação bem sucedida.
A
referida autora através da experiência obtida em seu Mestrado relata que na
área da Lingüística Aplicada ao Ensino de Língua Estrangeira, em meados dos
anos noventa, o propósito dos pesquisadores do Brasil de caráter etnográfico era
em compreender a abordagem comunicacional e seu funcionamento em sala de aula,
sendo o foco voltado para a interação.
A
autora nos relara também que no ano de 1995 foi realizada uma pesquisa
interventiva e a construção de materiais didáticos com base em conteúdos que tivessem
alguma temática, porém, de qualquer forma estes conteúdos deveriam ser
informativos e que levassem em conta as questões da sociedade.
Desta
maneira este material serviria de base a um projeto que investigasse a
comunicação intercultural no âmbito escolar. E assim foi se sucedendo a
pesquisa da referida autora, que para alcançar o objetivo de construir a
prática de um professor em abordagem comunicativa, o desafio, no entanto era de
aprofundar as áreas de conhecimentos novos para, então experiênciar os
princípios de abordagem comunicacional.
Através
da leitura do quarto capítulo podemos perceber que o objetivo do autor é nos
mostrar que o livro didático de inglês não é apenas um instrumento de ensino e
aprendizagem, mas são também acessórios de reflexão e construção cultural,
assim como os filmes, revistas, etc.
Assim
como esses outros meios, o livro didático de inglês não pode se separar do
contexto cultural o qual eles estão baseando-se em que todo conhecimento é
socialmente construído, devido a isso, apoiam também o uso de mídias em sala de
aula por trazer uma ampla aproximação cultural.
Mais
adiante na segunda parte do capítulo o autor nos apresenta o módulo “Move Inetrmediate”, o qual eles se
referem como sendo um livro didático de “personalização” e que há diferentes
interpretações para seu significado, permitindo assim diferentes
interpretações, a qual eles a separam entre “respostas pessoais individuais”,
que são respostas de um aluno individual em relação ao que o professor pediu para
ele fazer, e “Contribuições personalizadas individualizadas”, a qual envolve os
alunos fazerem escolhas sobre o que eles falam ou escrevem sobre, e como eles
fazem isso, dando escolhas para contribuir em modos que eles desenvolvam sua
própria identidade, a maneira como os alunos conversam e escrevem sobre suas
próprias vidas, estilos de vida, ambições e experiências, contribuem também
para a sua formação.
Ao
concluir este capitulo o autor nos mostra o que esses pontos significam para um
professor, explica também que como professores de inglês nós percebemos que o
os materiais que usamos refletem e incorporam certo entendimento de que o mundo
e os indivíduos colocam nele, e nó devemos ser conscientemente críticos em como
o livro didático constroem a visão de mundo do aluno e os fazem focar em
aspectos da realidade de maneira particular. O autor aponta que podemos nos
guiar por um ponto chamado “Pedagogia critica”, essa que por sua vez acredita
que os professores de língua inglesa que acreditam que sua responsabilidade não
é apenas ajudar os alunos a aprender inglês, mas também desenvolver a
habilidade necessária para desconstruir versões dominantes da realidade.
Assim como os capítulos
anteriores, este capitulo trabalha a importância do livro didático no processo
de ensino e aprendizagem, principalmente de língua estrangeira (LE). As
reflexões avaliam as representações de gêneros em livros didáticos feitos no
Brasil, para o ensino de língua estrangeira, no caso – inglês. É relevante
destacar, conforme o autor observa neste estudo, o sentido da palavra “gênero”,
um conceito social e cultural do que é ser homem e ser mulher, com as
diferenças entre sexo (biológico, homens e mulheres) e gênero (particularidades
sociais e psicológicas que se refere ao feminino e masculino).
Segundo Pereira (2013), o
livro didático é o que representa os estudos, e quem lê muito é considerado
culto independentemente de como se lê e o que se lê. Existe uma diversidade de
livros didáticos usados para o ensino de língua inglesa no ensino básico.
Busca-se detectar os sinais de discriminação e preconceitos de gênero que ainda
se encontram em livros didáticos de língua inglesa.
Para o autor, as representações de gênero nos
primeiros anos escolares, em livros didáticos, possuem grande influência na
construção das identidades de seus aprendizes, servindo de parâmetros para toda
a jornada.
Nos
livros escolhidos para o estudo pelo autor, a família é representada na
natureza e entre seus membros não existem brigas nem desavenças, o lar é feliz,
conservador e acolhedor. Segundo Pereira (2013), os livros que foram avaliados
do ensino fundamental, não retratam com frequência os assuntos afetivos e
amorosos. Quando retratados, também estão fora da realidade, com exagero de
fotos e desenhos de corações, reprodução de alguns estereótipos como casais
felizes e apaixonados. Das coleções que o autor analisou, os temas tratados
abertamente são: sexo, doenças sexualmente transmissíveis e gravidez na
adolescência. Os outros temas polêmicos são evitados e não apareceu em nenhum
livro das coleções citadas.
O autor conclui este
capitulo com a ideia de que existe a necessidade de uma abordagem mais crítica
nos textos para contestar ou desafiar os discursos por eles veiculados, e esta
interação entre sujeito e textos de livros didáticos, na sala de aula ou fora
dela venha formar outros conceitos.
Marcel Augusto Gonçalves
O
autor começa nos apresentando que produzir um material de ensino é semelhante a
escrever uma partitura, pois inclui a codificação de ações premeditadas ao
redor de conteúdos previstos para as unidades, e que há três componentes
essenciais na produção de materiais didáticos, que são: os conteúdos a serem
trabalhados, o procedimento orientado para uma relação com a língua estrangeira
e ações reflexivas que fortaleçam a formação dos professores e dos alunos.
Compor
um material didático e publicá-lo reflete uma busca por explicitar uma série de
propostas com o auxílio de imagens, textos e inserções de áudio, em que as
atividades se relacionem e se complementem até que se encerre um ciclo de
estudo, o qual dura em torno de 30 horas-aula, apesar de essa ser uma recepção
frequente de uma aula premeditada e com materiais completos, não é o que se
projeta como tendência para o futuro do ensino de línguas.
Os
materiais são uma forma de codificação de ações futuras em salas de aula, os
quais preveem as atividades que vão formar o método, sendo assim, o material
não é apenas um apoio, mas sim a base do ensino.
O preparo da aula e o material podem
ser confundidos com a metodologia, porém o material a ser usado não tem uma
grande relação com o método, pois o conteúdo da aula não se refere diretamente
ao método, por fim o conteúdo não interfere no método, mas sim no conteúdo
posterior criando um efeito em cadeia premeditado, mostrando uma ordem no funcionamento
dos materiais do método de ensino.
Todo material didático possui uma
concepção de como ensinar e aprender uma nova língua, essa concepção é composta
por conceitos do que seja a língua, essa segunda língua posta em causa, do que
significa aprender e ensinar essa língua alvo, chamamos isso de abordagem de
ensino e de aprendizagem de língua. Para construir essa abordagem, primeiro
importa-se a tradição de se comporem livros didáticos de maneira que haja
escolhas previsíveis de conteúdo e atividades, essa tradição está relacionada
com a pratica dos professores ao longo dos anos prevendo certos papeis para os
alunos. Outra força potencial de abordagem é a dos grandes exames, esses
instrumentos de avaliação não são vinculados aos planejamentos de cursos e aos
materiais de uso corrente, eles podem potencializar uma abordagem já praticada
por consenso, sendo geralmente uma variante da abordagem gramatical como a
gramatical comunicativizada, uma explicação sobre isso pode ser buscada no
conjunto de fatores expostos e não apenas nas declarações de autores e
editores, e que buscar uma abordagem prevalecente nos livros didáticos não quer
dizer que está explicada a qualidade de ensino e que de fato trará resultados.
No meio da avaliação e produção de
materiais no ensino de línguas sempre foi discutido o atendimento a certos
requisitos os quais são: atividades contextualizadas, atividades
personalizadas, atividades para trabalho em grupo, atividades em linguagem
autêntica, oportunidades para a prática de conceitos nocionais-funcionais,
explicações gramaticais claras e concisas, atividades que respondam às
necessidades e interesses dos alunos, material cultural integrado em atividades
de prática da língua.
Os conteúdos temáticos trabalhados
em um livro didático não são meramente ilustrativos, não contam com o pretexto
para se ensinar a estrutura sistêmica da língua alvo, a partir da escolha
básica de conteúdos decorrem-se instâncias de linguagem previstas para
trabalhar os temas como funções comunicativas.
Com a finalização do primeiro
capítulo podemos notar que os livros didáticos não são apenas algo para
“cabular” aula, ou para ser visto como um plano B para quando o professor não
prepara a aula, mas sim um material didático que servirá como uma base para os conteúdos
que serão trabalhados durante um ciclo de estudo.
Ao decorrer do segundo capítulo o
autor nos mostra a maneira como a literatura no desenvolvimento de materiais na
última década focou principalmente na efetividade durante o desenvolvimento de
materiais, estabelecendo princípios e critérios para a avaliação de materiais e
produzindo critérios para adaptação de materiais, como Harwood, Ellis e
Tomlinson propuseram para o desenvolvimento de materiais didáticos de línguas,
mas deixando de lado propostas especificas como princípios de críticas
culturais e princípios de consciência crítica para desenvolvedores de materiais
considerarem quando avaliando, adaptando ou criando materiais.
Entende-se por cultura e críticas
culturais, do ponto de vista antropológico, todas as conquistas artísticas e
civilização geral de um país ou pessoa, ou do ponto de vista sociológico como
sendo o modo de vida de um determinado grupo de pessoas ligadas por
características, valores, atitudes, atividades e circunstancias comuns ou
distintos, algumas vezes a cultura pode ser usada para relacionar o refinamento
intelectual de uma pessoa, a cultura é complexa, interativa e variável. Crítica
cultural por sua vez é definida como: Informações sobre as características de
nossa própria cultura ou a cultura de outras pessoas.
Quando falamos em cultura é
importante considerar a globalização, como é o caso do que aconteceu com a
língua inglesa, a qual milhões de pessoas usam para se comunicar, portanto o
inglês deixou de ser algo pertencente à apenas um grupo especifico.
Em estudos recentes sobre a cultura
foi relacionado os efeitos da globalização foi relacionada os efeitos da
globalização no conteúdo e metodologia no ensino de língua inglesa, baseando-se
nos argumentos de Cortazzi e Jin, que afirmam que a cultura no aprendizado, não
atingiu o impacto esperado no ensino de língua inglesa na China por causa do
conflito entre a cultura de aprendizagem norte-americana, com o ensino chinês
tradicional.
Pham (2007) descreve problemas similares
no Vietnã e adiciona também fatores desafiantes, como salas maiores, pressão
nos exames e o requerimento para treinamento de professores.
Bao (2006) investiga os estereótipos
da cultura na população global em livros de cursos publicados durantes os anos
de 1990 e 2000, Bao explica que estereotipar é uma função humana comum e
natural e é um modo de copiar a cultura do outro com complicações com a
realidade. Um exemplo presenciado por Bao foi em uma aula de inglês no Vietnã,
a qual ele mostrou aos alunos fotos de um Homem caucasiano jovem, um homem
idoso caucasiano barbado, e um homem negro jovem bem vestido, e pediu para os
alunos apontarem quem seria o vilão na história, grande maioria dos alunos
instantaneamente escolheu o homem negro, e quando perguntados o porquê, nenhum
parecia chegar a uma explicação concreta, dizendo que tinham vagas lembranças
de verem homens negros representando personagens maus em filmes.
Tomlinson (2001) argumenta sobre a
crítica cultural, que envolve o desenvolvimento interno e o senso de igualdade
nas culturas e aumentando o entendimento de sua própria cultura e a cultura de
outras pessoas, e criando interesses positivos em como elas se conectam e se
diferem, tal crítica pode aumentar a tolerância e facilitar a comunicação internacional.
Os
materiais didáticos deveriam ajudar os alunos a: Aprender através de
experiências como se eles estivessem vivendo momentos interculturais; Aprender
através do entendimento consciente nas experiências que eles tiveram; Descobrir
e tornarem-se conscientes em suas atitudes e senso de valores que leva seus
comportamentos na sua própria cultura e de outros; Tornar-se mais tolerante e
ambíguo; Ter acesso a situações e reconhecer várias possibilidades de
interpretações sem pular para conclusões elevadas ou cair em estereótipos;
Tornar-se capaz de acessar conflitos potenciais e atuais, analisando-os e
identificando opções; Desenvolver a habilidade de usar a língua apropriadamente
efetivamente em uma variedade de contextos culturais.
Ao longo do capitulo 3 Gottheim nos
apresenta temas por ela elaborados em sua formação docente, com o objetivo de
motivar as aplicações dos resultados emergentes de suas reflexões em cursos de
português como segunda língua, ela nos diz que embora pressupostos de abordagem
comunicacional sejam bem aceitos pela comunidade docente de português para
estrangeiros e haja o desejo de adequação de professor às tendências
metodológicas, a aplicação desses pressupostos necessitam contínua reflexão e
análise crítica.
Gottheim aborda um tópico relevante
durante seu período de mestrado durante os anos de 1994 e 1996 na qual ela
afirma que esse período era fortemente marcado por interesse em pesquisas que
procurassem entender o funcionamento de uma abordagem comunicacional em sala de
aula com o foca na interação, muitas dessas pesquisas eram de cunho etnográfico
e apresentavam dados de diagnóstico, os quais confrontavam o dizer e o fazer de
professores na aula, constando que conhecer pressupostos ou princípios
comunicativos não era garantia de os professores conseguirem realizar um ensino
com essa abordagem na prática docente.
Na concepção de produção de material
didáticos, “concepção” refere-se a representação do processo de ensino na mente
de um autor de material didático, a qual acaba se materializando na composição
de materiais por ele produzido, suponha-se que essa filosofia de ensinar os
produtores de material parte, na base, de um conceito de língua estrangeira, de
aprender e ensinar outra língua, que se constrói e se manifesta nas suas
particularidades, articulado a uma rede de conhecimentos, sejam eles
teórico-formais ou informais, esses conhecimentos desencadeiam atitudes em
relação aos fenômenos que se conhece que culminariam na concretização do
projeto de material de ensino. Uma composição de materiais produzida para o
ensino-aprendizagem seja a base codificada da experiência de ensinar e aprender
que autores desejam que ocorra.
Para atingir os objetivos previstos,
Gottheim recomenda a utilização da metodologia da pesquisa-ação, a qual afirma
que a pesquisa-ação é um processo de reflexão estruturada, a qual envolve o
processo de coleta de dados, análise e interpretação desses dados.
No
capítulo 4 do livro o autor nos diz que o livro didático de inglês não é só um
mero instrumento de ensino e aprendizagem, mas são também artefatos de reflexão
e construção cultural, assim como os jornais, revistas, filmes, etc, e assim
como esses outros meios, o livro didático de inglês não pode se separar do
contexto cultural o qual eles estão baseando-se em que todo conhecimento é
socialmente construído, devido a isso, apoiam também o usam de mídias em sala
de aula por trazer uma aproximação cultural mais abrangente.
Durante
a segunda parte do capítulo o autor nos apresenta o módulo “Move Inetrmediate”, o qual eles se
referem como sendo um livro didático de “personalização” e que há diferentes
interpretações para seu significado, permitindo assim diferentes
interpretações, a qual eles a separam entre “respostas pessoais individuais”,
que são respostas de um aluno individual em relação ao que o professor pediu
para ele fazer, e “Contribuições personalizadas individualizadas”, a qual
envolve os alunos fazerem escolhas sobre o que eles falam ou escrevem sobre, e
como eles fazem isso, dando escolhas para contribuir em modos que eles
desenvolvam sua própria identidade, a maneira como os alunos conversam e
escrevem sobre suas próprias vidas, estilos de vida, ambições e experiências,
contribuem também para a sua formação.
Na
parte final do capítulo o autor nos mostra o que esses pontos significam para
um professor, o autor explica que como professores de inglês nós percebemos que
o os materiais que usamos refletem e incorporam certo entendimento de que o
mundo e os indivíduos colocam nele, e nó devemos ser conscientemente críticos
em como o livro didático constroem a visão de mundo do aluno e os fazem focar
em aspectos da realidade de maneira particular. O autor aponta que podemos nos
guiar por um ponto chamado “Pedagogia crítica”, essa que por sua vez acredita
que os professores de língua inglesa que acreditam que acreditam que sua
responsabilidade não é apenas ajudar os alunos a aprender inglês, mas também
desenvolver a habilidade necessária para desconstruir versões dominantes da
realidade, tendo assim como proposito fornecer aos alunos e professores ferramentas que os permitam ver os textos,
incorporando tanto representações particulares do mundo social e natural, e
também interesses e ambições particulares, ajudando-os a entender melhor eles
mesmos e o mundo ao seu redor.
No
início do 5º capítulo o autor nos diz que tem como objetivo analisar as
representações de gênero em livros didático no ensino de línguas
estrangeira, e que o interesse em
pesquisar livros didáticos vem da constatação de que nos tempos atuais, o
letramento está extremamente ligado à noção de desenvolvimento e capacidade
intelectual, apesar de que esse hábito da leitura e essa relação entre ser uma
pessoa “culta” ou com maior intelecto, não leva em consideração ao que sê lê e
o como se lê, dificultando as reflexões sobre os reais efeitos da leitura na
sociedade.
Outro
ponto abordado é de que o livro didático juntamente com a metodologia utilizada
pelo professor em sala de aula, não atuam somente como elementos facilitadores
de ensino e aprendizagem, mas contribuem também para a formação de pessoas
críticas que atuem na sociedade, mostrando que o livro didático é um dos mais
importantes instrumentos sendo utilizados como transmissor de conhecimento, os
autores se utilizam do argumento que os textos contidos em livros didáticos são
altamente influenciáveis por muitas vezes serem o primeiro contato que os
alunos terão com textos críticos reais, e para complementar, esses textos são
apresentados na escola, o que reforça a possibilidade de veridicidade da
informação.
A
partir do ponto abordado o autor demonstra sua preocupação, pois em muitos
livros didáticos, mesmo em análise superficial, podemos notar várias
referências de caráter visivelmente sexista e discriminatório em relação às
minorias qualitativas da sociedade, com essa análise Pereira afirma ter certa
dificuldade e resistência dos autores e autoras desses materiais em aceitar e
incorporar os avanços recentes na sociedade, no que diz respeito às questões da
igualdade entre gêneros, produzindo muitas vezes, como apresentado em tabelas
na Página 126 do livro, materiais e discursos de cunho Sexista;
Conservador; De
reseistencia/Contra-discurso; “Politicamente correto”; Alienante;
Alternativo/Marginal; Denunciador/Conscientizador; Politicamente
preconceituoso; Socialmente preconceituoso.
Em
seguida são abordados vários meios a onde a questão de gênero está presente e
pode ser altamente influenciável, começando pela sala de aula.
Sabat
(2003) diz que a educação é um dos mais eficientes meios de intervenção no
processo de construção de identidade de gênero e sexo, pois molda o sujeito
conforme as normas sociais vigentes, abrangendo discussões e conteúdos sobre a
questão de gênero, afinal a sala de aula é uma continuidade da realidade social.
“A escola como instituição está inserida em um contexto social mais amplo e só
pode ser entendida se considerada como parte integrante desse contexto”
(Pereira, P.120).
O
Próximo ponto abordado é o meio familiar, muitas vezes retratadas como “ideal”,
“perfeitas” e “felizes”, sem nenhum tipo de conflito, junto com essa visão de
família idealizada, está a constituição “idealizada”, trazendo consigo uma
visão totalmente conservadora, geralmente constituídas por pai, mãe, filho e
filha, raramente por apenas um filho, e nunca mais de 3, aparecendo como
coadjuvantes os avós e alguns animais de estimação, nunca se fez menção a uma
família diferente desse modelo, como pais divorciados, pessoas que vivem juntas
sem serem casadas na igreja, pessoas casadas que sejam do mesmo sexo, etc.
Dando
continuidade aos tópicos, o próximo está no meio do esporte e do lazer, que
novamente vemos a mesma situação do quadro anterior, limitando a representação
de gênero, mostrando esportes seletos, considerados “radicais”, sendo praticados
exclusivamente por homens, enquanto não há nenhum esporte que seja mostrado
como sendo exclusivo de mulheres, o mesmo ocorre com as atividades de lazer,
mostrando na maioria da vezes um homem correndo ao ar livre por exemplo,
enquanto a aparição da mulher geralmente está associada a trabalhos domésticos.
Por
último, temos a abordagem das relações amorosas e afetivas, o autor aponta que
como no caso da família, as relações afetivas também são representadas de
maneira idealizada e surreal, mostrando muitas vezes casais apaixonados, mas em
que todas as representações, colocam o homem como sendo quem exerce o papel de
tomar iniciativas e a mulher sempre se “preservando”.
Para
finalizar, podemos notar e concluir que os livros didáticos são de fato um instrumento
de extrema importância em sala de aula, e que ajuda na construção social e
ideológica dos alunos, procurando muitas vezes apresentar diversos pontos,
sempre com ideologias diversificadas, mas quando se trata de gênero, podemos
notar que a produção do material ainda “peca” e muito, trazendo material de
cunho sexista e “idealista”, digo “peca” pois vale ressaltar que a criança ou
pré-adolescente vendo esse material em um livro didático o tomará como “certo”,
afinal ele “aprendeu” na escola que deve ser assim, então isso precisa de um
pouco mais de atenção, afinal estamos tratando da construção social e crítica
de pessoas, as quais não queremos que futuramente repitam os mesmos
preconceitos que ainda enfrentamos na sociedade atual.
Roberta Aparecida Diadio
No
ensino de línguas, adotamos e escrevemos (ou até mesmo podemos dizer “criamos”)
materiais didáticos ou – como adotado neste livro – materialidade, ou melhor
dizendo, não necessariamente é escrevendo que se faz material, mas como também,
através de diálogos em salas de aula. O que muito tentamos deixar de lado são
os materiais exaustivos, aqueles que não se encaixam no século XXI, pois o
jeito como se ensina hoje neste mundo contemporâneo e repleto de grandes
evoluções, com tamanha globalidade, é muito diferente de como se era ensinado
em alguns anos atrás. Não são mais correspondidos aqueles materiais que dão a
resposta para tudo e possuam facilidade demais tanto nas explicações quanto nos
exercícios propostos isso não faz mais parte do professor atual.
No
primeiro capítulo do livro Materiais didáticos para o ensino de língua
estrangeira, é totalmente dedicado às intocáveis facetas do material didático
sobre sua produção e seu uso, como é dado no ensino de línguas, tendo em vista
o comprometimento do autor com o que constitui a natureza do que está
codificado nesses materiais de apoio ao ensino; pois, tem todo um porquê da
produção de um material e aqui focamos no sucesso em mediar o ensino de
línguas.
Os
materiais preveem as experiências de ensino e de aprendizagem que professor(a)
e alunos(as) vão viver em algum momento. Não podemos ter em mente de que eles
são meros instrumentos para o ensino e sim, são eles que ajudam na
transformação das ações ensinadoras, tornando-as melhores.
Quando
preparamos ou escolhemos um material pode ocorrer de confundirmos com as demais
fases da operação maior de ensinar e aprender línguas. Por exemplo, pensaríamos
que um material pode ser a primeira parte da aula ou a segunda parte do
planejamento, assim, estaríamos acreditando somente no material, quando na
verdade é o método que desempenha esse papel. Porém, em grande parte das vezes
que essa confusão acontece, não é por denominarmos materiais aquilo que são
métodos, mas ao contrário, por denominarmos métodos aquilo que são materiais.
O
plano de ensino inicia a corrente com objetivos e unidades de ensino definidas
grosso modo, visto que, tendo eles definidos (objetivos e as unidades de
ensino) dão-nos pista e caminhos para construção de um material rico em ideias,
em imagens, textos orais e escritos. É
comentado que o termo ‘compositor de materiais’ é pertinente por apontar que
compor é sistematizar ou identificar um desempenho futuro, mesmo que esse
futuro seja o acontecimento seguinte. Todavia, isto também quer dizer que uma
autoria só seria completa se fosse executado a interpretação da obra composta
em partitura para ser traduzida em atividades, pois, acreditamos que quando se
coloca em prática é que surgem os efeitos.
Também,
no primeiro capítulo é comentado que o uso da palavra “ensinar” é justamente no
infinitivo para demonstrar que ela está em constante movimento, e também, é
perceptível que é quando se põe em prática que se desenvolve maiores
habilidades. Em relação ao método, podemos entender que ele é a manifestação
concreta dos materiais, aqueles que são portadores de instruções feitos por
compositores didáticos ou autores (produtores de materiais). Sendo assim, a
elaboração de obras didáticas é uma resposta um tanto criativa do planejamento
e compor pode ser empregado por não somente o professor ou professora, mas
também por qualquer outra pessoa.
O
interessante é que produtores de materiais possuam uma especialização
aprofundadora da capacidade reflexiva e do conhecimento teórico relevante sobre
os processos de aquisição e ensino de idiomas. Não acreditamos que isso
acontece tanto por um currículo rico e que esteja transbordando de diplomas,
seja pós, mestrado, doutorado, enfim, mas pela capacidade de “ser o indivíduo
transformador”, pois, às vezes, não adianta ter tantos títulos se não tem a
capacidade e vontade de dar uma boa aula.
Todo
material didático (MD, ou MDs para materiais didáticos) possui uma concepção de
língua, de ensinar, aprender, adquirir uma nova língua. Sua abordagem se revela
nas escolhas e nas resoluções em que seus autores realizam a construção do
material, e também, nas instituições indicadoras. Essa abordagem entra em
tensão com as de professores e aprendizes que vão utilizar o MD. Para
constituí-la cooperam alguns fatores, tais como, a tradição – podemos entender
como tradição tudo o que está relacionado à prática em sala de aula ao longo
dos anos – de fazer livros didáticos (LDs, ou LD no singular) com um emaranhado
de conteúdos e atividades estritamente selecionados, afinal, acreditamos que
muitos professores ainda se penduram somente naquilo que é dito nos LDs, então,
é preciso muita cautela ao selecionar o conteúdo.
Geralmente
os melhores materiais são aqueles que foram feitos por pessoas experientes em
fazer mudanças, independentemente da idade ou prática escolar, ou mesmo – como
já foi dito – pela quantidade de certificados. Claro que a experiência
vivenciada longos anos em diferentes ambientes escolares conta muito, mas aqui
não é visto como fator primordial. A explicação de poruqe o LD é como é tem de
ser buscada no conjunto de fatores expostos e não apenas nas declarações dos
autores ou editores.
Na
questão que diz respeito à avaliação e produção de materiais, sempre se faz
devido ou à tradição da época ou pelos preceitos teóricos que são impostos em
determinada época. Cada quesito de um MD pressupõe uma informação, ou melhor
dizendo, há todo um conhecimento teórico que lhe sustenta. Como por exemplo, se
acontecer de nos perguntarmos se há no LD atividades que estejam
contextualizadas, provocando o uso, ou seja, a prática dos aprendizes, isto é
um fator primordial, para concluirmos nossas expectativas sobre a qualidade de
um MD. Bons indicadores de qualidade são as ações personalizadas e criativas
que despertem o interesse do aluno desde cedo.
Mas
além de tudo isso que aqui já indagamos, é preciso sempre estar atento com a
abordagem do MD para que ela esteja sempre presente em sala de aula e que,
descobrir as diferentes formas de trabalhar em turma é um jeito de se obter
sucesso com os alunos.
Os conteúdos dos LDs são as matérias
tratadas individualmente nas unidades dos livros. Devido à tradição que existe
conforme a Abordagem Gramatical (AG), aqueles conteúdos que temos como
principais são os grandes pontos para a elaboração de um MD, funcionam como as
raízes de uma árvore, sendo a base para a construção/elaboração de um material,
o autor chama de pontos gramaticais. Uma preocupação com o vocabulário segue
esses pontos. Analisando por um ponto de vista comunicativo, o conteúdo terá
componentes primários como temas e seus derivados. Podemos reconhecer a AG como
variante do macro tipo seja ele comunicacional ou gramatical.
Já
no segundo capítulo, alguns autores propuseram procedimentos de princípios para
o desenvolvimento de MDs de aprendizagem de línguas. Há uma falha, ou melhor
dizendo, há inúmeras faltas de propostas específicas para princípios de
consciência crítica para desenvolvedores de materiais a considerar ao avaliar,
adaptar e conceber os materiais. O objetivo deste capítulo é propor tais
princípios para desenvolvedores de materiais e professores para pensar, e também
de se adaptar para seus próprios propósitos.
Tem sido foco
principal, pela literatura, a efetividade no desenrolar da produção de
materiais, instituindo novos princípios e critérios para uma melhora nas suas
avaliações e produzindo fundamentos para a apropriação desses MDs, deixando de
lado propostas específicas tais como princípios de críticas culturais e
princípios de consciência crítica para que seus desenvolvedores considerem
quando avaliando, adaptando ou criando-os.
Podemos
entender os termos “cultura e críticas culturais”, antropologicamente, como todas
as conquistas artísticas de uma civilização geral de um devido país ou pessoa,
ou como também do viés sociológico, como sendo a forma de viver de um
determinado grupo de pessoas ligadas de alguma forma. Ela é complexa se
pensarmos em um modo específico, mas podemos usá-la para relacionarmos o
requinte intelectual do indivíduo. Já na questão crítica cultural, podemos
analisar que é uma explosão de informações sobre as características da cultura
seja individual ou coletiva. É importante também, ressaltarmos que a cultura de
um povo ou país pode ser distribuída para outros lugares se há outros contextos
em volta, como no caso da Língua Inglesa, que atualmente está no auge da
proliferação devido à globalização, sendo utilizada por diversas pessoas de
diversas culturas.
Em
estudos recentes sobre a cultura foi relacionada aos efeitos da globalização no
conteúdo e metodologia no ensino de língua inglesa, podendo ter como conclusão
que a cultura no aprendizado, não atingiu o impacto esperado no ensino de
língua inglesa na China por causa do conflito entre a cultura de aprendizagem
norte-americana, com o ensino chinês tradicional.
Bao
(2006) explica que estereotipar é um ato humana comum e natural e é um modo de
copiar a cultura do outro. Ele por sua vez, apresentou um exemplo em uma aula
de inglês, mostrando aos seus alunos figuras de 3 homens; o primeiro um jovem
caucasiano, o segundo um idoso caucasiano barbado, e o terceiro um negro, jovem
e bem vestido. Pediu então para seus alunos apontarem quem seria o vilão na
história e a grande maioria escolheu o homem negro. Quando perguntados o porquê,
nenhum sabia dizer com clareza o que motivou a escolherem o terceiro,
comentaram que poderia ser porque na maioria dos filmes é este sujeito que
desempenha o papel de vilão.
Os
MDs deveriam ajudar os alunos em: aprender através de experiências
interculturalmente; através do entendimento consciente nas experiências que
eles tiveram; descobrir e tomar ciência em suas atitudes e senso de valores que
leva seus comportamentos na sua própria cultura e de outros; tornar-se mais
tolerante e ambíguo; ter acesso a situações e reconhecer várias possibilidades
de interpretações sem pular para conclusões elevadas ou cair em estereótipos; tornar-se
capaz de acessar conflitos potenciais e atuais, analisando-os e identificando
opções; desenvolver a habilidade de usar a língua apropriadamente efetivamente
em uma variedade de contextos culturais.
No terceiro capítulo a
autora Gottheim nos mostra temas elaborados por ela mesma, durante sua formação
docente, objetivada à motivar a aplicação de seus resultados em cursos de
português como L2 (ou segunda língua) mesmo que embora pressupostos de
abordagem comunicacional sejam bem aceitos, a aplicação desses pressupostos
necessitam contínua reflexão e análise crítica.
Gottheim
afirma que esse período era fortemente marcado por interesse em pesquisas que
procurassem entender o funcionamento de uma abordagem comunicacional em sala de
aula com o foco na interação, muitas dessas pesquisas tiveram como resultado de
que conhecer pressupostos ou princípios comunicativos não era garantia de os
professores conseguirem realizar um ensino com essa abordagem na prática
docente.
O
termo “concepção” de produção de MDs, faz referência à representação do
processo de ensino na mente de um autor que o produz, acabando por se
materializar na composição de materiais por ele produzido. A produção de
materiais para o ensino-aprendizagem é a base codificada da experiência de
ensinar e aprender que autores desejam que ocorra. A autora Gottheim recomenda
a utilização da metodologia da pesquisa-ação, a qual afirma que a pesquisa-ação
é um processo de reflexão estruturada, a qual envolve o processo de coleta de
dados, análise e interpretação desses dados.
No
quarto capítulo do livro que aqui resenhamos, é possível ver a preocupação em
tratar o assunto em que o livro didático de inglês não é só um mero instrumento
de ensino e aprendizagem, mas são também artefatos de reflexão e construção
cultural, assim como os jornais, revistas, filmes, dentre outros, e assim como
esses outros meios, o LD de língua inglesa não pode separar-se do contexto
cultural ao qual eles estão baseando-se em que todo conhecimento é socialmente
construído, devido a isso, apoiam também o usam de mídias em sala de aula por
trazer uma aproximação cultural mais abrangente.
Logo
em seguida, nos é apresentado o módulo “Move
Intermediate”, o qual eles se referem como sendo um LD de “personalização” e
que é possível olhar de diversas formas e pontos de vista para seu significado,
permitindo assim diferentes interpretações, a qual eles a separam entre
“respostas pessoais individuais” e “contribuições personalizadas
individualizadas”, a qual envolve os alunos fazerem escolhas sobre o que eles
falam ou escrevem sobre, e como eles fazem isso, e isso é muito significativo
porque permite ao aluno no encontro com sua própria identidade, lembrando que
experiências cotidianas influenciam muito em sua formação.
O autor explica que
como professores de inglês, nós necessitamos ser conscientemente críticos em
como os LDs constroem ou transformam a visão de mundo dos alunos e os fazem
focar em aspectos da realidade de maneira particular. Aponta também que,
podemos nos guiar por um ponto chamado “Pedagogia Crítica”, essa que por sua
vez acredita que os professores de língua inglesa entendem que sua
responsabilidade não é apenas ajudar os alunos a aprender inglês, mas também
desenvolver a habilidade necessária para desconstruir versões dominantes da
realidade, tendo assim como propósito fornecer aos alunos e professores ferramentas que os permitam ver os textos,
incorporando tanto representações particulares do mundo social e natural, e
também interesses e ambições particulares, ajudando-os a entender melhor eles
mesmos e o mundo ao seu redor.
O interesse em
pesquisar LDs vem da abordagem de que nos tempos atuais, o ato de ensinar e o
letramento estão extremamente ligados à noção da evolução da capacidade
intelectual, mesmo que esse hábito da leitura e essa relação entre ser uma
pessoa “culta” ou com maior intelecto, não leva em consideração ao que sê lê e
o como se lê, o que nos leva a ter dificuldades em refletir sobre os reais efeitos
que a leitura causa na sociedade.
Os livros juntamente
com a metodologia usada pelo professor ou pedagogo, não contribuem tão somente
para facilitar os meios de aprendizagem, mas também, de modo a construir uma
consciência crítica ou desenvolvê-la nos indivíduos; não é só os alunos que
aprendem com o educador, seu professor, mas também, há uma troca de informações
que enriquece o trabalho daquele que está ensinando.
Em diversos livros
didáticos, podemos notar várias referências de caráter visivelmente sexista e
discriminatório em relação às minorias qualitativas da sociedade. Em seguida
são abordados vários meios onde a questão de gênero está presente e pode ser
altamente influenciável, começando pela sala de aula. A educação pode ser
considerada como um dos meios mais eficientes no processo de construção de
identidade de gênero, pois molda o sujeito conforme as normas sociais vigentes,
abrangendo discussões e conteúdos sobre a questão de gênero, afinal a sala de
aula é uma continuidade da realidade social.
Um fator bastante
contribuinte ou que possa ser o causador dos problemas encontrados pelo
professor no aluno, é a questão familiar. Diferente daquilo que vemos em filmes
– “a família perfeita”, “ideal”, aquela que se faz presente em todos os dias da
vida do aluno quanto estudante ou simplesmente uma criança – está a família da
realidade, aquela que enfrenta os desafios diários de tentar não deixar faltar
o “pão”, com dívidas, problemas, aluguel, gás, água, luz, doenças e isso sem
contar com as famílias que têm dependentes químicos no meio. Isso tudo
contribui positivamente ou negativamente na vida do aluno, e é impossível você
mudar essa realidade. Por isso é preciso que o professor procure saber mediar a
vida de cada um, entendendo seus problemas e ajudando sempre que possível.
O próximo ponto a
considerarmos é encontrado no esporte e no lazer, limitando a representação de
gênero, porque para ser para todos, não pode ser radical demais, por exemplo,
pois meninas normalmente não puxam para esse lado. O mesmo ocorre com as
atividades de lazer, que na maioria das vezes mostra a mulher no serviço
doméstico, quando o homem está sentado assistindo a uma partida de futebol, na
maior mordomia.
E por último, não menos
importante, é a abordagem das relações amorosas e afetivas, o autor aponta que
como no caso da família, as relações afetivas também são representadas de
maneira idealizada e surreal, mostrando muitas vezes casais apaixonados, mas em
que todas as representações, colocam o homem como sendo quem exerce o papel de
tomar iniciativas e a mulher sempre se “preservando”.
Podemos concluir que os
LDs são instrumentos de extrema importância em sala de aula e fora dela, caso
os alunos tenham a liberdade de leva-los para casa, e que esses livros ajudam
na construção social e ideológica dos alunos, que através de metodologia melhor
executada mostre suas ideologias diversificadas. Apesar de tudo, ao tratar o
gênero, podemos notar que a produção do MD ainda erra ao trazer material de
cunho sexista e idealista, pois provavelmente o estudante por ser imaturo não
reconheça que isso não precisa ser tomado como fator primordial. Isso deve ser
trabalhado com mais atenção e foco, afinal, tratamos da construção social e
crítica de pessoas, para a evolução do cidadão nos dias atuais.
Tobias Miguel
Na obra estudada, os
autores nos trazem vários estudos realizados com o foco no ensino de língua
estrangeira, e também análises sobre os materiais didáticos que são utilizados
como auxilio no momento de ensino. A área de ensino e aprendizagem de idiomas é
um campo de estudo que exige, dos envolvidos nela, uma constante atualização
para a sua melhora, e também que tenha participação ativa e crítica nos
processos de criação e análise dos assuntos que a constroem.
No
primeiro capítulo, ao autor “propõe uma reflexão acerca do processo de produção
e uso do material didático” (p.09). No capítulo seguinte os autores “apresentam
uma importante discussão sobre os princípios e critérios para a produção e
análise de materiais didáticos para o ensino de línguas” (p.09). No terceiro
capítulo a autora “apresenta uma interessante reflexão acerca do processo de
criação de um material didático para o ensino de português como língua
estrangeira” (p.09). O quarto capítulo o autor “desenvolve o argumento de que,
além de servir como instrumento de ensino e aprendizagem a professores e
aprendizes, o material didático é um agente cultural que contribui para a
formação dos sujeitos” (p.10). No último capítulo resenhado aqui, a autora
“trata de aspectos culturais e discursivos de matérias didáticos. Ao discutir
as formas de representação de gênero nesses materiais” (p.10).
Capítulo 1
Codificar conteúdos, processo, e
reflexão formadora no material didático para o ensino e aprendizagem de
línguas.
José Carlos Paes de Almeida Filho
Neste
capítulo inicialmente o autor fala, metaforicamente, que o ensino equivale a
escrever e interpretar uma partitura, ele destaca fatos de que os livros
didáticos trazem métodos, atividades, conteúdos idealizados e a aula sendo
totalmente prevista, premeditada, sendo os livros completos, todavia a sua
crítica é exatamente de que o professor e o aprendiz no momento de ensino e
aprendizagem não são idealizados e o instante em que está acontecendo,
interfere no estudo da língua. Ele compreende que para a concretização positiva
de ensino de línguas “é o de materiais incompletos como se fossem planos
incompletos aguardando uma finalização de professores e suas turmas nos
contextos reais em que estiverem imersos.” (p.15).
O
autor expõe sua visão de que o método para que seja posto em prática e venha a
obter resultados positivos, poderia em certos momentos ser criado pelo
professor o qual irá aplica-lo, pois o mesmo conhece seu contexto em que irá ensinar
a língua e também conhece seus aprendizes, ele ainda comenta que a utilização
de obras didáticas feitas por autores têm também sua importância e seus pontos
positivos para o ensino.
Na
sua análise, são apresentados outros pesquisadores que analisam o livro
didático, e traz quesitos para se identificar o bom livro para ensino e
aprendizagem da língua estrangeira, sendo algumas delas, “atividades
contextualizadas que forneçam muita prática em usos prováveis da L-alvo”;
“atividades para trabalho em grupo e interação comunicativa entre os alunos”
(p.22). Um dos pesquisados por ele apresentados é Ommagio que diz que se o
livro didático contiver “atividades contextualizadas que provoquem muita
prática de usos prováveis, está pressupondo que atividade contextualizada é um
critério para se examinar a qualidade de um material de ensino” (p.23).
Ainda
apresentado no capítulo pelo autor, é destacada a tradicionalidade dos
conteúdos nos livros didáticos, que são os pontos gramaticais, esses seguidos
pelas aulas, e também demonstra a questão da interação, da perspectiva
comunicacional que presente em sala de aula, virá a colaborar com os pontos
acima citados, sendo as realizações dos focos nos materiais didáticos, que se
bem executados trarão ensinos concretos da língua estrangeira estudada.
E
em suas considerações finais, o autor conclui que “materiais didáticos são uma
materialidade de especial importância para a profissão de ensinadores de língua
para seus alunos adquirentes” (p.27). E como a metáfora que ele iniciou o
capítulo dizendo sobre as partituras, ele diz que elas podem sofrer variações,
pelo mesmo motivo das critica feitas às aulas idealizadas, pois os alunos têm
suas histórias de vida e cultura. E creio que vale ressaltar, que ele não
descarta a importância do material didático, mas faz críticas para a melhora do
sistema de ensino e concordo plenamente ao fato de ele dizer que tanto para a
criação de métodos, matérias, quanto para a execução deles e de metodologias no
ensino de línguas, o professor deve estar em constante atualização e
aprendizagem para compreender melhor o seu contexto e saber usufruir desses
conhecimentos com seus discentes.
Capítulo 2
Materials
development for language learning: principles of cultural and critical
awareness
Brian
Tomlinson
Hitomi
Masuhara
Os autores trazem um
estudo pensando na formação da consciência cultural dos aprendizes da língua
estrangeira, tratando-se de que ao estudar uma língua precisasse estudar sobre
a cultura da mesma, para que o entendimento dessa seja eficaz e claro ao
estudante. No entanto Tomlinson e Masuhara mostram o contraste que eles
entendem em “conhecimento cultural” e “consciência cultural”, sendo por eles
entendia como
Cultural knowledge as ‘information about the
characteristics of our and other people’s culture’, which tends to be
externally given, static and often simplified. (…) Cultural awareness, on the
other hand, is defined as ‘perceptions of our own and other peoples cultures. (p.31)
Ao
falar sobre o estudo da língua inglesa, eles citam de que o inglês é uma língua
franca de comunicação e milhões de pessoas são usuários dela com diferentes
culturas, interações, entre outros fatores. Nesse sentido os autores expõem que
o efeito da globalização influencia no conteúdo e na metodologia em que a
língua inglesa é ensinada, pois as expectativas, valores, atitudes e conhecimentos
são diferentes em cada cultura onde os aprendizes estão estudando-a. Apresentam
seus pensamentos de que os materiais e métodos deveriam ser desenvolvidos
pensando na cultura, no contexto especifico em que ele está sendo ensinado, adquirido.
Neste
capítulo, os autores escrevem sobre trabalhar com alunos assuntos que estejam
no seu cotidiano e também os que eles desejam aprender, todavia também expõem
que os professores trabalhem assuntos vistos como críticos para que desenvolvam
nos alunos a sua consciência critica, e que o aluno também aprenda sobre
diferentes culturas, contextos e realidades em que os mesmos assuntos são
vivenciados, para que eles desenvolvam e aumentem o seu pensamento critico,
pois os materiais e as aulas devem fazer com que “learners are encouraged to be critical and that their views are
valued.” (p.44).
São
apresentados alguns princípios da consciência crítica que creio que sejam
validos e deveriam ser levados em consideração no momento da criação e, ou
escolha dos materiais para o ensino de língua estrangeira, sendo alguns deles
como “1. Reflect the real world that
the learners live in; 3. Expose the learners to differing views and values.” (p.46),
entre outros que estão presentes no capítulo.
Em
sua conclusão, os autores novamente expõem suas opiniões ao fato de o material
ajudar os aprendizes a desenvolver sua consciência crítica, e entendo também, a
desenvolver seus pensamentos a respeito dos diferentes contextos em que a
própria língua inglesa é utilizada, estudada e vivenciada.
Capítulo 3
A gênese de um material didático
para o ensino de língua
Liliana Gottheim
Sobre o capítulo três,
a autora inicia falando sobre onde se desenvolveram os estudos sobre tal tema,
sendo em sua dissertação de mestrado, e tese de doutorado, com foco em
materiais para o ensino de língua portuguesa como língua estrangeira,
realizando suas pesquisas na Unicamp, no Brasil, e por um período de tempo de
cinco meses na Leeds Metropolitan University, na Inglaterra.
A elaboração do seu
estudo procurou, sobretudo, “selecionar textos e decidir ações que facilitassem
a aprendizagem da língua”. (p.56), a autora fala sobre os materiais didáticos,
que esses sendo utilizados, melhoram o desenvolvimento de um ensino
aprendizagem, somando as experiências e atitudes que são desenvolvidas pelos
sujeitos, usuários da língua no momento para concretizar esse aprendizado.
O estudo foi pausado em
duas etapas, sendo o objetivo, na primeira etapa, identificar os conhecimentos
dos docentes sobre a língua, sendo eles mínimos, formais ou informais, e
através de muitas leituras e pesquisas, passaram a reexaminar os estudos deles
na área em que estavam a da linguística aplicada ao ensino de língua
estrangeira. Na segunda etapa embasou-se em efetivar os objetivos do inicio do
estudo, para a explicação das concepções de produção dos estudantes da língua
portuguesa, chegando a resultados em que perceberam a necessidade de reformular
materiais para o ensino, redefinir alguns objetivos pretendidos, sendo alguns
deles
·
Despertar
curiosidade para conhecimentos de culturas do Brasil e de outras culturas
·
Desenvolver
a língua portuguesa na comunicação (percepção da língua, conhecimento de
estruturas, fluência).
·
Desenvolver
responsabilidade e maior autonomia para aprender uma segunda língua pelo
estímulo de uma participação ativa na aprendizagem. (p.72).
Um
ponto de grande importância apresentado pela autora, é a interação. Ela cita
outros autores que entendem que o processo de aprendizagem de uma língua, se
realiza na interação entre professor e aluno e também, com os textos, materiais
e atividades, que são por todos utilizadas no momento do ensino aprendizagem.
Ainda sobre o tema ela cita que os produtores de materiais deveriam pensar e se
preocupar mais com o ato da interação que esse material fará acontecer, do que
na prévia dos conteúdos, e como já fora mencionado em capítulo anterior na
idealização de uma aula, pois o contexto e o ato da interação irão direcionar a
produtividade da aprendizagem da língua estudada, muito mais pela forma em que
está sendo exposta do que com o conteúdo em que está sendo apresentada.
Em
suas considerações finais, Gottheim ainda fala sobre o que sempre é dito a
respeito da profissão do professor, que esse se sente, algumas vezes, desafiado
ao tentar unir a teoria com a prática, e ela também fala sobre a questão do
professor sendo um eterno aprendiz, que isso exige dele um esforço grande, todavia,
com grandes resultados na sua ação docente.
Capítulo 4
Challenging
constructions of the world and the individual in the english language textbook
John Kullman
Quando
falamos sobre a lingua inglesa, geralmente, vem à cabeça os Estados Unidos da América
ou a Inglaterra, pois bem, são esses os países que mais importam materiais para
o ensino do inglês em todo o mundo. Ao pensarmos assim, os autores expõem a
questão do inglês sendo global, todavia em cada contexto em que ele é utilizado
no ensino aprendizagem, entendendo contexto como país, haverão de aparecer
peculiaridades e diferenças culturais se comparadas com os primeiros países, já
citados anteriormente, pois cada um tem sua cultura e em cada contexto, haverá
diferentes professores, alunos, enfim estudantes da mesma língua, propiciando
assim divergentes maneiras em que esse estudo acontecerá.
São
apresentadas neste capítulo, as falas dos autores sobre o inglês global
presente no material didático, que muitas vezes pode estar bem distante da
realidade dos aprendizes do idioma em seus países, pois os textos, as
atividades, os assuntos abordados no material didático, podem existir em ambos
países, todavia, a forma que são na realidade em cada um, podem interferir no
ensino aprendizagem da língua, entendendo como exemplo citado um livro sendo
utilizado na Inglaterra e o mesmo sendo utilizado em Uganda, com o mesmo
intuito de aprendizado da língua inglesa.
Um
termo citado é o da “pedagogia crítica”, que como é apresentado, seria o fato
de o professor não ver como sua responsabilidade apenas o ensinar a língua, mas
também fazer com que o aprendiz desenvolva seu pensamento crítico, e suas
interpretações a respeito das representações presentes em contextos de
aprendizagens.
Os autores nos mostram pensamentos que os
alunos trazem consigo, construções por eles formadas, sendo essas individuais
ou coletivas, que isso pode contribuir no momento de ensino aprendizagem, nas interações,
nos assuntos abordados, nos momentos de escrita, todos sendo pensados no
desenvolvimento da língua estudada, pois é falado sobre uma “neutralidade
cultural” que como já fora dito, muitos materiais didáticos são idealizados em
alunos e aulas, e pensados na cultura em que ele está sendo produzido, deixando
assim a desejar melhores aproveitamentos em diferentes contextos, culturas e
momentos em que ele será utilizado para o aprendizado.
Capítulo
5
Representações de gênero em livros didáticos de língua
estrangeira: discursos gendrados e suas implicações para o ensino
Ariovaldo Lopes Pereira
Creio
que para o início do estudo sobre o capítulo, a explicação sobre o termo
gendrado no título, seja de grande importância. Como cita Pereira, o termo
“gendrado” é uma livre tradução do inglês gendered,
que se refere ao gênero como categoria social, e ele ainda cita que o termo
pode também aparecer como “generífico”, embora ambos não estejam no dicionário
de língua portuguesa eles são adotados por autores e autoras brasileiros.
O
objetivo para a realização do estudo foi
Analisar
representações de gênero (gender) em
livros didáticos para o ensino de língua estrangeira – inglês – produzidos no
Brasil; identificar os discursos gendrados expressos por essas representações;
perceber seus reflexos no cotidiano da sala de aula, em discursos de alunos e
professores; e estabelecer relações entre esses discursos e outros que circulam
na sociedade brasileira (p.114).
O autor ressalta que “gênero
constitui-se em um construto social e cultural do que é ser homem e ser mulher,
podendo esse conceito ser diferente em diferentes culturas e sociedades”
(p.114). Ele cita que o foco de seu
estudo foi em analisar a metodologia e as formas de interação e aprendizagem
presentes na sala de aula, vendo a escola como um lugar para formar e, ou
desenvolver opiniões e pessoas críticas, de ir além de simplesmente aprender
uma nova língua.
As representações, discursos
apresentados em sala pelos aprendizes e pelo docente, são entendidas como
relações que acontecem na sociedade e são refletidas no ambiente escolar. O
autor comenta que não aparecem nos materiais didáticos, as mudanças que
acontecem no mundo, pensando na questão de igualdade de gênero.
No estudo realizado, foram levantadas
quatro áreas presentes nos livros didáticos com referência aos gêneros, sendo
elas: família, trabalho, esporte e lazer e relações afetivas. São elencados
alguns discursos encontrados nos materiais didáticos analisados, como por
exemplo: de resistência; ‘politicamente correto’; socialmente preconceituoso,
entre outros. Ainda o autor fala que tais temas são vistos como polêmicos e por
isso muitas vezes, não são pensados e nem trabalhados.
Em suas considerações finais,
Pereira diz que em seu estudo encontraram vários discursos, e em apenas um
volume de material didático foi identificado textos em diferentes categorias,
pois a predominância de discursos nos livros foram entendidos como conservadores
e sexistas. Concordo com a fala do autor sobre a escola ser o lugar de formação
de conceitos e valores, quais, talvez, sejam criados apenas na instituição e
mais influentes do que na família, e esses processos acompanharão os
aprendizes, para outras esferas além da aprendizagem de línguas.
Vanderléia Tadra
1° capítulo
Codificar
conteúdos, processo, e reflexão formadora no material didático para o ensino e
aprendizagem de línguas
No
primeiro capítulo, o autor José Carlos Paes de Almeida Filho, sugere uma
reflexão sobre como devemos utilizar o material didático. O referido autor faz
uma comparação a esse tipo de material a uma partitura musical, alegando que todo
material implica ou traz de forma mais clara a concepção filosófica, teórica e
didático-metodológica de quem o produziu, o que leva a reflexão de seu uso em
ambientes de ensino e aprendizagem.
Assim
sendo, o autor mencionado acima traz em voga alguns componentes trabalhados
como fundamentais na elaboração dos materiais didáticos, sendo, portanto, os
conteúdos que os alunos vão experienciar; o processo de poder vivenciar o
contato com a nova língua e com as suas devidas instruções
e por fim a explicitação de ações reflexivas com o intuito de avigorar a
formação dos professores e dos aprendizes.
Em
seguida, o referido autor relata que uma das quatro materialidades direcionadas
ao ensino de línguas: “é “escrever materiais” ou ‘adotar’ materiais prontos
para o ensino” (p. 14), em que este “escrever materiais” também pode ser dito
oralmente e trabalhado em sala de aula, sendo fundamental na língua alvo,
possibilitando aos aprendizes o desenvolvimento da competência comunicativa.
Um
dos fatores importantes para o referido autor é saber usar o material didático
em sala de aula, saber o seu momento certo e o seu contexto de uso. Desta
forma, O autor finaliza relatando de que os materiais didáticos são de suma
importância para os educadores de línguas e seus aprendizes e de que elaborar
materiais não é apenas fundamental mas sim vital para outros materiais e para o
ensino e aprendizagem de qualquer língua.
2° capítulo
Desenvolvimento de materiais para a
aprendizagem de línguas: princípios de consciência cultural e crítica
Já
no segundo capítulo é discutido pelos autores Brian Tomlinson e Hitomi Masuhara
os princípios e critérios para produzir e analisar os materiais didáticos no
ensino de línguas. Desta forma, é feita uma abordagem dos princípios culturais e
críticos que necessariamente fundamentam o modo como esses materiais didáticos
são utilizados pelos professores e aprendizes, os quais podem colaborar e
contribuir para o ensino e aprendizagem, além de contribuir para a maneira de
como a língua vem a ser utilizada. Os educadores devem ter esta tarefa de
ensinar e fazer com que os aprendizes façam o uso da língua em sala de aula.
Na ultima década, a literatura na
produção de materiais didáticos focou na efetividade durante o desenvolvimento
de materiais, sucedendo princípios e critérios para a avaliação de materiais e
desenvolvendo critérios para suas devidas adaptações, bem como os autores
Harwood, Ellis e Tomlinson sugeriram para a produção de materiais didáticos de
línguas, todavia, deixando de lado propostas especificas assim como os princípios de criticas culturais e de
consciência crítica.
A definição de crítica cultural é a
Informação acerca das características de nossa própria cultura ou ainda da
cultura de outras pessoas. Os referidos autores desse texto compreendem por
cultura e críticas culturais do ponto de vista da antropologia, levando em consideração
todas as conquistas artísticas e civilização geral sociológica, respeitando
seus valores, atitudes, atividades e circunstancias comuns, na maior parte a
cultura pode ser utilizada para relacionar o refinamento intelectual de uma
pessoa, a cultura tende a ser algo
complexo, seguido de sua interatividade e sua variável. A cultura também envolve a globalização, assim
como ocorre com a língua inglesa, sendo um idioma globalizado.
Segundo
Cortazzi e Jin (1996), afirmam, portanto que a cultura na aprendizagem da
língua inglesa na China, não causou o efeito esperado, pelo fato do ensino
norte-americano entrar em conflito com o ensino da China, sendo que os chineses
adotavam um ensino tradicionalista.
Seguindo esta mesma linha de
pensamento o autor Pham (2007) descreve os problemas relacionados ao ensino no
Vietnã e propõe alguns fatores como o aumento de salas de aulas, o requerimento
para treinamento dos educadores, entre outros, estes seriam alguns dos desafios
que a escola deveria adotar. Já Tomlinson (2001) em seus argumentos acerca da
critica cultural, envolve o desenvolvimento do senso de igualdade nas culturas
e o entendimento de sua própria cultura e a cultura de outras pessoas,
desenvolvendo desta forma os interesses
positivos em como elas se conectam e se diferem, tal crítica pode aumentar a
tolerância e facilitar a comunicação internacional.
Em
relação aos materiais didáticos, os referidos autores desse capítulo concluem
dizendo que estes materiais têm o dever de auxiliar os estudantes, de forma com
que venham a desenvolver sua aprendizagem por meio de experiências, e levar
estes alunos a compreenderem conscientemente acerca das experiências que tiveram,
tentar ainda possibilitar a esses aprendizes a terem consciência de suas
atitudes e a terem um senso de valores, levando em conta seus devidos
comportamentos culturais e o de outras pessoas, possibilitar o desenvolvimento
da habilidade dos alunos em utilizar a língua adequadamente em diversos contextos
de uso culturais.
3° capítulo
A gênese de um material didático
para o ensino de língua
Neste
capítulo, a autora Liliana Gottheim apresenta uma importante reflexão sobre o
desenvolvimento de criação de um material didático para o ensino de língua
portuguesa como língua estrangeira. A
referida autora busca se conduzir nas variadas concepções que acarretam na
elaboração de um material didático que se encaixe nos princípios de
pressupostos comunicacionais, sendo que essa elaboração significou, acima de
tudo, selecionar textos e determinar o que será feito para que facilite o
aprendizado da língua, além de trazer indagações acerca da concepção de
metodologia e procurar respostas para novas questões acerca dos pressupostos
comunicacionais.
O
autor Almeida Filho (2011ª, p.13), nos relata de que para formar professores
que tragam inovações ao ensino “é preciso um trabalho reflexivo e crítico em
torno da teoria e das ações em sala de aula” (apud GOTTHEIM, 2007, p. 57). Entre as possíveis inovações ao
ensino, Gottheim alega que no meio acadêmico tem se discutido estas questões
acerca das capacidades que um profissional PLE (Professor de Língua
Estrangeira) deverá ter, bem como o seu trajeto para uma formação bem sucedida.
Sob
a experiência de seu Mestrado, a referida autora elucida que na área da
Lingüística Aplicada ao Ensino de Língua Estrangeira, em meados dos anos
noventa, o propósito dos pesquisadores do Brasil de caráter etnográfico era em compreender a abordagem comunicacional
e seu funcionamento em sala de aula, sendo o foco voltado para a interação. Já
no ano de 1984 o foco das pesquisas de meio acadêmico eram de caráter
etnográfico, e manifestavam acima de tudo, dados de diagnósticos, os quais desafiavam
a maneira como o professor deve agir em sala de aula, “constatando que conhecer
pressupostos e/ou princípios comunicativos não era garantia de os professores
conseguirem realizar um ensino com essa abordagem na prática docente”
(GOTTHEIM, 2007, p. 58). Foi então em 1995 que foi realizada uma pesquisa
interventiva e construção de um material didático com base em conteúdos que
tivessem alguma temática, mas que de qualquer forma estes conteúdos fossem
informativos e de que levassem em conta as questões da sociedade. Portanto este
material serviria de base a um projeto que investigasse a comunicação
intercultural no âmbito escolar. E assim foi se sucedendo a pesquisa de
Gottheim, que para alcançar o objetivo de construir a prática de um professor
em abordagem comunicativa, o desafio, no entanto era de aprofundar as áreas de
conhecimentos novos para, então experienciar os princípios de abordagem
comunicacional.
Segundo
Prabhu (1938 apud GOTTHEIM, 2007), o
processo para aprender uma língua ocorre com base na interação entre professor,
estudantes, textos e por fim as atividades. Desta forma, Almeida Filho (2003,
GOTTHEIM, 2007) também se posiciona em relação a importância da interação em
sala de aula, afirmando de que as interações são momentos de aprender.
4° capítulo
Construções desafiadoras do mundo e
do indivíduo no livro de inglês
Neste
capítulo, o autor John Kullman relata que o material didático como instrumento
de ensino e aprendizagem dos educadores e aprendizes é também um agente
cultural que contribui para a formação pessoal dos indivíduos, possibilitando
aos indivíduos um olhar mais critico a respeito do mundo em que vivem.
O
referido autor argumenta que o livro didático de língua inglesa não é apenas um
simples instrumento de ensino e aprendizagem, mas é ou são artefatos que te
levam a reflexão e a construção cultural, bem como os jornais, revistas,
filmes, entre outros, e assim como estes meios apontados anteriormente, o livro
didático de língua inglesa não pode se separar do contexto cultural, diante
disso, é apoiado o uso de mídias em sala de aula, pelo fato de aproximar uma
cultura mais ampla aos aprendizes.
Em
seguida, o autor relata e nos apresenta um módulo chamado de “Move Inetrmediate”, que é um livro didático
de “personalização” em que existem diferenciadas interpretações para seu
significado, permitindo assim diferentes interpretações, sendo que se separam
entre “respostas pessoais individuais”, sendo as respostas de um aluno
individual em relação ao que o professor pediu para ele fazer, e “Contribuições
personalizadas individualizadas”, a qual abrange os alunos a fazerem escolhas acerca
do que usam na fala ou na escrita, e de que forma os alunos fazem isso, dando a
eles o direito de escolha, com o intuito de desenvolver sua própria identidade.
Finalizando,
o autor mencionado no decorrer deste capítulo esclarece que como professores de
língua inglesa, devemos perceber que os materiais que utilizamos nos
influenciam certa compreensão acerca dos sujeitos e do mundo em que vivemos, e
temos que ter um olhar mais crítico sobre a maneira de como o livro didático
tem a possibilidade de desenvolver uma visão de mundo dos estudantes, além de
tratar aspectos da realidade destes alunos.
5° capítulo
Representações de gênero em livros
didáticos de língua estrangeira: discursos gendrados e suas implicações para o
ensino
Já
neste capítulo são discutidos os aspectos culturais e discursivos dos materiais
didáticos pelo autor Ariovaldo Lopes Pereira. São analisados e observados os
discursos presentes nas formas de representação dos gêneros, relacionando aos
discursos presentes na sociedade.
Segundo
Pereira, é importante ressaltar o sentido da palavra gênero, que no ponto de
vista pos-estruturalista, gênero se constitui em um “construto social e cultural do que é ser
homem e ser mulher, podendo esse conceito ser distinto em diferentes sociedades
e culturas, o que reflete a complexidade das representações de masculinidade e
feminilidade” (p. 114).
Em
relação ao livro didático, o autor mencionado relata que este instrumento de
ensino continua ainda a ser imprescindível, assumindo uma suma importância no
âmbito escolar, porém, o livro didático não vem a ser utilizado na maioria das
vezes adequadamente, no sentido de não explorar a fundo os conteúdos expostos
nele.
Acerca
da identidade de gênero, Sabat (2003) explica que a “educação
é um dos mais eficientes meios de intervenção no processo de construção de
identidade de gênero e sexo, moldando os sujeitos conforme as normas sociais
vigentes” (apud PEREIRA, 2007, p. 118).
Levando em consideração de que o ambiente de ensino faz parte de um contexto
mais abrangente, observa-se, no entanto, de que as questões relacionadas a gênero
estão sempre presentes dentro da sala de aula, sendo que a escola é um lugar
onde se concede uma continuidade da realidade das pessoas, em que as relações
entre os gêneros se efetivam. Desta
forma, Sunderland (1994) defende a ideia de que os “aspectos das relações entre
gêneros tais como papéis e identidades, encontram-se sempre presentes na sala
de aula, o que torna os sujeitos desse contexto seres gendrados” (apud PEREIRA, 2007, p. 118).
Pereira
(2013) conclui dizendo de que as ideias expressas nas representações de gênero têm
uma forte influência na produção dos discursos, na maioria das vezes não são
desafiados, mas de certa forma são reforçados nas interações entre os
indivíduos em sala de aula e nos textos presentes no livro didático.
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