terça-feira, 25 de outubro de 2016

RESENHAS

As resenhas aqui apresentadas foram elaboradas pelos acadêmicos a partir de discussões desenvolvidas em torno das temáticas propostas em Understanding Language Teaching _ From Method to Postmethod: Concepts and Precepts de Kumaravadivelu (2006).



Fabiane Caron Novaes


APRENDENDO: FATORES E PROCESSOS

Segundo o autor, na aprendizagem o professor deve auxiliar o aluno e não ser o responsável. No processo de input está tudo o que estiver à disposição do aluno, tudo o que o professor fornecer para o aluno; ele não procura por si só. Input é como um corpo oral ou escrito da língua alvo, então será exposto através de diferentes fontes para o aprendiz que irá reconhecê-las, com duas condições disponibilidade e acessibilidade.
Kumaravadivelu informa que na primeira condição, o aprendiz irá ser exposto à língua, para isso há três tipos diferentes de input que são: interlíngua, simplificado, não simplificado. Na segunda condição, o input deve ser reconhecido pelo aluno e deve ser avaliado como alguma coisa que eles conseguem lidar, o input de uma língua que o aluno não compreende apesar de estar disponível, é considerado apenas barulho.
Diferente do input, intake como produto ou processo requer que os alunos ouçam e interpretem como o fazem na linguagem informal. Kimball e Palmer (1978) definem intake como: “input requer que o aluno escute para interpretar os significados implícitos, de maneiras similares as que eles utilizam para interpretar em uma comunicação informal”. Krashen (1981) afirma que o intake é simplesmente do lugar que a aquisição da linguagem origina-se e o subconjunto da linguística ajuda o aprendiz a adquirir a linguagem. Incorporando-se com o sistema linguístico da língua que está sendo aprendida, o intake é uma entidade abstrata da língua do aprendiz.
Os fatores internos e externos levam ao intake, e conduzem ao processo psicolinguístico do aprendizado de uma língua. De acordo com Krashen (1981), um input compreensível e um baixo filtro afetivo são os únicos fatores que definem o intake. Vários outros linguistas como Freeman, por exemplo, concordam no texto que o caminho para um input se tornar intake é a compreensão. O autor revela seis fatores que influenciam o intake no aprendizado de uma segunda língua: individuais; de negociação; táticos; afetivos; de conhecimentos e ambientais.


Fatores individuais:
A idade- dependendo da idade que os aprendizes começam a desenvolver uma segunda língua, este fator influencia sua concepção finail da língua e suas habilidades de conhecimento, baseando-se na hipótese do período critico proposta em 1967 por Lenneberg, em que as línguas são melhores assimiladas antes da puberdade, depois desse período existem certas limitações para o desenvolvimento linguístico. Scovel (2001) mostrou três pontos que se desenvolvem durante a aquisição de uma segunda língua, o primeiro do período critico( apenas para o sotaque estrangeiro), o segundo do período critico para a gramática também, e o terceiro não existe período critico em nenhum fator.
Ansiedade- caracteriza-se pelos sentimentos de autoconsciência, medo de uma avaliação negativa dos colegas de classe e dos professores, e o medo de errar, dentro do âmbito de aprendizagem de uma segunda língua.
Fatores de negociação:
Interação- o aluno desenvolve suas capacidades comunicativas como esclarecimento, confirmação, compreensão, pedidos, reparação, reação e tomada de turno. Nesta hipótese os problemas de comunicação são negociados entre os participantes e promovem a compreensão e produção frequentemente enfrentados no desenvolvimento de uma segunda língua. Estudos recentes mostram que aprendizes que mantém um alto nível de interação com a segunda língua progridem mais rapidamente do que aprendizes que interagem apenas durante a aula.
Interpretação- incorporado com a capacidade de interação, a habilidade de interpretação auxilia o aprendiz a diferenciar o que é falado do seu significado, ampliando as possibilidades, por exemplo, quando uma pessoa fala “está frio aqui”, dependendo do contexto pode significar “você se importaria em fechar a janela?”
Fatores táticos:
Estratégias de aprendizagem- refere-se à rotina que o aprendiz utiliza para facilitar a aquisição da língua. Estratégias metacognitivas são as estratégias de execução de ordem superior, tais como pensar sobre o processo de aprendizagem, planejar e monitorar a aprendizagem como ela ocorre e a auto-avaliação depois da aprendizagem. Estratégias cognitivas referem-se aos materiais de aprendizagem e o input linguístico. Estratégias sociais/afetivas referem-se as estratégias interpessoais que são compatíveis com as condições e experiências psicológicas e emocionais dos alunos. Estratégias comunicativas são planos conscientes que o individuo desenvolve, para resolver um problema com um objetivo comunicativo particular.
Fatores afetivos:
Atitudes- consistem em respostas avaliativas para uma pessoa, lugar ou evento, de acordo com os psicólogos sociais, as atitudes são dirigidas individualmente conforme os pensamentos ou sentimentos no que se acredita, ou opiniões pessoais. Sendo assim, diferentes pessoas desenvolvem diferentes atitudes perante o mesmo estímulo; atitudes são também construções sociais, que estão relacionadas com eventos do mundo externo. As atitudes são levadas em consideração também no meio pedagógico, pois, as atitudes do professor influenciam as respostas de aprendizagem negativas ou positivas do aluno.
Motivação- no meio pedagógico são os estímulos do professor perante o aluno, influenciando assim sua aprendizagem e se suas respostas em relação à aprendizagem.
Fatores de conhecimento:
Conhecimento lingüístico- representa o conhecimento e habilidade em uma língua nativa, em desenvolvimento ou em uma língua já conhecida. Estudos empíricos de Cook (1992) e Gass (1997) comprovam que não “desligamos” a nossa língua principal/nativa, enquanto desenvolvemos uma segunda língua, e que os conhecimentos linguísticos da nossa língua nativa irão servir de apoio para os novos conhecimentos.
Conhecimento metalingüístico- referem-se à habilidade de considerar uma língua, não apenas como objeto de comunicação e expressão de idéias, mas também como objeto de inquérito (Gass & Selinker, 2001)
Fatores ambientais:
Contexto Social- é o meio em que o falante desenvolve a sua língua, como casa, vizinhança, sala de aula e a sociedade em geral. Estudos recentes sugerem que a transição de uma língua nativa para uma segunda língua envolve mais do que habilidades psicolinguísticas, pois dependem também de forças históricas, politicas e sociais.
Contexto Educacional- incorpora-se com o contexto social, estudos focados em psicologia educacional enfatizam a inseparabilidade e a influência recíproca entre o falante e a instituição educacional, juntamente com seus docentes. É impossível separar a vida em sala de aula e suas dinâmicas políticas, educacionais e instruções sociais. Tollefson(2002) menciona que é o contexto educacional que determina os objetivos de programas instrucionais, tornando-os disponíveis em sua segunda língua. O contexto educacional estabelecerá as aplicações da língua e a relação entre a linguagem que o aluno usa em casa e a linguagem que ele usa na escola; definindo sua linguagem “padrão”, linguagem “não padrão” e suas variedades.
O processo de inferência envolve uma série de tentativas e hipóteses sobre vários aspectos do sistema lingüístico. Ao usar a base de conhecimentos linguísticos e não linguísticos do aprendiz, vale a intuição do aluno quando este depara-se com problemas na língua. O aluno transfere o conhecimento de sua língua materna para a segunda língua, como as características fonológicas, morfológicas, sintáticas e pragmáticas; e essas transferências cognitivas ocorrem por se pensar que são características essenciais para a formação linguística.
Conforme os aprendizes começam a entender como o sistema da segunda língua funciona e suas representações mentais começam a se tornar mais explícitas e mais estruturadas, na estruturação, os alunos começam a ver a relação entre vários aspectos linguísticos.
A restruturação pode ser delineada com o estruturalismo proposto por Piaget, o qual diz que o desenvolvimento cognitivo é caracterizado por mudanças fundamentais e qualitativas. Quando uma nova organização estrutural é imposta para o aprendiz, isso faz não apenas com que o aprendiz faça algumas pequenas mudanças estruturais, mas se abra para diversas novas possibilidades.
As estruturas orais e escritas que o aprendiz já consegue produzir é o que se define como output. Ele não é um mecanismo de aprendizagem da língua, mas sim uma evidência do que já foi aprendido.

CONCLUSÃO
O autor nos revela uma conclusão para o capítulo 2 do livro, e nestes processos explorados sobre os conceitos e fatores de intake, pretendeu-se explicar e simplificar a compreensão de como uma segunda língua se desenvolve em adultos em um contexto formal. Analisando também alguns pontos do período crítico, Kumaravadivelu, explica os seis fatores que influenciam o intake, como cada um deles se relaciona e como influenciam no aprendizado de uma segunda língua. O autor também faz uma sucinta explicação sobre output. Todas informações relevantes acerca dos fatores e processos para a compreensão do aprendizado de uma segunda língua.





Adriana Carolina Aleixo

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Capítulo 1: Língua: Conceitos e Preceitos

1- Conceitos teóricos: a Língua como sistema
 Segundo o autor, todos os componentes básicos de uma Língua trabalham em consonância de maneira coerente e sistemática, e seu estudo considera os sistemas e os subsistemas que a compõe. A Língua, como sistema possui tanto suas próprias regras quanto regras para combinação, o que lhe confere a sistematicidade como discutido por Chomsky (apud Kumaravadivelu (2006) 1959, 1965, p.5).

            Chomsky, segundo o autor, comprova a sistematicidade da Língua afirmando que falantes nativos adultos são capazes de formar um número infinito de sentenças a partir de um número finito de regras gramaticais; ainda, em relação às crianças ele afirma que apesar de um estímulo linguístico “pobre” e desprovido de regras formais, elas são capazes de produzir sentenças imensamente ricas, em um curto período de tempo, sem nenhuma instrução formal.
             Segundo Kumaravadivelu (2006), Chomsky postula o conceito de “inatismo” como sendo uma habilidade inata do comportamento humano, demonstrado através da existência da Gramática Universal (GU). A GU consiste em “um conjunto de conceitos abstratos, os quais governam a estrutura gramatical de todas as línguas geneticamente codificadas no cérebro humano” (Kumaravadivelu 2006, p.6). Dois desses conceitos abstratos são conhecidos como “princípios e parâmetros”: os primeiros consistem em regras gerais que todas as línguas naturais possuem e os últimos as especificidades da língua materna.
            Tais conceitos fazem parte da teoria chomskiana conhecida como “teoria da competência linguística” que distingue competência (o conhecimento da língua), de performance (o uso da língua), a partir de um falante/ouvinte ideal.

2- Língua como discurso
            O termo discurso refere-se a um ato de fala ou escrita de uma língua, a qual tem uma relação de formas e significados internos descritivos.
            Segundo Kumaravadivelu (2006), Halliday rejeitando a ideia de Chomsky, ressalta que a comunicação de linguagem é resultado do processo de interação entre funções de idealização, interpessoal e textual da linguagem. Por isso, prefere definir significado de potencial, não em termos de mente mas de cultura.
            Diferente de Halliday, Hymes vê a linguagem como uma estrutura mental de conhecimento mais a habilidade comunicativa de usar a linguagem em situações concretas. Linguagem é algo que nós construímos, e locutor é quem diz algo. Por sua vez, Austin considera também a força do interlocutor chamado de “atos da fala”.
             Os atos de fala referidos por Austin são constituídos por três componentes que ele denomina de locução – o ato de atribuir um significado intencional -, e perlocução – a resposta esperada. Para Austin o mais importante deles é o ilocucionário porque  dele se espera a força necessária para cumprir exigências ou convenções socialmente acordadas. Todos esses atos, em última análise, são determinados pelo contexto.

3- Língua como ideologia
            Ideologia é um corpo sistemático de ideias, organizado a partir de um certo ponto de vista. Thompson definiu ideologia como um “sentido à serviço do poder”. Já Kroskrity sugeriu que é melhor pensar na ideologia linguística como u conjunto de conceitos que consiste de quatro dimensões convergentes:

1.    Ideologias linguísticas representam a percepção de linguagem e discurso que são construídos nos interesses de um grupo social ou cultural específico.

2.    Ideologias linguísticas são concebidas como múltiplas por causa da multiplicidade das divisões sociais dentro de grupos socioculturais que tem o potencial de produzir perspectivas divergentes expressas como índices de adesão ao grupo.

3.    Membros podem demonstrar diferentes graus de consciência de ideologias linguísticas locais.

4.    As ideologias linguísticas dos membros interferem entre as estruturas sociais e modos de falar.
Essas quatro dimensões, de acordo com Kroskrity, devem ser seriamente consideradas para o entendimento da conecção entre linguagem e ideologia. Bourdieu trouxe a noção de “discurso legítimo” e a definiu explicando que “a linguagem tem o valor de quem fala, sendo assim, no nível de interação entre indivíduos, o discurso deve a maioridade de seu valor ao valor da pessoa que o fala”.

3- Preceitos pedagógicos
            Estes conceitos teóricos apresentados são chamados pelo autor de preceitos pedagógicos, e são usados para responder perguntas como o que é linguagem, o que significa saber e usar a linguagem.

4- Componentes da competência
Em 1980, Canale e Swain apresentaram um estudo estabelecendo “uma clara afirmação sobre o conteúdo e os limites da competência comunicativa”. Os componentes identificados são: competência gramatical, competência sociolinguística, competência de discurso, e competência estratégica.
Para Canale e Swain, a competência gramatical inclui “o conhecimento de itens lexicais e regras da morfologia, sintaxe, semântica, e fonologia”.A competência sociolinguística é o conhecimento de que na medida em que a fala é produzida e entendida apropriadamente em contextos sociolinguísticos diferentes dependendo de fatores contextuais como o status dos participantes, motivo da interação, e normas ou convenções da interação. Já a competência do discurso é onde todas as outras competências são realizadas. É no discurso e pelo discurso que a manifestação das outras competências podem ser melhor observadas, pesquisadas e acessadas. Por outro lado, a competência estratégica consiste de estratégias comunicativas verbais e não-verbais, que podem ser colocadas em ação para compensar quebras na comunicação devido a problemas na performance ou competência insuficiente.
Já Bachman propôs um modelo de Capacidade Comunicativa da Linguagem, que divide a competência linguística em duas categorias: competência organizacional e competência pragmática. A competência organizacional é dividida em competência gramatical e competência textual; e a competência pragmática é dividida em competência ilocucionária e competência sociolingüística.
Em outro modelo, Celce-Murcia, Dornyei, e Thurrell dividiram a competência comunicativa em: linguística, sociolinguística, discurso, estratégica, e competência de uso. Em contrapartida, Cook introduziu a teoria de multicompetência, a qual ele definiu como “o estado composto da mente com duas gramáticas”. Em suas pesquisas, Cook consolidou que “um individuo multicompetente aborda a linguagem diferentemente em termos de consciência metalinguística; e que a multicompetência afeta outras partes da cognição”, ou seja, a multicompetência é um estado de mente diferente.
5- Áreas do conhecimento/habilidade
            Outros termos usados no campo da linguística aplicada são o conhecimento de linguagem e a capacidade de linguagem. Segundo Widdowson, “conhecimento de linguagem é o que está na memória do usuário da língua, e quando é usado de modo apropriado para alcançar o seu objetivo comunicativo em um determinado contexto, se torna capacidade de linguagem. Já Bachman e Palmer criaram uma lista de áreas do conhecimento de linguagem, contendo: o conhecimento organizacional (como expressões ou sentenças e textos são organizados), conhecimento gramatical (como expressões ou sentenças individuais são organizados), conhecimento textual (como expressões ou sentenças são organizados para formar textos), conhecimento pragmático (como expressões ou sentenças e textos estão relacionados com o propósito comunicativo do usuário da linguagem e das características da colocação do uso da linguagem), conhecimento funcional (como expressões ou sentenças e textos estão relacionados com o propósito comunicativo do usuário), e conhecimento sociolinguístico (como expressões ou sentenças e textos estão relacionados as características da colocação do uso da linguagem). Mais tarde, foi adicionado à essa lista a competência estratégica.
Kumaravadivelu prefere utilizar os termos conhecimento/capacidade como um só, evitando o complicado termo competência, para se referir ao nível de conhecimento geral que um usuário da língua tem, ou a que um estudante de língua procura ter. No geral, o conhecimento/capacidade de linguagem contém duas dimensões inter-relacionadas: conhecimento/capacidade linguística e conhecimento/capacidade pragmática.
6-Conclusão


O propósito deste capítulo foi o de explorar os conceitos fundamentais da linguagem e os preceitos pedagógicos que podem ter sido derivados deles. Foram discutidos conceitos de língua como sistema, língua como discurso, e língua como ideologia; também foram apontados certos preceitos pedagógicos acerca dos componentes da competência, assim como áreas do conhecimento/capacidade.


Capítulo 2: Aprendizagem: Fatores e Processos

Neste capítulo, Kumaravadivelu discute cinco grandes formações que constituem a cadeia de input-output: input, intake, fatores de intake, processos de intake e output em relação ao desenvolvimento da L2 em adultos. Outro ponto apresentado no capítulo é a versão revisada da estrutura interativa de processos de intake.

2.1 – Input
Input pode ser definido como o corpus oral ou escrito de uma língua-alvo, em que estudantes de L2 sã expostos. Essa definição apresenta duas condições: disponibilidade e acessibilidade.
Na condição da disponibilidade, o input deve estar disponível para o estudante, ou ele deve busca-lo. Há três tipos de input que podem ser identificados em relação à disponibilidade: input por interlinguagem, input simplificado e input não simplificado.
Já na condição da acessibilidade, o input deve ser reconhecido pelo estudante como input de linguagem. Alguns segmentos de input de linguagem disponível para os estudantes podem se tornar acessíveis pelo processo que Gass (1997) chamou de apercepção (o ato cognitivo interno no qual a forma linguística está relacionada com um conhecimento prévio).
Schmidt (1990, 1993) sugeriu alguns fatores que fazem com que o estudante perceba e aceite um subconjunto da linguagem exposta a ele como input. Estes fatores são: frequência de ocorrência, saliência perceptual, complexidade linguística, nível de proficiência, e demanda de tarefas.

2.2 – Intake
Duas linhas de pensamento podem ser usadas para definir o intake: uma trata o intake como produto, e outra o trata como um processo. A visão como produto identifica o intake como parte do input, antes do input ser processado pelo estudante. Já a visão como processo, identifica o intake como o que vem depois do processamento psicolinguístico.
Deste modo, intake é visto como uma entidade abstrata da linguagem do estudante, que foi completamente ou parcialmente processada, e completamente ou parcialmente assimilada em seus sistemas de interlinguagem em desenvolvimento.

2.3 – Fatores de Intake
            Fatores de Intake se referem aos fatores internos e externos do estudante, que agem nos processos psicolinguísticos no estudo de línguas. Kumaravadivelu (2006) isolou seis fatores – cada um contendo duas variáveis – que 0facilitam o desenvolvimento de L2; são eles: fatores individuais (idade e ansiedade), fatores de negociação (interação e interpretação), fatores táticos (estratégias de estudo e de comunicação), fatores afetivos (atitudes e motivação), fatores de conhecimento (conhecimentos de linguagem e de metalinguagem), e fatores de ambiente (contexto social e educacional).
            Quanto ao fator individual da idade, Scovel (2001) identificou três linhas de pensamento diferentes. A primeira linha afirma que existe um período crítico, mas que é confinado apenas aos sotaques estrangeiros. A segunda linha acredita que há um período crítico, não apenas os sotaques, mas também para a gramática. Já a terceira linha afirma que não existe um período crítico, nem mesmo para a fala.
            Uma outra abordagem sugere um período sensitivo, no lugar do período crítico, para o desenvolvimento da L2; de modo que o período sensitivo representa uma “ineficiência progressiva do organismo”, diferindo do período crítico, que apresenta uma definida “janela de oportunidade”.
            O fator da ansiedade (no contexto da aprendizagem da L2),segundo Gardner e seus colegas, tem um efeito negativo significante no desenvolvimento da L2, podendo ocorrer em qualquer um dos três níveis de desenvolvimento da linguagem: input – podendo causar déficit de atenção, impactando na representação inicial de itens na memória-; intake – o processamento cognitivo relacionado à emoção e à tarefa-; e output – interferindo no armazenamento e recuperação de informações aprendidas previamente.
            Os fatores de negociação ocorrem em, pelo menos, três dimensões: introspecção, interação e interpretação. A introspecção, devido ao seu caráter intrapessoal, raramente está disponível para observação e análise direta.
            A interação tem um papel facilitativo na aprendizagem da L2. Long (1981, 1996) propôs a hipótese interacional na qual ele postula que a interação entre os participantes promove a compreensão e produção, fazendo com que haja maior facilidade no desenvolvimento da L2.
            O fator da interpretação, associado com a oportunidade de interação, é a capacidade de interpretar sentenças da língua alvo. Este fator ajuda os estudantes diferenciar o que foi falado com o seu significado. Widdowson (1983) notou que estudantes de L2, quando encontram exemplos da língua alvo, precisam lidar com várias possibilidades, como por exemplo:
a)    Sentenças podem transmitir mais que o seu significado literal;
b)    Sentenças podem não transmitir seu significado literal;
c)    Sentenças podem transmitir seu significado apenas se acompanhadas de certas especificações.
Os fatores táticos se referem a um aspecto importante do desenvolvimento da L2: a consciência do estudante e a habilidade de usar táticas ou técnicas para um aprendizado efetivo da L2 e uso efetivo do seu repertório limitado desenvolvido até o momento.
Entre os fatores táticos estão as estratégias de aprendizado – que são as operações e rotinas usadas pelo estudante para facilitar a obtenção, o armazenamento, a recuperação e o uso da informação -, e de comunicação – estratégias de compensação que os estudantes adquirem com o intuito de compensar o seu conhecimento/habilidade linguístico e pragmático ainda em desenvolvimento.
Os fatores afetivos estão relacionados com inúmeras variáveis que caracterizam a disposição do estudante. As duas variáveis mais importantes são as atitudes e a motivação. Uma atitude positiva é necessária para o aprendizado de uma língua, porém, não é suficiente. A motivação é necessária em vários contextos e níveis do desenvolvimento da L2; e, quando combinada com a atitude positiva, faz com que o estudante tenha um desenvolvimento melhor da L2.
Os fatores de conhecimento envolvem o conhecimento de linguagem e de metalinguagem. Segundo Kumaravadivelu (2006), todos os alunos de L2 adultos carregam não apenas o seu conhecimento/habilidade de L1 mas também as suas percepções e expectativas quanto à língua e o seu aprendizado e uso. Neste fator, o conhecimento de linguagem representa o conhecimento/habilidade na língua nativa, na língua alvo que está sendo desenvolvida, e nas outras línguas já conhecidas. Já o conhecimento de metalinguagem se refere à habilidade do aluno de ver a língua não só como um modo de expressar ideias e de se comunicar, mas também como um objeto de investigação.
Os últimos fatores citados por Kumaravadivelu são os fatores de ambiente, que estão relacionados com o meio em que o aprendizado e o ensino da língua acontecem. Dois contextos que contribuem nos fatores de ambiente são os contextos sociais e educacionais.
O contexto social está relacionado com os ambientes de aprendizado de língua tais como o lar, a vizinhança, a sala de aula e a sociedade. Este contexto molda as várias questões relacionadas com o aprendizado e ensino, por exemplo:
a)    A motivação;
b)    O objetivo;
c)    As funções esperadas que a L2 tenha na comunidade;
d)    A disponibilidade de input;
e)    A variação do input;
f)     As regras de proficiência aceitáveis em uma determinada comunidade de fala.

2.4 – Processos de Intake
            Processos de Intake são mecanismos cognitivos que mediam e interagem com os dados do input e com os fatores de intake. Estes processos podem ser agrupados em três categorias: inferênciação, estruturação e reestruturação.
            A inferênciação envolve realizar uma série de palpites inteligentes para obter hipóteses sobre vários aspectos do sistema da língua alvo (Kumaravadivelu 2006, p45). Este processo é de grande utilidade quando os estudantes são capazes de prestar atenção às novas características presentes nos dados de input, com intuito de preencher a lacuna entre o que já é conhecido e o que precisa ser aprendido.
            A estruturação se refere as processo que rege as representações mentais da língua alvo e a sua evolução durante o desenvolvimento da interlinguagem. Quando o aluno começa a entender como o sistema da L2 funciona, e a sua representação mental do sistema se torna mais explicita e mais estruturada, ele começa a ver a relação entre várias categorias e conceitos.
            A reestruturação denota a adição de uma estrutura totalmente nova que permite uma interpretação totalmente nova. Este processo faz com que os estudantes abandonem a sua intuição inicial e optem por uma nova hipótese. A reestruturação pode operar nos níveis fonológico, morfológico, sintático, semântico e pragmático.
            Em suma, os processos de intake constituem os mecanismos mentais que governam o desenvolvimento da L2. Eles funcionam em sincronia de modos indeterminados para facilitar ou reprimir a formação de representações mentais do sistema da língua alvo.

2.5 – Output
            Output é o corpus de sentenças que os alunos são capazes de produzir oralmente ou pela escrita. Tradicionalmente, o output é considerado como uma
evidência de o que já foi aprendido; porém, pesquisas mostram que o output também está relacionado com a tentativa de produzir a linguagem, o que move os alunos de processar a linguagem no nível de significado de palavras avulsas para processar a linguagem no nível de estruturas gramaticais.

2.6 – Um Estrutura Interativa dos Processos de Intake
            Após discutir vários aspectos do input, intake, fatores de intake, processos de intake e output; Kumaravadivelu tenta colocar todos esses aspectos juntos, de modo que seja compreensível como os estudantes podem internalizar o conhecimento do sistema da L2.
            Apesar da dificuldade de investigação e das ferramentas limitadas disponíveis para os pesquisadores, existem vários modelos exploratórios de cognição; e, a partir desses modelos, Kumaravadivelu desenvolveu a Estrutura Interativa dos Processos de Intake, com referência ao desenvolvimento da L2 em adultos. Esta estrutura procura mostrar a complexa relação entre input, intake, fatores de intake, processos de intake e output.
            A estrutura interativa é composta por input, fatores de intake, uma unidade central de processamento (CPU) e output. A CPU consiste dos processos cognitivos de inferenciação, estruturação e reestruturação. A fase inicial do processamento de intake é ativada quando os alunos começam a prestar atenção ao input linguístico que eles julgam acessível ou compreensível. O input entra na CPU diretamente ou através dos fatores de intake, esta entrada inicia o processa de construção da linguagem.
            Uma tarefa importante da CPU é reduzir a pressão nos sistemas de memória codificando pedaços de informação em esquemas organizacionais que façam sentido. Esta codificação é auxiliada pelo processo de intake de inferenciação, que ajuda os estudantes obter hipóteses funcionais sobre os aspectos sintáticos, semântico e pragmático da língua alvo.
            O estabelecimento das representações mentais acontece devido à estruturação, que é responsável pelo armazenamento das informações. A transição do sistema funcional da memória para um esquema permanente da memória é critico, pois o uso da linguagem exige que unidades linguísticas como fonemas, morfemas, palavras, frases, modelos sintáticos e outras unidades do discurso, sejam extraídos e armazenados em forma de esquemas na memória.
            A reestruturação representa uma formação rápida de conhecimento que pode resultar em um aprendizado acidental, a partir dos complexos problemas da linguagem que dão lugar as decisões corretas acerca do sistema da língua alvo. Este nível de processamento de intake faz parte do processamento de informação automático.
            A estrutura interativa de processamento de intake incorpora vários aspectos de processamento paralelo distribuído em níveis micro e macro. Esta estrutura interativa também sugere que o input linguístico não é processado linearmente, e sim visto como interativo e paralelo, respondendo simultaneamente a todos os fatores e processos disponíveis em um tempo determinado. Em outras palavras, nenhum fator de intake é um pré-requisito para que outro seja ativado, mas cada um é considerado um corequisito.

2.7 – Conclusão
            Neste capítulo, foi explorado os conceitos de intake, fatores de intake e processos de intake com o intuito de explicar os fatores e processos que facilitam o desenvolvimento da L2 em adultos em contextos formais. Foi apresentando também uma estrutura interativa sintetizando conhecimentos teóricos e empíricos. Em adição ao input e output, a estrutura interativa dos processos de intake apresentada consiste de um grupo de fatores e processos de intake. A natureza interativa dos fatores e processos de intake sugerem que o input pode ser convertido em intake se os fatores e processos de intake são positivamente favoráveis e que a ausência consistente de um ou a combinação dessas construções podem resultar em um aprendizado parcial ou até mesmo da não aprendizagem.


            Kumaravadivelu finaliza o capítulo explicando que com a natureza limitada de conhecimento que pode ser extraído das pesquisas em L2, o professor tem a tarefa de utilizar esse conhecimento para poder ensinar, levando em conta a dinâmica da sala de aula. Deste modo o professor pode construir uma pedagogia que acelere o aprendizado da língua e alcance o objetivo desejado.




Jaqueline Correia
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Cap.1:Língua: conceitos e Preceitos 

1.Conceitos teóricos: a Língua como sistema
Segundo o autor, todos os componentes básicos de uma Língua trabalham em consonância de maneira coerente e sistemática, e seu estudo considera os sistemas e subsistemas que a compõem a Língua, como sistema possui tanto suas próprias regras quanto regras para combinação, o que lhe confere a sistematicidade como discutido por Chomsky( apud Kuma (2006) 1959, 1965, p.5) 
Chomsky, segundo o autor, comprova a sistematicidade da Língua afirmando que falantes nativos adultos são capazes de formar um número infinito de sentenças a partir de um número finito de regras gramaticais; ainda, em relação as crianças ele afirma que apesar de um estimulo linguístico ‘’ pobre’’ e desprovido de regras formais, elas são capazes de produzir sentenças imensamente ricas, em um curto período de tempo, sem nenhuma instrução formal.
            Segundo Kumaravadivelu (2006), Chomsky postula o conceito de ‘’inatísmo’’ como sendo uma habilidade inata do comportamento humano, demonstrado através da existência da Gramatica Universal (GU). A GU consiste em ‘’um conjunto de conceitos abstratos, os quais governam a estrutura gramatical de todas as línguas geneticamente codificadas no cérebro humano’’(Kum. 2006, p.06). Dois desses conceitos abstratos são conhecidos como ‘’princípios e parâmetros’’. Os primeiros consistem em regras gerais que todas as línguas naturais possuem e os últimos as especificidades da língua materna da língua materna.
            Tais conceitos fazem parte da teoria Chomskiano conhecida como ‘’ teoria da competência linguística ‘’ que distingue competência (o conhecimento da língua ), de performance ( o uso da língua), a partir de um falante ouvinte ideal.

2. Língua como discurso.
O termo discurso refere-se a um ato de fala ou escrita de uma língua, a qual tem uma relação de formas e significados internos descritivos.
Segundo Kuma(2006), Haliday rejeitando a ideia de Chomsky, ressalta que a comunicação de linguagem é resultado do processo de interação entre funções de idealização, interpessoal e textual e textual da linguagem. Por isso,  prefere definir significado de potencial , não em termos de mente mas de cultura.
Diferente de Halliday, Hymes vê a linguagem como uma estrutura mental de conhecimento mais a habilidade comunicativa de usar a linguagem em situação concretas. Linguagem é algo que nós construímos, e locutor é quem diz algo. Por sua vez, Austin considera também a força do interlocutor chamando de ‘’Atos de Fala’’.
Os atos de fala referidos por Austin são constituídos por três componentes que ele denomina de locução – o ato de dizer algo, simplesmente-, ilocuçao- o ato de atribuir um significado intencional-, e perlocução – a resposta esperada.
Para Austin o mais importante deles é o ilocucionário porque dele se espera a força necessária para cumprir exigências ou convenções socialmente acordadas. Todos esses atos, em última analise, são determinados pelo contexto.
O terceiro e último tópico sobre linguagem, que refere-se a linguagem como ideologia.  A ideologia é "um corpo sistemático de ideias, organizado a partir de um determinado ponto de vista "(Kress e Hodge, 1979, p. 6). Desta maneira soa bastante simples e direta. Por uma questão de fato, a ideologia é um conceito contestado.
Para melhor explicar este tópico Kumaravadivelu cita Tompson que de forma breve fez a conexão entre linguagem e ideologia muito clara. Expandindo essa conexão, antropólogo Kroskrity (2000, todas em itálico original) sugeriu que é rentável para pensar em ideologias linguísticas como uma aglomerado de conceitos que consistem em quatro dimensões, que de acordo com Kroskrity, devem ser consideradas seriamente se quisermos entender a conexão entre linguagem e ideologia.
No entanto, entende-se que a linguagem como ideologia vai muito além dos limites da sistêmica e discursiva recursos de linguagem, e localiza-lo como um site de poder e dominação por tratando-o tanto como um transportador e um tradutor de ideologia que serve interesses escusos.


Kumaravadivelu conclui o primeiro capitulo de seu livro discutindo termos de componentes de competência linguística, e as áreas de conhecimento da língua/ capacidade. E nos deixa claro que os conceitos teóricos resenhados acima  têm ajudado linguistas aplicados para derivar diretrizes conceituais úteis e utilizáveis sobre a linguagem para fins do ensino em sala de aula.
O Segundo capítulo do livro -  Língua: Conceitos e Preceitos - , tem início abordando o tema Input que Kumaravadivelu define como um corpo oral ou escrito da língua alvo a qual o aprendiz será exposto através de diferentes fontes e irá reconhecê-las, e para isso há duas condições: Disponibilidade e acessibilidade.
Na disponibilidade o aprendiz irá ser exposto à língua, para isso há três tipos diferentes de input, são eles: Interlíngua, Simplificado, Não Simplificado. E na acessibilidade o input deve ser reconhecido pelo aprendiz como um input e visto como algo que eles podem lidar, o input de uma língua que está disponível, mas não acessível, não passa de barulho para o aprendiz.
O próximo tópico, intake , que diferente do Input, pode ser definido segundo Kimball e Palmer, como: “Input requer que o aluno escute para interpretar os significados implícitos, de maneiras similares as que eles utilizam para interpretar em uma comunicação informal”, Krashen diz que o Intake é de onde a aquisição de uma língua vem. Kuma nos apresenta uma “conclusão” sobre o que é o intake, para ele é uma entidade abstrata da língua do aprendiz que se assimila com o sistema linguístico da língua que está sendo aprendida.
Sendo assim podem haver vários fatores que levam ao Intake, podendo ser fatores internos ou externos, que acompanham o processo psicolinguístico do aprendizado de uma língua.
Segundo Krashen, um input compreensível e um baixo filtro afetivo são os únicos dois fatores que determinam o intake. Muitos outros linguistas apresentados no texto como Freeman concordam que a chave para um input se tornar intake é a compreensão. Kumaravadivelu nos mostra que há seis fatores que influenciam o intake no aprendizado de uma segunda língua, sendo eles:  Fatores individuais que englobam a Ansiedade; Fatores de negociação que pode corresponder a interpretação; Fatores táticos que envolvem estratégias sociais/afetivas e estratégias comunicativas; Fatores afetivos que trabalham a motivação, Fatores de conhecimento que engloba o Conhecimento metalinguístico e Fatores ambientais sendo a inferência, estruturação e Restruturação. O autor discute estes fatores mostrando como cada um deles se relacionam e a influência no aprendizado de uma segunda língua.
A respeito do output Kumaravadivelu nos diz que este refere-se a estruturas orais e escritas que o aprendiz já consegue produzir. Ou seja, o output não é um mecanismo de aprendizagem da língua, mas sim uma evidencia do que já foi aprendido.
Após explorar os conceitos de intake, fatores do intake,  processos de intake e output, o autor conclui o capitulo com a ideia de que estes fatores buscam explicar e facilitar o entendimento de como uma segunda língua se desenvolve em adultos em um contexto formal, explorando também alguns pontos do período crítico. 





Vanderléia Tadra


Cap.1: Língua: conceitos e Preceitos
1. Conceitos teóricos: a Língua como sistema
Segundo o autor, todos os componentes básicos de uma língua trabalham em consonância de maneira coerente e sistemática, e seu estudo considera os sistemas e subsistemas que a compõem a língua, como sistema possui tanto suas próprias regras quanto regras para combinação, o que lhe confere a sistematicidade como discutido por Chomsky( apud Kumaravadivelu (2006) 1959, 1965, p.5) 
Resultado de imagem para imagens de escrita e leituraChomsky, segundo o autor, comprova a sistematicidade da língua afirmando que falantes nativos adultos são capazes de formar um número infinito de sentenças a partir de um número finito de regras gramaticais; ainda, em relação as crianças ele afirma que apesar de um estímulo linguístico “pobre” e desprovido de regras formais, elas são capazes de produzir sentenças imensamente ricas, em um curto período de tempo, sem nenhuma instrução formal.
            Segundo Kumaravadivelu (2006), Chomsky postula o conceito de ‘’inatismo’’ como sendo uma habilidade inata do comportamento humano, demonstrado através da existência da Gramática Universal (GU). A GU consiste em “um conjunto de conceitos abstratos, os quais governam a estrutura gramatical de todas as línguas geneticamente codificadas no cérebro humano” (Kumaravadivelu, 2006, p.06). Dois desses conceitos abstratos são conhecidos como “princípios e parâmetros”. Os primeiros consistem em regras gerais que todas as línguas naturais possuem e os últimos as especificidades da língua materna.
            Tais conceitos fazem parte da teoria Chomskiana conhecida como “teoria da competência linguística”  que distingue competência (o conhecimento da língua), de performance ( o uso da língua), a partir de um falante ouvinte ideal.

2. Língua como discurso
O termo discurso refere-se a um ato de fala ou escrita de uma língua, a qual tem uma relação de formas e significados internos descritivos.
Segundo Kumaravadivelu (2006), Halliday rejeitando a ideia de Chomsky, ressalta que a comunicação de linguagem é resultado do processo de interação entre funções de idealização, interpessoal e textual da linguagem. Por isso, prefere definir significado de potencial, não em termos de mente mas de cultura.
Diferente de Halliday, Hymes vê a linguagem como uma estrutura mental de conhecimento mais a habilidade comunicativa de usar a linguagem em situação concreta. Linguagem é algo que nós construímos, e locutor é quem diz algo. Por sua vez, Austin considera também a força do interlocutor chamando de ‘’Atos de Fala’’.
Os atos de fala referidos por Austin são constituídos por três componentes que ele denomina de locução – o ato de dizer algo, simplesmente-, ilocução- o ato de atribuir um significado intencional-, e perlocução – a resposta esperada.
Para Austin o mais importante deles é o ilocucionário porque dele se espera a força necessária para cumprir exigências ou convenções socialmente acordadas. Todos esses atos, em última análise, são determinados pelo contexto.

3. Língua como ideologia
E a terceira perspectiva da linguagem é a língua como ideologia, na qual consiste na forma pela qual a linguagem é utilizada para que assim se mantenham as relações de domínio ou poder. A linguagem e ideologia estão intimamente ligadas. Para Thompson (1990) ideologia se define como "significado no serviço do poder" (p. 7, ênfase no original). Desta forma, "para estudar a ideologia é para estudar as formas em que significado serve para estabelecer e manter relações de dominação "(p. 56). Thompson ainda faz uma a conexão entre linguagem e ideologia. Expandindo essa conexão, o antropólogo Kroskrity (2000, todas em itálico original) sugeriu que é rentável para pensar em ideologias linguísticas como um aglomerado de conceitos que consistem em quatro dimensões convergindo:
Em primeiro lugar, "ideologias linguísticas representam a percepção da linguagem e do discurso que é construído no interesse de um grupo social ou cultural específica "(p. 8, apud Kumaravadivelu). Em segundo lugar, "ideologias linguísticas são proveitosamente concebido como múltiplo por causa da multiplicidade de divisões sociais significativas (de classe, de gênero, clã, elites, gerações, e assim por diante) dentro dos grupos socioculturais que têm o potencial para produzir perspectivas divergentes expressos como índices de adesão ao grupo "(p. 12, apud Kumaravadivelu).). Em terceiro lugar, "os membros podem apresentar diferentes graus de consciência da língua local ideologias "(p. 18, apud Kumaravadivelu). Finalmente, "ideologias linguísticas dos membros mediação entre estruturas sociais e formas de falar "(p. 21).  de acordo com Kroskrity, estas quatro dimensões citadas acima te levam a compreender melhor a conexão entre linguagem e ideologia.



Capítulo 02: Aprendendo: fatores e processos

Neste capítulo, Kumaravadivelu (2006) discute as construções que constituem o input, intake e output e como eles se relacionam com o desenvolvimento de uma segunda língua em contextos formais na fase adulta.
Kumaravadivelu (2006) inicia relatando sobre o input, este input na área de ensino a entrada em que os aprendizes de L2 são devidamente expostos, isto é, a segunda língua para eles é reconhecida como o idioma de entrada. A definição sobre o input é postulado em duas condições, a primeira delas é a disponibilidade, a qual é disponibilizada uma entrada para os alunos, os quais vêm a ser exposta a língua, por conta disso temos três tipos diferentes tipos de input: Interlíngua, Simplificado, Não Simplificado.  E a segunda condição é a acessibilidade que é menos transparente que a primeira condição relatada, mas da mesma forma é importante. Pois bem, esta condição tende a ser reconhecida pelos aprendizes como idioma de entrada, além disso, aceita por eles como algo com o qual podem lidar.
Estas condições relatadas acima são fundamentais quando o aprendiz é exposto a linguagem, isto faz com que percebam e aceitem esta exposição como entrada potencial. Em decorrência disso, Schmidt (1990, 1993) sugeriu alguns fatores, assim como a “frequência de ocorrência, saliência perceptual, complexidade lingüística, nível de habilidade, e de tarefas demandas. Pode-se também adicionar outros fatores, tais como as necessidades dos alunos e desejos, bem como os seus interesses e motivação” (apud Kumaravadivelu, 2006, p. 46). A seguir Kumaravadivelu relata sobre o intake.
O conceito de intake não é fácil de definir. Em meio a seu conceito surgem duas vertentes de pensamento: uma delas trata do intake como produto, e a outra vertente de pensamento trata principalmente como processo. Tendo uma visão de produto, Kimball e Palmer (1978) definem intake como "input que exige que os alunos para escutar e interpretar significados implícitos em formas semelhantes às maneiras de fazer isso em comunicação informal "(pp. 17-18 apud KUMARAVADIVELU, 2006). Um dos fios comuns condutores dessas definições é que todos eles tratam principalmente o intake como um produto, um subconjunto de entrada linguística que vem a ser exposta ao aluno.
Talvez o primeiro enfatize o papel de "aquisição de linguagem
"na conversão de entrada para o intake. Corder definiu intake
como "o que entra e não o que está disponível para ir” (1967, p. 165, grifo do
original apud KUMARAVADIVELU, 2006). Do mesmo modo, os autores, Faerch e Kasper (1980) definem intake como "o subconjunto
da entrada que é assimilado pelo sistema de Interlinguagem (IL) e que o sistema de IL a acomoda "(p. 64).
Hatch (1983) concorda com os autores acima que definem intake como um subconjunto de entrada que "o aluno realmente é processado com êxito e completamente "(p. 81).  
Da mesma maneira, Chaudron (1985) se refere ao intake como "o processo de mediação entre a língua-alvo disponível para os alunos como entrada e conjunto internalizado do aprendiz de segunda língua com regras e estratégias para o desenvolvimento da segunda língua "(p. 1). Além de Chaudron, Liceras (1985) também optou por uma definição orientada para o processo quando se fala de capacidades cognitivas que intervêm ao nível do intake.  Estas foram, portanto, algumas das possíveis definições sobre intake. A seguir temos os fatores do intake.
Os fatores do intake se referem aos fatores da aprendizagem interna e da aprendizagem externa, sendo, portanto exercido sobre os processos psicolingüísticos da aprendizagem de línguas. Assim como os estudiosos diferem no conceito de intake, eles diferem amplamente na sua escolha dos fatores de intake. Corder (1967) sugeriu que "é a aprendizagem que controla o input ou mais corretamente seu intake” (p. 165 apud KUMARAVADIVELU, 2006). Para controlar a aprendizagem, ele acrescentou as características de seu mecanismo de aquisição da linguagem como outro fator. Para Krashen, os dois únicos fatores que determinam o intake é um input compreensível e um baixo filtro afetivo. A chave para um input se tornar intake nada mais é do que a compreensão.  
Desta forma, Kumaravadivelu (2006) argumenta que há seis fatores que influenciam o intake no aprendizado de uma segunda língua, e que estão entre os pólos dos fatores internos de aprendizagem e os fatores externos de aprendizagem, sendo os seguintes: 1) fatores individuais= idade e ansiedade; 2) Fatores afetivos= atitudes e motivação; 3) Fatores de táticas= estratégias de aprendizagem e estratégias de comunicação; 4) Fatores de conhecimento= conhecimento da linguagem e conhecimento da metalinguagem; 5) Fatores de negociação= interação e interpretação; 6) Fatores ambientais= contexto social e contexto educacional.
Assim como o input e o intake, o referido autor finaliza o capítulo com o output. O output atribui-se ao que o discente já consegue produzir por meio da fala e da escrita, isto é, o output nada mais é do que uma evidencia daquilo que já foi estudado e aprendido.










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