Resenha:
How languages are learned (Patsy M. Lightbown e Nina Spada)
Acadêmica:
Carolina Filipaki
Capítulo 1:
Learning a first language
Este livro tem como objetivo descrever e analisar as
diversas teorias que explicam a aprendizagem de línguas, tanto as línguas
nativas como as segundas línguas. No primeiro capítulo, as autoras fazem uma
breve revisão das teorias de aprendizagem da primeira língua, mostrando como
diferentes teorias, autores e perspectivas compreendem a aprendizagem da
primeira língua.
Behaviorismo
A
primeira teoria abordada é a do behaviorismo, que em sua visão mais tradicional
coloca a aprendizagem da primeira língua como fruto da imitação e formação de
hábitos. Contudo, estudos empíricos demonstram que na prática a linguagem da
criança é seletiva naquilo que decide imitar. Além disso, a linguagem das
crinças é criativa, ou seja, suas produções muitas vezes não são encontradas
nas falas dos adultos.
Percebe-se
que as crianças parecem pegar modelos e generalizá-los, aplicando-os em novos
contextos, por meio de tentativa e erro, até que aprendem aquilo que é correto.
Esta situação coloca em xeque a ideia de que toda produção é fruto da imitação,
afinal, esta afirmação não consegue explicar as formas inéditas produzidas
pelas crianças (p.6).
Inatismo
O inatismo tem Noam Chomsky como principal teórico. Ele
afirma que todas as crianças possuem um aparato inato e biológico (Language
Acquisition Device), que faz com que a linguagem se desenvolva assim como
qualquer outra função do corpo humano, a exemplo da capacidade de andar (p. 7).
Nesta perspectiva, o contexto pouco influencia no
desenvolvimento desta característica, pois as crianças nasceriam com a
habilidade da linguagem e descobririam sozinhas as regras do sistema
linguístico no qual estão socialmente inseridas. Para que esta descoberta
aconteça, Chomsky acredita que toda pessoa nasce dotada com a gramática
universal, que possui regras básicas de todas as línguas. A partir de pequenos
inputs recebidos, a criança estaria apta a sozinha desenvolver esta capacidade
(p. 8).
A
hipótese do período crítico
Chomsky aborda também a hipótese do período crítico, ou
seja, aquele em que a pessoa teria mais facilidade de aprender. Segundo ele,
até o início da puberdade, o Language Acquisition Device funcionaria mais
corretamente e responderia melhor aos estímulos, sendo assim, o período que vai
do nascimento ao início da puberdade seria o ideal para a aprendizagem de uma
língua (p.11). O livro cita exemplos de crianças que devido ao isolamento, após
o período crítico não conseguiram se tornar adultos com habilidades
linguísticas normais.
A
posição interacionista
Como o nome desta teoria já deixa explícito, ela tem como
foco a importância da interação entre as pessoas para que a língua seja
desenvolvida de maneira normal, sendo esta interação é considerada crucial.
Considerações
sobre o primeiro capítulo
Este capítulo apresentou de diversas maneiras como a
língua pode ser aprendida com base em diferentes perspectivas. Por meio de
evidências e do relato de estudos de caso, as autoras mostram aquilo que as
teorias conseguiram comprovar e os questionamentos levantados contra elas por
meio situações que contradizem aquilo que é exposto pelos teóricos.
De
maneira geral, pode-se afirmar que cada teoria explica aspectos diferentes do
aprendizado da primeira língua, entretanto, nenhuma delas coloca fim às
discussões, pois cada uma se dedica a um aspecto diferente do aprendizado da
língua, deixando algumas lacunas que a própria teoria não explica.
Capítulo 2
Theories of second language learning
O
segundo capítulo aborda as teorias de aquisição da segunda língua. No início,
as autoras esclarecem que muitas das teorias de aprendizagem de segunda língua
utilizam-se das teorias que abordam a aprendizagem da primeira língua. Contudo,
elas reiteram que a aprendizagem da primeira e da segunda língua, embora tenham
pontos comuns, são eventos distintos e que devem ser tratados de maneira
diferente.
Características
do aprendiz
As autoras destacam que todo estudante de segunda língua
já possui conhecimento prévio, o qual pode ser útil porque ele compreende como
a língua funciona, mas pode também atrapalhar porque pode fazer adivinhações
erradas acerca da língua que está aprendendo e ser induzido a erros devido a
este conhecimento prévio (p.21).
Destaca-se também a diferença entre os jovens aprendizes
e os mais velhos. As autoras dizem que o jovem aprendiz pode não possuir
maturidade cognitiva, consciência metalinguística e conhecimento de mundo que o
aprendiz de segunda língua tem e que o aprendiz da primeira língua náo temmedo
de usar a língua mesmo com baixa proficiência (p.22).
Learning
conditions
Os jovens
aprendizes de segunda língua em contexto informal de aprendizagem falam quando
estão prontos, enquanto os adultos comumente são forçados a falar. Os
aprendizes mais velhos recebem apenas nas salas de aula a exposição limitada da
segunda língua e que neste meio os erros são corrigidos, ao contrário do que
acontece numa situação informal de aprendizado. Neste contexto, frisa-se também
a questão do imput modificado, emq eu os professores adaptam a fala para
facilitar a compreensão.
Behaviourism:
the second language views
Na perspectiva do behaviorismo para a segunda língua, os
erros são vistos como hábitos da primeira língua que interferem na aprendizagem
da segunda. Com isso, na visão behaviorista, o aprendiz teria mais facilidade
em aprender estruturas similares à da primeira língua.
A principal crítica a esta visão é a de que o
behaviorismo diz que os erros são previsíveis, mas ele não explica tudo o que
acontece.
Cognitive theory: a new
psychological approach
A
teoria cognitiva vê a aquisição da segunda língua como uma construção de
sistemas de conhecimento que podem ser acessados automaticamente para a fala e
a compreensão. Sendo assim, por meio da experiência e prática, aprendizes
conseguem ter a habilidade de usar certas ‘partes’ do conhecimento adquirido
tão rápido e automaticamente, que nem percebem o que estão fazendo.
Creative
construction theory
Nesta hipóteses,
os aprendizes construiriam representações internas da língua que está sendo
aprendida, ou seja, imagens mentais da língua alvo. Com isso, essas
representações internas vão se transformando gradativamente em um sistema
complexo da língua alvo.
A aquisição acontece de maneira interna enquanto os
estudantes são expostos à língua e sua fala a escrita são frutos do processo de
aprendizagem e não um meio para se aprender, como estabelecem outras teorias.
A
teoria do monitor
Stephen Krashen
desenvolveu uma teoria de aprendizagem de segunda língua composta por cinco
hipóteses:
1 – The
acquisition-learning hypothesis: ele difere aquisição de aprendizagem. A aquisição
ocorre quando o aprendiz se envolve de maneira significativa com a segunda
língua, como acontece com as crianças que aprendem uma primeira língua. A
aprendizagem seria um processo consciente de estudos e atenção às estruturas da
língua alvo, como acontece nas salas de aula.
2 – The monitor
hypothesis: o sistema linguístico aprendido atuaria como um monitor, que faz
com que o falante reflita sobre aquilo que irá produzir, desta forma, ele
precisa de tempo suficiente, foco na estrutura e conhecimento das regras.
3 – The natural order
hypothesis: esta hipótese estabelece que as regras da língua são adquiridas
numa sequência previsível, em que algumas regras são aprendidas logo no início
e que outras são compreendidas apenas mais tarde.
4 – The input
hypothesis: a língua só é aprendida quando se recebe estímulo compreensível, ou
seja, o aprendiz precisa compreender a mensagem.
5 – The affective
filter hypothesis: é uma barreira imaginária que não permite que o aprendiz utilize
o input disponível no ambiente. Isso se deve a vários fatos, a exemplo do
estado emocional do aprendiz.
Capítulo 3
Factors affecting second language learning
Neste
capítulo as autoras tratam dos fatores que afetam a aprendizagem da segunda língua,
que vão além daqueles descritos na teoria do filtro afetivo, de Krashen,
abordada no capítulo anterior. Entre estes fatores estão inteligência, aptidão,
motivação e atitudes.
As autoras buscam listar as características que fazem com
que alguns alunos progridam mais rapidamente do que outros no aprendizado da
segunda língua. Para tanto, utilizam-se de exemplos que mostram como aprendizes
com personalidades diferentes e que cresceram em ambientes diversos apresentam
resultados discrepantes no aprendizado de uma segunda língua.
As diferenças individuais que podem afetar o aprendizado
da segunda língua listadas pelas autoras são: inteligência, aptidão,
personalidade, motivação, atitude, estilos de aprendizagem, idade da aquisição
e intuições gramaticais.
Entretanto, concluiu-se que estudar as características
individuais dos aprendizes é muito complexa e que os resultados não são
satisfatórios, afinal, cada aprendiz tem um conjunto de características
diferentes que se relacionam e interferem de maneira diferente em seu
aprendizado.
Learner language
O
quarto capítulo é um convite para refletir além das características do
aprendiz, mas para pensar na língua do aprendiz. Por meio de diversos exemplos
práticos, as autoras examinam os tipos de erros que os aprendizes cometem e
discutem como estes erros podem refletir o conhecimento que os aprendizes têm
da língua alvo e sua habilidade para utilizar este conhecimento.
Também
são observados os estágios e sequências na aquisição de certas estruturas
linguísticas, como é o caso dos verbos regulares e irregulares no passado, cuja
utilização, ainda que errônea, pode demonstrar a familiaridade do aprendiz com
a língua que está aprendendo. Neste contexto, as autoras analisam como os
estágios do aprendiz da segunda língua se assemelham aos estágios vividos pelos
aprendizes da língua materna.
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