ensino de língua estrangeira: processos de criação e contextos de uso. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2013.
Adriana Carolina Aleixo
O
capítulo 1, intitulado “ Codificar Conteúdos, Processo, e Reflexão Formadora no
Material Didático para Ensino e Aprendizagem de Línguas” escrito por José
Carlos Paes de Almeida Filho, contido no livro “Materiais Didáticos para o
Ensino de Língua Estrangeira: Processos de Criação e Contextos de Uso”,
organizado por Ariovaldo Lopes Pereira e Lilian Gottheim; discute três
componentes essenciais para a produção de materiais didáticos: os conteúdos, os
procedimentos para obter experiências na língua, e a explicitação de ações
reflexivas com o propósito de fortalecer o desenvolvimento de professores e
alunos. É tratada também, a metodologia de trabalho nas decisões e ações de
professores e alunos de língua, com o intuito de estimular a avaliação de
materiais e a prática de produção autoral dos materiais.
Para
o autor, os materiais didáticos (MD) devem ser materiais-fonte incompletos no
aguardo de uma finalização de professores e turmas em contextos reais. Neste
capítulo, o autor argumenta que todo material está primeiramente “marcado por um
conceito, por uma filosofia de ensino, por uma abordagem de ensinar que também
contempla um conceito de língua, [...] e uma expectativa de como devem proceder
professores de língua” (Almeida Filho, p.16).
Os
materiais antecipam atividades que vão compor o método, deste modo, o material
deixa de ser apenas apoio para se tornar uma base codificada no ensino de
línguas. A metodologia está relacionada à explicação do que se processa na
experiência na nova língua, mas a explicação metodológica quanto ao método de
ensino não é o ponto mais importante do processo de ensino; as explicações
estão contidas na abordagem geral do ensino e não somente na abordagem do
método. Devem ser levados em conta os objetivos reais dos alunos para a
construção de um material codificado composto de ideias, imagens e textos, com
instruções de operação de acordo com a perspectiva dos compositores de
materiais.
Deste
modo, o autor assevera que ensinar uma língua é método, é experiência na língua
com o intuito de adquiri-la através da interação comunicativa; o método é a
manifestação concreta dos materiais composto por compositores didáticos; e a
composição de MDs é um reflexo do planejamento (Almeida Filho, p.18-19).
A
abordagem do MD está nas escolhas dos autores na composição dos materiais; para
constituir essa abordagem os agentes contribuem em alguns fatores, como na
tradição de compor livros didáticos (LD) com escolhas previsíveis de conteúdos.
Outra abordagem é a avaliativa, que pode potencializar a abordagem já utilizada
– como a abordagem gramatical, por exemplo – ou criar uma abordagem avaliativa
inédita ou contrária à abordagem clássica.
O
modelo de abordagem e competência da Operação Global de Ensino de Língua (OGEL)
proposta por Almeida Filho, diz que para explicar porque o LD é como é deve-se
buscar informações no conjunto de fatores expostos e não somente a partir da
explicação dos autores. Outra característica obtida pelo modelo OGEL, é a
tensão que surge pelo confronto entre uma tradição teórica informal baseada em
experiências vividas com outras posições teóricas formais que se baseiam em
pesquisas e análises de observações científicas.
Quanto
à avaliação e produção de materiais para o ensino de línguas deve-se sempre
atender certos requisitos. Alice Omaggio propôs certos requisitos para
identificar um bom livro didático de língua estrangeira (LE) no seu livro
“Teaching in Context: Proficiency-Oriented Instruction” de 1984. Alguns
requisitos propostos pela autora são: atividades contextualizadas que forneçam
muita prática em usos prováveis da L-alvo; tópicos, temas, leituras e
atividades que respondam às necessidades e interesses dos alunos; material
cultural integrado em atividades de prática da língua (fenômenos superficiais e
de base); etc. (Omaggio, 1984 apud Almeida
Filho, p.22-23). Com isso, é preciso sempre indagar se a abordagem do MD é
condizente com a abordagem prevalecente na sala de aula.
O
autor, em seguida, discute os componentes essenciais da produção de MD: os
conteúdos, os procedimentos e as explicitações. Começando pelos conteúdos
(matérias), segundo a Abordagem Gramatical (AG), os conteúdos principais têm
sido os pontos gramaticais que são a base da construção do MD e das aulas; estes pontos estão relacionado com
o vocabulário, que precisam combinar com as estruturas gramaticais através da
contextualização por situações cotidianas. Já na perspectiva comunicacional, o
conteúdo é composto por temas e tópicos relacionados com a área de estudo
selecionada para servir de base para as atividades e projetos que necessitam o
uso da língua-alvo.
Atualmente,
os MD se baseiam em uma abordagem gramatical modernizada, ou, como o autor se
refere, abordagem gramatical comunicativizada; que contém audiolingualismo,
interação controlada, gramática e simulações comunicativas reais quanto à
tópicos relevantes, fotos e designs significativos.
Materiais
didáticos são de grande importância para os professores de língua e para os
seus alunos; todo MD está relacionado a uma certa abordagem que pode ser
reconhecida como uma variante comunicativa ou gramatical. Por fim, Almeida
Filho relembra que produzir materiais não é somente necessário, mas vital para
o processo de ensino e aprendizagem de língua.
O
segundo capítulo do livro, chamado “Materials Development for Language
Learning: Principles of Cultural and Critical Awareness”, escrito por Brian
Tomlinson e Hitomi Masuhara; inicia-se falando que a literatura de
desenvolvimento de materiais da última década está focada basicamente em
princípios para um desenvolvimento efetivo de materiais. Porém, o que falta são
propostas especificas para princípios de consciência cultural para os
compositores de materiais considerarem quando avaliando, adaptando e criando
materiais.
Primeiramente,
os autores adotam a definição sociológica de cultura, com certo cuidado pois
cada cultura é complexa, sobreposta, interativa e variável. A consciência
cultural é definida pelos autores como percepções da nossa cultura e a do nosso
povo (Tomlinson e Masuhara 2004, p.31); eles também descrevem a consciência cultural
como interna, dinâmica, multidimensional, interativa e variável, e afirmam que
ela nutre a competência interna do falante.
Uma
das mais recentes controvérsias nos estudos culturais está relacionada aos
efeitos da globalização no conteúdo e na metodologia do ensino de língua
inglesa. Em seguida os autores discutem a estereotipação das culturas-alvo
assim como as outras culturas; sob a luz de que os professores e
desenvolvedores de matérias devem avaliar criticamente se os materiais contêm
técnicas e ferramentas que ajudem o desenvolvimento do aluno a partir do uso de
materiais culturalmente sensíveis.
Tomlinson
(2001) argumenta que a consciência cultural envolve “desenvolver gradualmente
um senso interno da igualdade das culturas, um entendimento da sua própria
cultura e a cultura de outros povos, e um interesse positivo em como as
culturas se conectam e se diferem [...]”. Os autores sugerem uma estrutura para
desenvolver materiais voltados para a consciência crítica e cultural através de
um sumário contendo princípios para a consciência cultural.
Quanto
aos princípios da consciência cultural, os autores afirmam que os materiais
para aprendizado de língua apresentam, inevitavelmente, aos alunos
representações do mundo através de textos, atividades e ilustrações. Em alguns
países, certas políticas governamentais censuram os desenvolvedores de
materiais para que os conteúdos mostrem
semente as visões de mundo que o governo aprova. Por isso, alguns publicadores
de livros didáticos globais evitam ofender certos leitores dos seus livros,
usando um lista de tópicos considerados como tabus para que eles não estejam
presentes nos materiais.
A posição dos autores quanto este assunto, é
que os compositores de MD devem ser encorajados à utilizar tópicos e textos
controversos que são aceitáveis na cultura dos alunos para que isso aumente o
potencial de participação, e empoderar os alunos no mundo real em que eles
vivem e para os ensinar a pensar criticamente. Na opinião dos autores, LDs
devem sempre se comunicar com o modo de ensinar e aprender, mirando na
língua-alvo e na(s) cultura(s) que eles representam, assim como na visão de
mundo dos compositores de MD.
É
de grande importância que os materiais sejam criados para que os alunos sejam
encorajados à ser críticos e que as suas visões sejam avaliadas. Isso significa
que quando o professor aceita que não há opiniões erradas e que certas atividades
de interpretação não podem ser usadas como atividades avaliativas, o professor
perde, porém, o aluno ganha em pensamento crítico.
Os autores ainda dizem que se os
Ministros da Educação querem ajudar os alunos a serem pensadores críticos na
L2, eles precisam ter certeza de que os materiais sigam certos critérios para
atingir essa meta. Os MD devem encorajar o pensamento crítico não somente em
alunos de níveis intermediário-avançados e avançados, mas também para níveis
mais baixos, para que os alunos de níveis menores na L2 não sejam considerados
como alunos de nível intelectual inferior somente por serem incapazes de
comunicar seus pensamentos na língua estrangeira. Contando que o input seja na
L2, os alunos ainda podem adquirir conhecimento na língua e obtenham um
desenvolvimento educacional respondendo através de gestos, mímica, desenhos e
inicialmente pelo uso da sua L1.
Certos MD e professores também
podem contribuir com o desenvolvimento da consciência cultural por meio de
atividades avaliativas que convidam o aluno a ser um crítico construtivista das
abordagens pedagógicas e dos materiais que são usados para auxiliar o
aprendizado da L2. Segundo os autores, os materiais para aprendizado de língua
devem conter certos requisitos, como: refletir o mundo real em que os alunos
vivem; expor os alunos à diferentes visões e valores; ajudar os alunos a
desenvolver uma confiança crítica; etc.
Por fim, Tomlinson e Masuhara afirmam que é extremamente importante que os materiais para aprendizagem ajudem os alunos de L2 desenvolverem consciência crítica e cultural, de modo que isto contribua positivamente para a aquisição e desenvolvimento da língua-alvo.
Este capítulo do livro trata as inúmeras facetas do material didático, como é produzido e o uso no ensino e aprendizagem da língua inglesa. O livro retrata a organização atual de alguns componentes trabalhados pelos autores como essenciais na elaboração dos materiais didáticos. Visa também incentivar a avaliação dos materiais didáticos.
Os componentes trabalhados pelos autores são os conteúdos que os estudantes vão experienciar; os procedimentos e os passos para viver as experiências com a nova língua com as necessárias instruções e a explicitação de ações reflexivas e seus momentos com o objetivo de fortalecer a formação dos educadores e também dos aprendizes.
A ideia de que uma das quatro materialidades do ensino de línguas é escrever materiais, é trabalha pelo autor, mas além de escrever podemos também dizer oralmente alguns materiais. Os materiais orais podem trazer vantagens no que diz respeito à competência comunicativa e no conhecimento linguístico.
O autor defende a ideia de que o material didático não deve ser algo sistemático, projetado ou terminado. Para ele, o material para o ensino de línguas deve ser planos incompletos esperando a ser preenchido pelos professores e suas turmas no contexto real em que se encontram em determinados momentos. Outro fator importante para o autor é saber conceituar e relacionar os materiais e também o contexto de uso de um MD, ou seja, saber o momento adequado de utilizar-se de determinado conteúdo.
O autor conclui o capitulo com a ideia de que ‘’ produzir materiais não é apenas necessário – é vital para o ensino e aprendizagem de línguas e de outros materiais. ’’ Existem muitas abordagens e possuir algum modelo abrangente e suas competências, facilitaria.
Uma das abordagens seria a literatura. A literatura no desenvolvimento de materiais na ultima década, focou principalmente na efetividade durante o desenvolvimento de materiais, estabelecendo princípios e critérios para a avaliação de materiais e produzindo critérios para adaptação de materiais.
Como Harwood, Ellis e Tomlinson propuseram para o desenvolvimento de materiais didáticos de línguas, deixa-se de lado propostas específicas como princípios de críticas culturais e princípios de consciência crítica para desenvolvedores de materiais considerarem quando avaliar, adaptar ou criar materiais.
Entende-se por cultura e críticas culturais, do ponto de vista antropológico, todas as conquistas artísticas e civilização geral de um país ou pessoa, ou do ponto de vista sociológico como sendo o modo de vida de um determinado grupo de pessoas ligadas por características, valores, atitudes, atividades e circunstâncias comuns ou distintas.
Algumas vezes, a cultura pode ser usada para relacionar o refinamento intelectual de uma pessoa, a cultura é complexa, interativa e variável. Crítica cultural por sua vez é definida como: Informações sobre as características de nossa própria cultura ou a cultura de outras pessoas.
Quando falamos em cultura é importante considerar a globalização, como é o caso do que aconteceu com a língua inglesa, a qual milhões de pessoas usam para se comunicar, portanto o inglês deixou de ser algo pertencente à apenas um grupo especifico.
Em estudos recentes sobre a cultura foi relacionado os efeitos da globalização no conteúdo e metodologia no ensino de língua inglesa, baseando-se nos argumentos de Cortazzi e Jin, que afirmam que a cultura no aprendizado, não atingiu o impacto esperado no ensino de língua inglesa na China por causa do conflito entre a cultura de aprendizagem norte-americana, com o ensino chinês tradicional.
Pham (2007) descreve problemas similares no Vietnã e adicionam também fatores desafiantes, como salas maiores, pressão nos exames e o requerimento para treinamento de professores.
Bao (2006) investiga os estereótipos da cultura na população global em livros de cursos publicados durantes os anos de 1990 e 2000, Bao explica que estereotipar é uma função humana comum e natural e é um modo de copiar a cultura do outro com complicações com a realidade. Um exemplo presenciado por Bao foi a uma aula de inglês no Vietnã, a qual ele mostrou aos alunos fotos de um Homem caucasiano jovem, um homem idoso caucasiano barbado, e um homem negro jovem bem vestido, e pediu para os alunos apontarem quem seria o vilão na história, grande maioria dos alunos instantaneamente escolheu o homem negro, e quando perguntados o porquê, nenhum parecia chegar a uma explicação concreta, dizendo que tinham vagas lembranças de verem homens negros representando os personagens maus em filmes.
Tomlinson (2001) argumenta sobre a crítica cultural, que envolve o desenvolvimento interno e o senso de igualdade nas culturas e aumentando o entendimento de sua própria cultura e a cultura de outras pessoas, e criando interesses positivos em como elas se conectam e se diferem, tal crítica pode aumentar a tolerância e facilitar a comunicação internacional.
Os materiais didáticos deveriam ajudar os alunos a aprender através de:
ü experiências como se eles estivessem vivendo momentos interculturais;
ü aprender através do entendimento consciente nas experiências que eles tiveram;
ü descobrir e tornarem-se conscientes em suas atitudes e senso de valores que leva seus comportamentos na sua própria cultura e de outros;
ü tornar-se mais tolerante e ambíguo;
ü ter acesso a situações e reconhecer várias possibilidades de interpretações sem pular para conclusões elevadas ou cair em estereótipos;
ü tornar-se capaz de acessar conflitos potenciais e atuais, analisando-os e identificando opções;
ü desenvolver a habilidade de usar a língua apropriadamente efetivamente em uma variedade de contextos culturais.
A autora Liliana Gottheim apresenta uma importante reflexão neste sentido, sobre o desenvolvimento de criação de um material didático para o ensino de língua portuguesa como língua estrangeira. A referida autora busca se conduzir nas variadas concepções que acarretam na elaboração de um material didático que se encaixe nos princípios de pressupostos comunicacionais, sendo que essa elaboração significou, acima de tudo, selecionar textos e determinar o que será feito para que facilite o aprendizado da língua, além de trazer indagações acerca da concepção de metodologia e procurar respostas para novas questões acerca dos pressupostos comunicacionais.
O autor Almeida Filho (2011ª, p.13), nos relata de que para formar professores que tragam inovações ao ensino “é preciso um trabalho reflexivo e crítico em torno da teoria e das ações em sala de aula” (apud GOTTHEIM, 2007, p. 57). Entre as possíveis inovações ao ensino, Gottheim alega que no meio acadêmico tem se discutido estas questões acerca das capacidades que um profissional PLE (Professor de Língua Estrangeira) deverá ter, bem como o seu trajeto para uma formação bem sucedida.
Sob a experiência de seu Mestrado, a referida autora elucida que na área da Lingüística Aplicada ao Ensino de Língua Estrangeira, em meados dos anos noventa, o propósito dos pesquisadores do Brasil de caráter etnográfico era em compreender a abordagem comunicacional e seu funcionamento em sala de aula, sendo o foco voltado para a interação. Já no ano de 1984, o foco das pesquisas de meio acadêmico eram de caráter etnográfico e manifestavam acima de tudo, dados de diagnósticos, os quais desafiavam a maneira como o professor deve agir em sala de aula, “constatando que conhecer pressupostos e/ou princípios comunicativos não era garantia de os professores conseguirem realizar um ensino com essa abordagem na prática docente” (GOTTHEIM, 2007, p. 58).
Foi então em 1995, que foi realizada uma pesquisa interventiva e construção de um material didático com base em conteúdos que tivessem alguma temática, mas que de qualquer forma estes conteúdos fossem informativos e de que levassem em conta as questões da sociedade. Portanto, este material serviria de base a um projeto que investigasse a comunicação intercultural no âmbito escolar. E assim foi se sucedendo a pesquisa de Gottheim, que para alcançar o objetivo de construir a prática de um professor em abordagem comunicativa, o desafio, no entanto era de aprofundar as áreas de conhecimentos novos para, então experienciar os princípios de abordagem comunicacional.
Segundo Prabhu (1938 apud GOTTHEIM, 2007), o processo para aprender uma língua ocorre com base na interação entre professor, estudantes, textos e por fim as atividades. Desta forma, Almeida Filho (2003, GOTTHEIM, 2007) também se posiciona em relação à importância da interação em sala de aula, afirmando de que as interações são momentos de aprender.
Nesta interação, o livro didático de língua inglesa é considerado uma construção desafiadora da palavra e do indivíduo. O autor nos diz que o livro didático de inglês não é só um mero instrumento de ensino e aprendizagem, mas são também artefatos de reflexão e construção cultural, assim como os jornais, revistas, filmes, etc. E assim como esses outros meios, o livro didático de inglês não pode se separar do contexto cultural o qual eles estão baseando-se em que todo conhecimento é socialmente construído; devido a isso, apoiam também o uso de mídias em sala de aula por trazer uma aproximação cultural mais abrangente.
O módulo “Move Inetrmediate” é apresentado pelo autor durante a segunda parte do capítulo, o qual ele se refere como sendo um livro didático de “personalização” e que há diferentes interpretações para seu significado, permitindo assim diferentes interpretações, a qual eles a separam entre “respostas pessoais individuais”, que são respostas de um aluno individual em relação ao que o professor pediu para ele fazer, e “Contribuições personalizadas individualizadas”, a qual envolve os alunos fazerem escolhas sobre o que eles falam ou escrevem sobre, e como eles fazem isso, dando escolhas para contribuir em modos que eles desenvolvam sua própria identidade, a maneira como os alunos conversam e escrevem sobre suas próprias vidas, estilos de vida, ambições e experiências, contribuem também para a sua formação.
Finalizando o conceito o autor nos mostra o que esses pontos significam para um professor, o autor explica que como professores de inglês nós percebemos que o os materiais que usamos refletem e incorporam certo entendimento de que o mundo e os indivíduos colocam nele, e nó devemos ser conscientemente críticos em como o livro didático constroem a visão de mundo do aluno e os fazem focar em aspectos da realidade de maneira particular. O autor aponta que podemos nos guiar por um ponto chamado “Pedagogia critica”, essa que por sua vez acredita que os professores de língua inglesa que acreditam que acreditam que sua responsabilidade não é apenas ajudar os alunos a aprender inglês, mas também desenvolver a habilidade necessária para desconstruir versões dominantes da realidade, tendo assim como proposito fornecer aos alunos e professores ferramentas que os permitam ver os textos, incorporando tanto representações particulares do mundo social e natural, e também interesses e ambições particulares, ajudando-os a entender melhor eles mesmos e o mundo ao seu redor.
O livro didático é um importante instrumento no processo de ensino e aprendizagem, principalmente de língua estrangeira (LE). As reflexões avaliam as representações de gêneros em livros didáticos feitos no Brasil, para o ensino de língua estrangeira, no caso – inglês. Segundo Pereira (2013) a intenção é “identificar os discursos gendrados expressos por essas representações; perceber seus reflexos no cotidiano da sala de aula, em discursos de alunos e professores; e estabelecer relações entre discursos e outros que circulam na sociedade brasileira.”
É relevante destacar, conforme o autor observa neste estudo, o sentido da palavra “gênero”, um conceito social e cultural do que é ser homem e ser mulher, com as diferenças entre sexo (biológico, homens e mulheres) e gênero (particularidades sociais e psicológicas que se refere ao feminino e masculino).
Segundo Pereira (2013), o livro didático é o que representa os estudos, e quem lê muito é considerado culto independentemente de como se lê e o que se lê. Esse instrumento influência e norteia o sujeito e suas ações na sociedade. Existe uma diversidade de livros didáticos usados para o ensino de língua inglesa no ensino básico. Busca-se detectar os sinais de discriminação e preconceitos de gênero que ainda se encontram em livros didáticos de língua inglesa.
A sala de aula é um ambiente político e culturalmente neutro, sem fatores externos que influenciem. Porém reproduzem relações de poder, conhecimentos e identidades, em uma sociedade desigual. A escola faz parte de uma sociedade e contribui para a construção de valores e normas, as quais também podem ser questionadas, como afirma o autor.
É importante salientar para o autor, as representações de gênero nos primeiros anos escolares, em livros didáticos, possuem grande influência na construção das identidades de seus aprendizes, servindo de parâmetros para toda a jornada. E nos livros didáticos do Brasil ainda existe discriminação em relação ao papel da mulher na sociedade. Os materiais didáticos não retratam a verdadeira realidade como o avanço da sociedade em relação ao papel da mulher nos dias atuais, por exemplo.
Nos livros escolhidos para o estudo pelo autor, a família é representada na natureza e entre seus membros não existem brigas nem desavenças, o lar é feliz, conservador e acolhedor. É a representação do ideal, da perfeição, da família padrão e sem conflitos. Os membros da família são bem estabelecidos, o pai como o provedor, a mãe é a pessoa que cuida do lar e dos filhos, servindo a todos. E quando a mulher é retratada na área do trabalho, ela está em profissões como secretária, professora, enfermeira, etc. Enquanto o homem sempre está em destaque e poder. Na área de esportes a discriminação se repete, ao homem cabem exclusivamente os esportes radicais, perigosos e violentos; os outros são divididos com as mulheres embora a preferência de exemplos é sempre masculina. Assim como nas brincadeiras há exclusividades só para os meninos nas representações.
De acordo com Pereira (2013), os livros que foram avaliados do ensino fundamental, não retratam com freqüência os assuntos afetivos e amorosos. Quando retratados, também estão fora da realidade, com exagero de fotos e desenhos de corações, reprodução de alguns estereótipos como casais felizes e apaixonados. Das coleções que o autor analisou, os temas tratados abertamente são: sexo, doenças sexualmente transmissíveis e gravidez na adolescência. Os outros temas polêmicos são evitados e não apareceu em nenhum livro das coleções citadas.
Verificou-se que existe uma reprodução de discursos e uma produção para reforçar esses discursos. E os sujeitos que não se enquadram nos modelos padrões são considerados anormais e uma influencia negativa aos outros. Os textos dos livros são considerados inquestionáveis e como informativo verdadeiro. Para o autor existe a necessidade de uma abordagem crítica nos textos para contestar ou desafiar os discursos por eles veiculados, e esta interação entre sujeito e textos de livros didáticos, na sala de aula ou fora dela, forme outros conceitos.
Bruno Henrique Porazzi
Por fim, Tomlinson e Masuhara afirmam que é extremamente importante que os materiais para aprendizagem ajudem os alunos de L2 desenvolverem consciência crítica e cultural, de modo que isto contribua positivamente para a aquisição e desenvolvimento da língua-alvo.
Fabiane Caron Novaes
Este capítulo do livro trata as inúmeras facetas do material didático, como é produzido e o uso no ensino e aprendizagem da língua inglesa. O livro retrata a organização atual de alguns componentes trabalhados pelos autores como essenciais na elaboração dos materiais didáticos. Visa também incentivar a avaliação dos materiais didáticos.
Os componentes trabalhados pelos autores são os conteúdos que os estudantes vão experienciar; os procedimentos e os passos para viver as experiências com a nova língua com as necessárias instruções e a explicitação de ações reflexivas e seus momentos com o objetivo de fortalecer a formação dos educadores e também dos aprendizes.
A ideia de que uma das quatro materialidades do ensino de línguas é escrever materiais, é trabalha pelo autor, mas além de escrever podemos também dizer oralmente alguns materiais. Os materiais orais podem trazer vantagens no que diz respeito à competência comunicativa e no conhecimento linguístico.
O autor defende a ideia de que o material didático não deve ser algo sistemático, projetado ou terminado. Para ele, o material para o ensino de línguas deve ser planos incompletos esperando a ser preenchido pelos professores e suas turmas no contexto real em que se encontram em determinados momentos. Outro fator importante para o autor é saber conceituar e relacionar os materiais e também o contexto de uso de um MD, ou seja, saber o momento adequado de utilizar-se de determinado conteúdo.
O autor conclui o capitulo com a ideia de que ‘’ produzir materiais não é apenas necessário – é vital para o ensino e aprendizagem de línguas e de outros materiais. ’’ Existem muitas abordagens e possuir algum modelo abrangente e suas competências, facilitaria.
Uma das abordagens seria a literatura. A literatura no desenvolvimento de materiais na ultima década, focou principalmente na efetividade durante o desenvolvimento de materiais, estabelecendo princípios e critérios para a avaliação de materiais e produzindo critérios para adaptação de materiais.
Como Harwood, Ellis e Tomlinson propuseram para o desenvolvimento de materiais didáticos de línguas, deixa-se de lado propostas específicas como princípios de críticas culturais e princípios de consciência crítica para desenvolvedores de materiais considerarem quando avaliar, adaptar ou criar materiais.
Entende-se por cultura e críticas culturais, do ponto de vista antropológico, todas as conquistas artísticas e civilização geral de um país ou pessoa, ou do ponto de vista sociológico como sendo o modo de vida de um determinado grupo de pessoas ligadas por características, valores, atitudes, atividades e circunstâncias comuns ou distintas.
Algumas vezes, a cultura pode ser usada para relacionar o refinamento intelectual de uma pessoa, a cultura é complexa, interativa e variável. Crítica cultural por sua vez é definida como: Informações sobre as características de nossa própria cultura ou a cultura de outras pessoas.
Quando falamos em cultura é importante considerar a globalização, como é o caso do que aconteceu com a língua inglesa, a qual milhões de pessoas usam para se comunicar, portanto o inglês deixou de ser algo pertencente à apenas um grupo especifico.
Em estudos recentes sobre a cultura foi relacionado os efeitos da globalização no conteúdo e metodologia no ensino de língua inglesa, baseando-se nos argumentos de Cortazzi e Jin, que afirmam que a cultura no aprendizado, não atingiu o impacto esperado no ensino de língua inglesa na China por causa do conflito entre a cultura de aprendizagem norte-americana, com o ensino chinês tradicional.
Pham (2007) descreve problemas similares no Vietnã e adicionam também fatores desafiantes, como salas maiores, pressão nos exames e o requerimento para treinamento de professores.
Bao (2006) investiga os estereótipos da cultura na população global em livros de cursos publicados durantes os anos de 1990 e 2000, Bao explica que estereotipar é uma função humana comum e natural e é um modo de copiar a cultura do outro com complicações com a realidade. Um exemplo presenciado por Bao foi a uma aula de inglês no Vietnã, a qual ele mostrou aos alunos fotos de um Homem caucasiano jovem, um homem idoso caucasiano barbado, e um homem negro jovem bem vestido, e pediu para os alunos apontarem quem seria o vilão na história, grande maioria dos alunos instantaneamente escolheu o homem negro, e quando perguntados o porquê, nenhum parecia chegar a uma explicação concreta, dizendo que tinham vagas lembranças de verem homens negros representando os personagens maus em filmes.
Tomlinson (2001) argumenta sobre a crítica cultural, que envolve o desenvolvimento interno e o senso de igualdade nas culturas e aumentando o entendimento de sua própria cultura e a cultura de outras pessoas, e criando interesses positivos em como elas se conectam e se diferem, tal crítica pode aumentar a tolerância e facilitar a comunicação internacional.
Os materiais didáticos deveriam ajudar os alunos a aprender através de:
ü experiências como se eles estivessem vivendo momentos interculturais;
ü aprender através do entendimento consciente nas experiências que eles tiveram;
ü descobrir e tornarem-se conscientes em suas atitudes e senso de valores que leva seus comportamentos na sua própria cultura e de outros;
ü tornar-se mais tolerante e ambíguo;
ü ter acesso a situações e reconhecer várias possibilidades de interpretações sem pular para conclusões elevadas ou cair em estereótipos;
ü tornar-se capaz de acessar conflitos potenciais e atuais, analisando-os e identificando opções;
ü desenvolver a habilidade de usar a língua apropriadamente efetivamente em uma variedade de contextos culturais.
A autora Liliana Gottheim apresenta uma importante reflexão neste sentido, sobre o desenvolvimento de criação de um material didático para o ensino de língua portuguesa como língua estrangeira. A referida autora busca se conduzir nas variadas concepções que acarretam na elaboração de um material didático que se encaixe nos princípios de pressupostos comunicacionais, sendo que essa elaboração significou, acima de tudo, selecionar textos e determinar o que será feito para que facilite o aprendizado da língua, além de trazer indagações acerca da concepção de metodologia e procurar respostas para novas questões acerca dos pressupostos comunicacionais.
O autor Almeida Filho (2011ª, p.13), nos relata de que para formar professores que tragam inovações ao ensino “é preciso um trabalho reflexivo e crítico em torno da teoria e das ações em sala de aula” (apud GOTTHEIM, 2007, p. 57). Entre as possíveis inovações ao ensino, Gottheim alega que no meio acadêmico tem se discutido estas questões acerca das capacidades que um profissional PLE (Professor de Língua Estrangeira) deverá ter, bem como o seu trajeto para uma formação bem sucedida.
Sob a experiência de seu Mestrado, a referida autora elucida que na área da Lingüística Aplicada ao Ensino de Língua Estrangeira, em meados dos anos noventa, o propósito dos pesquisadores do Brasil de caráter etnográfico era em compreender a abordagem comunicacional e seu funcionamento em sala de aula, sendo o foco voltado para a interação. Já no ano de 1984, o foco das pesquisas de meio acadêmico eram de caráter etnográfico e manifestavam acima de tudo, dados de diagnósticos, os quais desafiavam a maneira como o professor deve agir em sala de aula, “constatando que conhecer pressupostos e/ou princípios comunicativos não era garantia de os professores conseguirem realizar um ensino com essa abordagem na prática docente” (GOTTHEIM, 2007, p. 58).
Foi então em 1995, que foi realizada uma pesquisa interventiva e construção de um material didático com base em conteúdos que tivessem alguma temática, mas que de qualquer forma estes conteúdos fossem informativos e de que levassem em conta as questões da sociedade. Portanto, este material serviria de base a um projeto que investigasse a comunicação intercultural no âmbito escolar. E assim foi se sucedendo a pesquisa de Gottheim, que para alcançar o objetivo de construir a prática de um professor em abordagem comunicativa, o desafio, no entanto era de aprofundar as áreas de conhecimentos novos para, então experienciar os princípios de abordagem comunicacional.
Segundo Prabhu (1938 apud GOTTHEIM, 2007), o processo para aprender uma língua ocorre com base na interação entre professor, estudantes, textos e por fim as atividades. Desta forma, Almeida Filho (2003, GOTTHEIM, 2007) também se posiciona em relação à importância da interação em sala de aula, afirmando de que as interações são momentos de aprender.
Nesta interação, o livro didático de língua inglesa é considerado uma construção desafiadora da palavra e do indivíduo. O autor nos diz que o livro didático de inglês não é só um mero instrumento de ensino e aprendizagem, mas são também artefatos de reflexão e construção cultural, assim como os jornais, revistas, filmes, etc. E assim como esses outros meios, o livro didático de inglês não pode se separar do contexto cultural o qual eles estão baseando-se em que todo conhecimento é socialmente construído; devido a isso, apoiam também o uso de mídias em sala de aula por trazer uma aproximação cultural mais abrangente.
O módulo “Move Inetrmediate” é apresentado pelo autor durante a segunda parte do capítulo, o qual ele se refere como sendo um livro didático de “personalização” e que há diferentes interpretações para seu significado, permitindo assim diferentes interpretações, a qual eles a separam entre “respostas pessoais individuais”, que são respostas de um aluno individual em relação ao que o professor pediu para ele fazer, e “Contribuições personalizadas individualizadas”, a qual envolve os alunos fazerem escolhas sobre o que eles falam ou escrevem sobre, e como eles fazem isso, dando escolhas para contribuir em modos que eles desenvolvam sua própria identidade, a maneira como os alunos conversam e escrevem sobre suas próprias vidas, estilos de vida, ambições e experiências, contribuem também para a sua formação.
Finalizando o conceito o autor nos mostra o que esses pontos significam para um professor, o autor explica que como professores de inglês nós percebemos que o os materiais que usamos refletem e incorporam certo entendimento de que o mundo e os indivíduos colocam nele, e nó devemos ser conscientemente críticos em como o livro didático constroem a visão de mundo do aluno e os fazem focar em aspectos da realidade de maneira particular. O autor aponta que podemos nos guiar por um ponto chamado “Pedagogia critica”, essa que por sua vez acredita que os professores de língua inglesa que acreditam que acreditam que sua responsabilidade não é apenas ajudar os alunos a aprender inglês, mas também desenvolver a habilidade necessária para desconstruir versões dominantes da realidade, tendo assim como proposito fornecer aos alunos e professores ferramentas que os permitam ver os textos, incorporando tanto representações particulares do mundo social e natural, e também interesses e ambições particulares, ajudando-os a entender melhor eles mesmos e o mundo ao seu redor.
O livro didático é um importante instrumento no processo de ensino e aprendizagem, principalmente de língua estrangeira (LE). As reflexões avaliam as representações de gêneros em livros didáticos feitos no Brasil, para o ensino de língua estrangeira, no caso – inglês. Segundo Pereira (2013) a intenção é “identificar os discursos gendrados expressos por essas representações; perceber seus reflexos no cotidiano da sala de aula, em discursos de alunos e professores; e estabelecer relações entre discursos e outros que circulam na sociedade brasileira.”
É relevante destacar, conforme o autor observa neste estudo, o sentido da palavra “gênero”, um conceito social e cultural do que é ser homem e ser mulher, com as diferenças entre sexo (biológico, homens e mulheres) e gênero (particularidades sociais e psicológicas que se refere ao feminino e masculino).
Segundo Pereira (2013), o livro didático é o que representa os estudos, e quem lê muito é considerado culto independentemente de como se lê e o que se lê. Esse instrumento influência e norteia o sujeito e suas ações na sociedade. Existe uma diversidade de livros didáticos usados para o ensino de língua inglesa no ensino básico. Busca-se detectar os sinais de discriminação e preconceitos de gênero que ainda se encontram em livros didáticos de língua inglesa.
A sala de aula é um ambiente político e culturalmente neutro, sem fatores externos que influenciem. Porém reproduzem relações de poder, conhecimentos e identidades, em uma sociedade desigual. A escola faz parte de uma sociedade e contribui para a construção de valores e normas, as quais também podem ser questionadas, como afirma o autor.
É importante salientar para o autor, as representações de gênero nos primeiros anos escolares, em livros didáticos, possuem grande influência na construção das identidades de seus aprendizes, servindo de parâmetros para toda a jornada. E nos livros didáticos do Brasil ainda existe discriminação em relação ao papel da mulher na sociedade. Os materiais didáticos não retratam a verdadeira realidade como o avanço da sociedade em relação ao papel da mulher nos dias atuais, por exemplo.
Nos livros escolhidos para o estudo pelo autor, a família é representada na natureza e entre seus membros não existem brigas nem desavenças, o lar é feliz, conservador e acolhedor. É a representação do ideal, da perfeição, da família padrão e sem conflitos. Os membros da família são bem estabelecidos, o pai como o provedor, a mãe é a pessoa que cuida do lar e dos filhos, servindo a todos. E quando a mulher é retratada na área do trabalho, ela está em profissões como secretária, professora, enfermeira, etc. Enquanto o homem sempre está em destaque e poder. Na área de esportes a discriminação se repete, ao homem cabem exclusivamente os esportes radicais, perigosos e violentos; os outros são divididos com as mulheres embora a preferência de exemplos é sempre masculina. Assim como nas brincadeiras há exclusividades só para os meninos nas representações.
De acordo com Pereira (2013), os livros que foram avaliados do ensino fundamental, não retratam com freqüência os assuntos afetivos e amorosos. Quando retratados, também estão fora da realidade, com exagero de fotos e desenhos de corações, reprodução de alguns estereótipos como casais felizes e apaixonados. Das coleções que o autor analisou, os temas tratados abertamente são: sexo, doenças sexualmente transmissíveis e gravidez na adolescência. Os outros temas polêmicos são evitados e não apareceu em nenhum livro das coleções citadas.
Verificou-se que existe uma reprodução de discursos e uma produção para reforçar esses discursos. E os sujeitos que não se enquadram nos modelos padrões são considerados anormais e uma influencia negativa aos outros. Os textos dos livros são considerados inquestionáveis e como informativo verdadeiro. Para o autor existe a necessidade de uma abordagem crítica nos textos para contestar ou desafiar os discursos por eles veiculados, e esta interação entre sujeito e textos de livros didáticos, na sala de aula ou fora dela, forme outros conceitos.
Bruno Henrique Porazzi
O
ensino da língua estrangeira, via material didático, vem sendo um tópico
bastante discutido pelos educadores, que buscam suprir todas as necessidades
propostas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais. Pensando nisso, José Carlos
Paes de Almeida Filho promove uma pesquisa com o intuito de preencher todo esse
processo educacional, priorizando a escolha correta do livro didático na aula
de língua estrangeira.
A
produção do material didático é de fato algo bastante estrutural, muitos
profissionais que precisam desse recurso fazem a seleção do livro didático de
maneira errônea. Os educadores muitas vezes dão mais importância nas
ilustrações presentes no livro que o próprio conteúdo disponível no material,
nessa perspectiva, Almeida Filho destaca 3 componentes que realmente
influenciam na escolha desse recurso tão indispensável, são eles: os conteúdos
que vão ser experienciados pelos aprendizes, os procedimentos para viver com e
na nova língua com as devidas instruções e a explicitação de ações reflexivas e
seus momentos com o propósito de fortalecer a formação dos professores e
aprendizes. É importante ressaltar que a presença de ilustrações no livro
didático também é muito significativa, pelo simples fato da assimilação ser uma
maneira de aquisição da língua.
A
metodologia do professor não se baseia apenas na aplicação do livro didático,
mas sim na versatilidade do profissional em inovar cada vez mais, contando com
atividades atuais e diversificadas, não apenas envolvendo a escrita, mas também
a oralidade, que podem estar impressos no material didático ou de autoria
própria. Todavia, é de extrema relevância o professor saber dosar essa ampla
área de conteúdo, fazendo com que não se torne algo exaustivo, e muito menos
desinteressante, pois o estudo da língua estrangeira deve ser desenvolvido da
maneira mais acessível e simples possível.
Os
planos de ensino definem o conteúdo que será ministrado em sala, sendo uma maneira
muito eficaz para se organizar, o autor utiliza o termo “compositor de
material” para definir aquele que prepara suas próprias atividades para atuar
em sala, em outras palavras, ser um compositor de materiais é codificar um
desempenho futuro. É impossível deixar de lado a posição crítica que se
encontra atualmente no Brasil, as aulas destinadas ao preparo de atividades dos
professores são reduzidas drasticamente, fazendo com que esses profissionais se
tornem dependentes do livro didático.
Um
grande problema presente em alguns grandes nomes da edição de livros didáticos,
é que grande parte teve uma pequena ou até nenhuma participação em sala de aula
como educador, e muitos não fazem ideia o que de fato acontece em sala.
Portanto, as atividades propostas pelo material didático, segundo o autor,
seguem os seguintes critérios de avaliação para um material de qualidade:
·
As atividades contextualizadas, têm uma
utilidade muito relevante na língua estrangeira pelo simples fato de não se
tratar apenas de uma aquisição gramatical, mas também cultural;
·
As atividades personalizadas e criativas
que incentivam os alunos sempre relacionando à língua estrangeira, é importante
afirmar que a aquisição da língua passa a ser mais difícil apenas com a
assimilação de palavras da língua materna com a língua estrangeira, sendo
assim, a assimilação de imagens com a língua estrangeira se torna uma maneira
mais produtiva;
·
As atividades que possibilitam a
interação dos alunos com trabalhos conjuntos e também orais;
·
Sempre manter atividades que envolvam
leitura, como livros pequenos, diálogos, entre outros, para não se limitar
apenas na língua, mas também na linguagem;
·
Explicações relacionadas à gramática,
permitindo que os alunos trabalhem com autonomia;
·
As leituras e atividades que respondem
às necessidades do aluno, além desses requisitos, o estudo do material
literário é de suma importância, pois reforça a capacidade intelectual
reflexiva e interpretativa na língua estrangeira;
·
Atividades que envolvam a inclusão da
sétima arte também são efetivas para focar os alunos em determinado assunto que
poderá gerar, futuramente, uma discussão;
Além dos pontos
elencados anteriormente, o autor mostra outro critério, não menos importante,
relacionado a questão da autonomia das atividades propostas no material
didático, isso faz com que os alunos enriqueçam a interpretação e
consequentemente estimulem a aquisição da língua estrangeira. Outra atividade
de aquisição da linguagem, seria um processo de comunicação entre o assunto ou
tema/matéria discutidos em sala, além de ter um cunho comunicativo, auxilia o
professor estabilizar um nível da sala, e observar se suas aulas estão sendo
efetivas, ou não.
Contudo, percebesse a
verdadeira função do material didático. O livro didático é o instrumento de mediação
e não o mediador do conhecimento. Atualmente o livro didático vem assumindo a
função do professor, porém educadores têm o dever de aplicar atividades
diferenciadas além do livro didático, relacionadas não apenas a gramática, mas
também a cultura e a capacidade reflexiva, tópico discutido por Brian Tomlinson
e Hitomi Masuhara, que propõem, segundo teóricos da língua, princípios e
procedimentos para adaptar materiais didáticos.
Os autores definem de
maneira ampla o que é cultura e exemplifica com diferentes percepções. Para um
antropologista, define-se cultura como costumes, realizações artísticas e uma
civilização geral de um país ou de um povo; para um sociólogo cultura é uma
totalidade da maneira em que a população vive em um grupo determinado, tendo em
comum algumas características, valores, atitudes, entre outros. Cultura também
pode ser definida para uma pessoa que é bem vista e inteligente, com a
expressão “esta pessoa tem cultura”. Conjuntamente incluem duas palavras para
descrever os ensinamentos da cultura, são elas: cultural knowledge, que são as informações presentes na própria
cultura ou de outros e cultural
awareness, que se baseia na percepção da cultura. Com base nessas duas
definições os autores permeiam as seguintes separações para poderem explicar,
de maneira clarificada, o que é cultura:
·
Cultura é interna e desenvolve-se com
sua própria mente;
·
Cultura é interativa, com percepções que
se conectam e interagem;
·
Cultura é dinâmica e com perspectivas
diferentes;
·
Cultura é mutável, que se adequa as
nossas experiências;
Além desses tópicos,
acrescentam que quanto mais cultural
knowledge, mais credibilidade e habilidades, e quanto mais cultural awareness, mais empatia e
sensibilidade, qualidades que acrescentam na aquisição da língua, fazendo com
que os alunos sejam mais motivados e estejam em contato com a língua em uso, no
caso a linguagem. Atualmente a língua inglesa é considerada uma língua franca,
isso possibilita um acesso maior a cultura do que outras línguas, com isso,
mais um fator que passa a contribuir para a aquisição da língua.
Dessa forma, os autores apresentam um fator bastante complexo
na aprendizagem da cultura na aula da língua estrangeira, a globalização. A
globalização é um elemento que contrapõe o aprendizado de estudos culturais na
língua, tornando alguns aspectos metodológicos limitados, por exemplo, um
professor precisa atuar em uma sala de aula com aproximadamente 40 alunos, isso
faz com que algumas atividades passem a ser mais complicadas de serem
aplicadas, sem mencionar que em alguns países o aprendizado de outras culturas
é proibido.
Os autores citam uma pesquisa desenvolvida por Bao, com alguns
apontamentos do material didático da década de 1990 e 2000. Bao explica que o stereotyping, é uma função comum do
cérebro humano de copiar com algumas complicações a realidade com seus próprios
limites e capacidades. Sua pesquisa analisou 8 livros didáticos diferenciados,
com o seguinte tópico principal, as ilustrações presentes no livro e sua
relação com o texto, e também o que se tratava esse texto, se era sobre o país,
gênero, comportamento e/ou estilos de vida. A mídia é uma grande influência
para que os alunos e a população se tornem alienados, impondo um stereotyping nacional, não somente a
mídia, mas os livros didáticos também, que pode ser feita com os países
tentando impor o que realmente eles querem que os alunos pensem. Um belo
exemplo seria uma atividade que foi desenvolvida no Vietnã, os alunos deveriam
escolher qual personagem seria um vilão, entre os personagens tinha um garoto
negro de boa aparência e bem vestido, automaticamente os alunos apontaram para
o garoto negro sem nenhuma explicação. A presença desse stereotyping nos alunos, serve como um alerta para os educadores
que propõem atividades semelhantes, é importante ressaltar que não apenas os
alunos têm essa função natural, mas sim todos os seres humanos.
Algumas das publicações mundiais de livros didáticos envolvem
alguns assuntos bastante polêmicos como, religião, história, política, sexo,
drogas, álcool, entre outros. Esses conteúdos contidos no livro didático, não
são proibidos, todavia é importante que o educador saiba lidar com as
ocorrências que acontecerão com o debate e a maneira com a qual aplicará esse
tema, construindo uma ligação entre o conhecimento e a criticidade com esses
assuntos que geralmente são bastante complexos para muitos alunos. Nessa perspectiva
é notável a intenção do que a escola sem partido quer implantar, porém se isso
acontecer, os alunos não desenvolverão uma capacidade crítica-reflexiva, e
consequentemente não terão a autonomia de se transformar em cidadãos opinantes.
Com isso, é indispensável a presença da criticidade nos alunos,
mas também é necessário que haja um material adequado que corresponda a essa
carência. Os alunos devem se sentir dispostos a interagir e não obrigados a
fazê-la. Para que os educandos desenvolvam essa capacidade é necessário estar
contido no material didático os seguintes tópicos:
·
Proporcionar textos que se contrapõem
para ser possível desenvolver uma fala para com o texto;
·
Usar textos que os alunos se sintam
confortáveis para discutir e expressar suas opiniões;
·
Produzir textos com base em alguma
atividade já desenvolvida para que os alunos consigam ampliá-la e melhorá-la;
·
Usar textos que convidam os leitos a
serem críticos;
·
Foca-los em um determinado ponto a ser
discutido;
Materiais que
incentivam o pensamento crítico são destinados para alunos que estão no nível
intermediário ou avançado, todavia, alunos em um nível menor, não possuem um
vocabulário tão vasto aos requisitos necessários que um trabalho crítico
implica. Isso é outro aspecto que o educador deve ser cauteloso, alunos que não
conseguem fazer as atividades que são designadas à um nível mais elevado,
sentem-se frustrados e com isso são desmotivados a aprender uma língua
estrangeira. Para essa abordagem é necessária a seleção do correta do conteúdo
referente a língua, tema proposto por Liliana Gottheim que busca sanar todas
essas dúvidas com questões pedagógicas e metodológicas.
Na década de 90 a
principal preocupação dos pesquisadores era de entender uma abordagem
comunicacional presente em sala de aula, no caso a interação. O foco da época
era destinado aos pressupostos e os conhecimentos que os professores possuíam,
com enfoque na maneira comunicativa que os profissionais da educação utilizavam
para mediar o conhecimento. Dessa forma, propunham que falantes já
familiarizados com a L2 na língua portuguesa, tivessem acesso a aprendizagem da
língua por meio da Formação Social e Histórica da população brasileira. Após a
realização dessas aulas, com sucesso, perceberam que os alunos atingiram um
nível comunicativo superior.
A autora menciona e
compara, segundo Almeida Filho, que a língua seria como uma partitura musical,
estão impressas as letras, mas os sons são completamente diferentes, nesse
caso, muitos sabem escrever e interpretar partituras, mas nem todos sabem
tocá-las e vice-versa. Então com base nas situações anteriores, o aluno deve
estar em contato com a linguagem, para que dessa forma, seja capaz de
desenvolver uma aquisição mais completa.
Para superar os sistemas
de educação é necessário percorrer o seguinte ciclo de reflexão estruturada,
plano-ação-observação-reflexão-plano-ação, que é ponderado por 3 etapas:
·
Etapas 1 – identificar o nível dos
alunos com conhecimentos mínimos, formais e informais, tais como: teóricos,
técnicos, culturais, preferenciais, vivências entre outros, e dessa forma
partir de um conhecimento já adquirido, o senso comum. Para isso é necessário
fazer uma nova análise partindo das 4 áreas de Modelo da Operação Global,
definidas por: Abordagem (natureza teórico-metodológica, com abordagens
comunicacionais, de conteúdo, de competência, ensino de cultura, ensino de
tarefas e metodologia da pesquisa-ação), Planejamento de Cursos (eníoque em
metodologia de língua estrangeira, teorias de aprendizagem, aprendizagem
centrada no aluno, aprendizagem colaborativa, planejamento de curso, análise
crítica e produção de materiais, avaliação no ensino, foco na forma em
contextos significativos, estilos de aprender e inteligências múltiplas),
Produção de Material Didático (ênfase em teorias linguísticas, sociais ou
sociocognitivas, princípios de aquisição de linguagem, teorias lexicais,
linguística textual, gêneros discursivos e raízes culturais brasileiras) e
Avaliação (ênfase no ensino-aprendizagem na língua estrangeira).
·
Etapa 1A – as tarefas dadas ao aluno não
devem se limitar apenas à vontade do professor, por trás disso a uma vasta rede
de interesses de que o aluno desenvolva inteligências múltiplas, também
acrescenta que as aplicações de avaliações iriam variar dependendo dos
objetivos pedagógicos de cada instituição de ensino, por fim uma aplicação de
métodos é necessária para clarificar como os educadores compreendem e aplicam o
conhecimento, sendo uma responsabilidade própria, usando ou não o material
didático em determinados assuntos.
·
Etapa 1B – a seleção de textos
diferenciados relacionando com assunto o assunto tratado fazem com que
complementem o aprendizado.
·
Etapa 2 – a última etapa baseia-se no
preparo de conteúdo como: seleção de textos, produção de atividades e o ensino
da forma de abordagem comunicativa, porém ouve algumas complicações em
implantar essa etapa, pois surgiam objeções emergentes no texto, como
justificar o assunto, definir os objetivos de aprendizagem pretendidos pelo
material utilizado, explicar pressupostos da linguagem usada e esclarecer o
motivo de usar o material, por essa razão os professores devem estar prontos
para sanar todas essas questões.
A autora ainda ressalta
que produzir o material didático que foi produzido em sala foi muito
satisfatório, e concluiu algumas hipóteses nas quais foram possíveis planejar
sua tese de doutorado. Além do uso do material didático, é possível aplicar
trabalhos referentes a filmes, esportes, músicas e muitos outros, tema debatido
por John Kullman.
Os livros de língua
inglesa dão suporte a todos os professores da língua, todavia é importante
acrescentar outros recursos da língua como vídeos, áudios, imagens entre
outros. O livro didático não pode separar-se do aprendizado de contextos
culturais
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