domingo, 29 de março de 2015 0 comentários


Resenha: How languages are learned (Patsy M. Lightbown e Nina Spada)

Acadêmica: Carolina Filipaki


Capítulo 1:
Learning a first language

            Este livro tem como objetivo descrever e analisar as diversas teorias que explicam a aprendizagem de línguas, tanto as línguas nativas como as segundas línguas. No primeiro capítulo, as autoras fazem uma breve revisão das teorias de aprendizagem da primeira língua, mostrando como diferentes teorias, autores e perspectivas compreendem a aprendizagem da primeira língua.

Behaviorismo           
Caneta e caderno dos desenhos animadosA primeira teoria abordada é a do behaviorismo, que em sua visão mais tradicional coloca a aprendizagem da primeira língua como fruto da imitação e formação de hábitos. Contudo, estudos empíricos demonstram que na prática a linguagem da criança é seletiva naquilo que decide imitar. Além disso, a linguagem das crinças é criativa, ou seja, suas produções muitas vezes não são encontradas nas falas dos adultos.
Percebe-se que as crianças parecem pegar modelos e generalizá-los, aplicando-os em novos contextos, por meio de tentativa e erro, até que aprendem aquilo que é correto. Esta situação coloca em xeque a ideia de que toda produção é fruto da imitação, afinal, esta afirmação não consegue explicar as formas inéditas produzidas pelas crianças (p.6).

Inatismo
            O inatismo tem Noam Chomsky como principal teórico. Ele afirma que todas as crianças possuem um aparato inato e biológico (Language Acquisition Device), que faz com que a linguagem se desenvolva assim como qualquer outra função do corpo humano, a exemplo da capacidade de andar (p. 7).
            Nesta perspectiva, o contexto pouco influencia no desenvolvimento desta característica, pois as crianças nasceriam com a habilidade da linguagem e descobririam sozinhas as regras do sistema linguístico no qual estão socialmente inseridas. Para que esta descoberta aconteça, Chomsky acredita que toda pessoa nasce dotada com a gramática universal, que possui regras básicas de todas as línguas. A partir de pequenos inputs recebidos, a criança estaria apta a sozinha desenvolver esta capacidade (p. 8).

A hipótese do período crítico
            Chomsky aborda também a hipótese do período crítico, ou seja, aquele em que a pessoa teria mais facilidade de aprender. Segundo ele, até o início da puberdade, o Language Acquisition Device funcionaria mais corretamente e responderia melhor aos estímulos, sendo assim, o período que vai do nascimento ao início da puberdade seria o ideal para a aprendizagem de uma língua (p.11). O livro cita exemplos de crianças que devido ao isolamento, após o período crítico não conseguiram se tornar adultos com habilidades linguísticas normais.

A posição interacionista
            Como o nome desta teoria já deixa explícito, ela tem como foco a importância da interação entre as pessoas para que a língua seja desenvolvida de maneira normal, sendo esta interação é considerada crucial.

Considerações sobre o primeiro capítulo
            Este capítulo apresentou de diversas maneiras como a língua pode ser aprendida com base em diferentes perspectivas. Por meio de evidências e do relato de estudos de caso, as autoras mostram aquilo que as teorias conseguiram comprovar e os questionamentos levantados contra elas por meio situações que contradizem aquilo que é exposto pelos teóricos.
De maneira geral, pode-se afirmar que cada teoria explica aspectos diferentes do aprendizado da primeira língua, entretanto, nenhuma delas coloca fim às discussões, pois cada uma se dedica a um aspecto diferente do aprendizado da língua, deixando algumas lacunas que a própria teoria não explica.

Capítulo 2
Theories of second language learning

            O segundo capítulo aborda as teorias de aquisição da segunda língua. No início, as autoras esclarecem que muitas das teorias de aprendizagem de segunda língua utilizam-se das teorias que abordam a aprendizagem da primeira língua. Contudo, elas reiteram que a aprendizagem da primeira e da segunda língua, embora tenham pontos comuns, são eventos distintos e que devem ser tratados de maneira diferente.

Características do aprendiz
            As autoras destacam que todo estudante de segunda língua já possui conhecimento prévio, o qual pode ser útil porque ele compreende como a língua funciona, mas pode também atrapalhar porque pode fazer adivinhações erradas acerca da língua que está aprendendo e ser induzido a erros devido a este conhecimento prévio (p.21).
            Destaca-se também a diferença entre os jovens aprendizes e os mais velhos. As autoras dizem que o jovem aprendiz pode não possuir maturidade cognitiva, consciência metalinguística e conhecimento de mundo que o aprendiz de segunda língua tem e que o aprendiz da primeira língua náo temmedo de usar a língua mesmo com baixa proficiência (p.22).

Learning conditions
            Os jovens aprendizes de segunda língua em contexto informal de aprendizagem falam quando estão prontos, enquanto os adultos comumente são forçados a falar. Os aprendizes mais velhos recebem apenas nas salas de aula a exposição limitada da segunda língua e que neste meio os erros são corrigidos, ao contrário do que acontece numa situação informal de aprendizado. Neste contexto, frisa-se também a questão do imput modificado, emq eu os professores adaptam a fala para facilitar a compreensão.

Behaviourism: the second language views
            Na perspectiva do behaviorismo para a segunda língua, os erros são vistos como hábitos da primeira língua que interferem na aprendizagem da segunda. Com isso, na visão behaviorista, o aprendiz teria mais facilidade em aprender estruturas similares à da primeira língua.
            A principal crítica a esta visão é a de que o behaviorismo diz que os erros são previsíveis, mas ele não explica tudo o que acontece.

Cognitive theory: a new psychological approach
            A teoria cognitiva vê a aquisição da segunda língua como uma construção de sistemas de conhecimento que podem ser acessados automaticamente para a fala e a compreensão. Sendo assim, por meio da experiência e prática, aprendizes conseguem ter a habilidade de usar certas ‘partes’ do conhecimento adquirido tão rápido e automaticamente, que nem percebem o que estão fazendo.

Creative construction theory
            Nesta hipóteses, os aprendizes construiriam representações internas da língua que está sendo aprendida, ou seja, imagens mentais da língua alvo. Com isso, essas representações internas vão se transformando gradativamente em um sistema complexo da língua alvo.
            A aquisição acontece de maneira interna enquanto os estudantes são expostos à língua e sua fala a escrita são frutos do processo de aprendizagem e não um meio para se aprender, como estabelecem outras teorias.

A teoria do monitor
            Stephen Krashen desenvolveu uma teoria de aprendizagem de segunda língua composta por cinco hipóteses:
1 – The acquisition-learning hypothesis: ele difere aquisição de aprendizagem. A aquisição ocorre quando o aprendiz se envolve de maneira significativa com a segunda língua, como acontece com as crianças que aprendem uma primeira língua. A aprendizagem seria um processo consciente de estudos e atenção às estruturas da língua alvo, como acontece nas salas de aula.
2 – The monitor hypothesis: o sistema linguístico aprendido atuaria como um monitor, que faz com que o falante reflita sobre aquilo que irá produzir, desta forma, ele precisa de tempo suficiente, foco na estrutura e conhecimento das regras.
3 – The natural order hypothesis: esta hipótese estabelece que as regras da língua são adquiridas numa sequência previsível, em que algumas regras são aprendidas logo no início e que outras são compreendidas apenas mais tarde.
4 – The input hypothesis: a língua só é aprendida quando se recebe estímulo compreensível, ou seja, o aprendiz precisa compreender a mensagem.
5 – The affective filter hypothesis: é uma barreira imaginária que não permite que o aprendiz utilize o input disponível no ambiente. Isso se deve a vários fatos, a exemplo do estado emocional do aprendiz.


Capítulo 3
Factors affecting second language learning

            Neste capítulo as autoras tratam dos fatores que afetam a aprendizagem da segunda língua, que vão além daqueles descritos na teoria do filtro afetivo, de Krashen, abordada no capítulo anterior. Entre estes fatores estão inteligência, aptidão, motivação e atitudes.
            As autoras buscam listar as características que fazem com que alguns alunos progridam mais rapidamente do que outros no aprendizado da segunda língua. Para tanto, utilizam-se de exemplos que mostram como aprendizes com personalidades diferentes e que cresceram em ambientes diversos apresentam resultados discrepantes no aprendizado de uma segunda língua.
            As diferenças individuais que podem afetar o aprendizado da segunda língua listadas pelas autoras são: inteligência, aptidão, personalidade, motivação, atitude, estilos de aprendizagem, idade da aquisição e intuições gramaticais.
            Entretanto, concluiu-se que estudar as características individuais dos aprendizes é muito complexa e que os resultados não são satisfatórios, afinal, cada aprendiz tem um conjunto de características diferentes que se relacionam e interferem de maneira diferente em seu aprendizado.





Capítulo 4
Learner language

O quarto capítulo é um convite para refletir além das características do aprendiz, mas para pensar na língua do aprendiz. Por meio de diversos exemplos práticos, as autoras examinam os tipos de erros que os aprendizes cometem e discutem como estes erros podem refletir o conhecimento que os aprendizes têm da língua alvo e sua habilidade para utilizar este conhecimento.
Também são observados os estágios e sequências na aquisição de certas estruturas linguísticas, como é o caso dos verbos regulares e irregulares no passado, cuja utilização, ainda que errônea, pode demonstrar a familiaridade do aprendiz com a língua que está aprendendo. Neste contexto, as autoras analisam como os estágios do aprendiz da segunda língua se assemelham aos estágios vividos pelos aprendizes da língua materna.



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Resenha
How Languages are Learned

Resenhado por: Eduardo Rafael dos Santos Saruva

Capítulo 1
Vetor pena coloridaNo primeiro capítulo do livro How Languages are Learned, com o título Learning a first language  temos a apresentação de alguns posicionamentos quanto a aprendizagem da língua, o primeiro posicionamento é o behaviorista. Na visão da teoria behaviorista o aprendizado da língua se dá apenas através da imitação e da formação do habito, quanto mais a criança escutar a comunicação oral que ocorre a sua volta mais isso irá contribuir para a formação do hábito de uma linguagem correta e uso da mesma, a qualidade e a quantidade mais a consistência do reforço dado a criança irá resultar no sucesso desta criança quanto a apreensão da linguagem.
Na visão Inatista sobre a aprendizagem da língua temos a teoria de Noam Chomsky que diz que a linguagem se desenvolve nas crianças da mesma forma que outros aspectos biológicos, as crianças são “programadas” biologicamente para a linguagem como, por exemplo, a criança aprende a andar sem que seja ensinada, ela só aprende a andar porque tal função já estava programada para ser assimilado pela língua, Chomsky acredita que ocorre o mesmo com a linguagem. Ele refere-se a um mecanismo chamado de dispositivo de aquisição de linguagem (DAL) que é partilhado por todos e que possibilita que as regras da linguagem sejam entendidas e internalizadas pela criança e que previne que ela afaste-se muito da gramaticalidade presente na língua, nos escritos recentes Chomsky refere-se a esse mecanismo como Gramática Universal (GU).
Ainda falando do ponto de vista inatista sobre a linguagem temos a hipótese do período crítico de aprendizado da língua por Eric Lennenberg que diz que se uma criança fosse privada da linguagem quando pequena ela não teria um bom desempenho linguístico caso fosse aprender a língua mais tarde. Há duas versões a leve na qual o aprendizado da linguagem será incompleta e difícil após a puberdade, e a severa na qual o autor diz que a criança tem que aprender a língua até a puberdade ou então ela não poderá aprender mais essa língua.
A ultima posicionamento apresentado no capítulo é a visão interacionista na qual a linguagem é aprendida pela criança devido a interação com o ambiente, os interacionistas ainda acreditam que a fala modificada é um elemento crucial para o processo de aquisição de linguagem, o adulto adapta a sua linguagem a um nível no qual seja possível a compreensão e interação por parte da criança, a chamada caretaker talk.
Capítulo 2
Theories of second language learning, segundo capítulo do livro discorre sobre as teorias acerca da aquisição de uma segunda língua. Temos a visão behavirosta sobre a aquisição de uma segunda língua a que nos fala sobre o input, recebemos a língua através dos falantes no ambiente e através de repetições corretas e imitações acabamos por formar hábitos da língua desejada, mas durante a aquisição desses hábitos da segunda língua por diversas vezes os hábitos já formados na nossa primeira língua tendem a interferir na formação de hábitos da outra língua, essa teoria é chamada de contrastive analysis hypothesis (CAH), a CAH observa as similaridades entre as línguas e certas estruturas serão adquiridas com mais ou menos facilidade.
            Temos a teoria da construção criativa proposta por Krashen, a qual apresenta cinco áreas, a hipótese da aquisição-aprendizagem na qual temos a ideia de que aquisição é algo informal, adquirida naturalmente enquanto que a aprendizagem é algo formal e conseguida com estudo e vontade de aprender. A segunda hipótese é a do the monitor hypothesis a qual diz que o sistema adquirido (linguagem) age como se fosse um monitor para “polir” o que é produzido por esse sistema, geralmente a escrita usa mais deste “monitor” uma vez que escrever demanda mais atenção a forma com que a linguagem está sendo usada. A natural order hypothesis que diz que adquirimos as regras da língua em uma sequência já prevista, não necessariamente pela dificuldades ou ordem em que as regras foram ensinadas. Na input hypothesis Krashen afirma que adquirimos a língua de apenas uma maneira, que é recebendo um input compreensível ou seja compreendendo a mensagem. E por ultimo a teoria do filtro afetivo que fala sobre o estado do estudante caso ele esteja desconfortável ou desestimulado para aprender uma língua ele não obterá sucesso, já caso o estudante esteja motivado e interessado em aprender ele terá melhor absorção e compreensão do que está tentando apreender.
            Para finalizar o segundo capítulo uma visão interacionista sobre a segunda língua é apresentada, a qual afirma que uma interação modificada se faz necessária para aquisição da segunda língua, inclusive tal modificação é notada com falantes nativos de uma língua que usam desse recurso de interação modificada para interagir com iniciantes na aprendizagem da língua que já dominam, alguns desses recursos são a checagem de compreensão, e/ou a repetição, paráfrase nas quais o falante nativo busca a confirmação da compreensão por parte do aprendiz para que haja a compreensão entre eles.
Capitulo 3
            No terceiro capítulo intitulado Factors affecting second language learning são abordados os fatores que afetam o aprendizado de uma segunda língua como, por exemplo, a inteligência, aptidão para a língua, personalidade, motivação e atitudes, formas de aprendizagem e idade de aquisição do individuo que está aprendendo esta língua. No capítulo ainda é abordado qual a idade ideal para começar o aprendizado de outra língua e se realmente começar “cedo” é melhor.
Capitulo 4
Learner Language é o título do quarto capítulo do livro How Languages are Learned nele é apontado que um aumento dos erros cometidos por quem está aprendendo um idioma pode, algumas vezes, significar que ele está obtendo algum progresso, já que segundo pesquisas acerca da aquisição de uma segunda língua revelam que quem está aprendendo a segunda língua passa por processos parecidos com os de uma criança aprendendo a sua primeira língua e que há uma sequência de estágios de aquisição pelo qual o aluno precisa passar para masterizar aquela determinada estrutura.
Referência:

LIGHTBOW, Patsy M.; SPADA, Nina. How Languages are learned. Oxford University Press, 1993
domingo, 22 de março de 2015 0 comentários
RESENHA: COMO AS LÍNGUAS SÃO APRENDIDAS

Fabiane Caron Novaes 

1. APRENDENDO A PRIMEIRA LÍNGUA

Um dos mais fascinantes aspectos do desenvolvimento humano é a capacidade de aprender línguas. Todos nós assistimos e ouvimos com absoluto fascínio aos primeiros grunhidos, soando como uma conversação, que são pronunciados por um bebê de aproximadamente seis meses.
Nesse capítulo, consideraremos várias teorias que oferecem explicações de como a língua é aprendida. Três posições teóricas centrais serão discutidas: behaviorismo, inatismo e as interações de aquisição linguística.

Diga o que eu digo: a posição behaviorista

Behavioristas são tradicionais, acreditam que aprender língua é simplesmente uma questão de imitação e formação de habitat. Crianças imitam os sons e padrões os quais elas ouvem e recebem reforço positivo (que pode ser recebido em forma de uma frase ou de sucesso na comunicação) por fazer isso. Isso é encorajado pelo ambiente em que vive, continuam a imitar e a praticar esses sons e padrões até formarem hábitos do uso correto da língua.
A visão behaviorista de como a língua é aprendida tem um apelo intuitivo. E não tem dúvida que oferece uma explicação, em partes de como primeiro uma criança aprende a língua. Então imitação e prática são os processos primários no desenvolvimento da língua. Mas não explica como a criança erra (sendo que tais erros não foram cometidos pelos adultos para ela imitar) e como ela usa, aprende a palavra e a usa em novos contextos até aprender qual é o certo.
A criança imita até aprender, e então vai repetir outras palavras novas que ainda não ficaram sólidas em seu sistema linguístico. 

Está tudo na sua mente: posição inatista

O linguista Noam Chomsky diz que as crianças são biologicamente programadas para língua e que a língua se desenvolve do mesmo jeito que as outras funções se desenvolvem. O ambiente faz uma básica contribuição (pessoas que falam com a criança), a criança, ou melhor, o dote biológico da criança, faz o resto.
Chomsky fala que os behavioristas falharam em reconhecer o problema lógico de aquisição da linguagem (o fato das crianças saberem mais sobre a estrutura da linguagem do que os exemplos de linguagem que elas ouvem).
A linguagem que é exposta no ambiente para a criança é cheia de informação confusa e não providencia toda a informação que a criança precisa. Chomsky diz que a mente da criança não é uma folha em branco a ser preenchida meramente por imitações de linguagem que elas ouvem. Crianças nascem com uma habilidade especial de descobrir por elas mesmas as regras faladas do sistema linguístico.
Chomsky se refere a essa habilidade como 'dispositivo de aquisição de linguagem' (DAL - em inglês é o LAD) e é descrito como uma caixa preta imaginária, contendo os princípios universais de todos os seres humanos. Pro DAL funcionar, a criança precisa acessar exemplos da linguagem nativa. Existe fundamento nesta teoria, pois a linguagem a qual a criança é exposta não contém todas as informações que elas eventualmente sabem.
Base biológica: idéia compatível com o biologista Eric Lenneberg. Crianças que ouvem, mas não falam podem aprender a linguagem, entendendo até sentenças complexas. Lenneberg argumenta que o dispositivo de aquisição linguística, como outras funções biológicas, funciona com sucesso só quando é estimulada no tempo certo (período crítico).
Essa noção de um tempo específico e limitado é a hipótese do período crítico (HPC - em inglês é CPH). Tem duas versões, a mais forte é que a criança tem que adquirir sua primeira língua até a puberdade, se não for assim não aprende mais. A outra mais fraca é que aprender a linguagem será mais difícil e incompleta depois da puberdade.

Mãe é a palavra: a posição interacionista

O foco é o ambiente linguístico em interação com as capacidades inatas da criança em determinar o desenvolvimento da linguagem.
A posição interacionista é que a linguagem se desenvolve como um resultado da ação recíproca e complexa entre as características humanas da criança e o ambiente no qual a criança se desenvolve.
Ao contrário dos inatistas, o interacionista diz que a linguagem a qual é modificada para se acomodar a capacidade de aprender é um elemento crucial no processo de aquisição da linguagem.
Caretaker talk é o discurso diretamente com a criança (traduzido algo como "a conversa do que cuida da criança") e o caretaker precisa providenciar uma interação modificada (sempre mudar o discurso)


2. TEORIAS PARA A AQUISIÇÃO DA SEGUNDA LÍNGUA

Características do aprendizado: Todos os que aprendem a segunda língua já tem uma primeira, por isso possuem a idéia de como uma língua funciona, mas podem cometer erros por causa disso. Crianças começam a aprender a segunda língua sem o benefício de algumas habilidades e conhecimentos que adolescentes e adultos já possuem.
Menina, Escrito, Escola, AprendizagemAs crianças não têm a cognitividade madura, a consciência metalinguística ou conhecimento de palavra, mas por outro lado as crianças não têm medo de usar a outra língua, mesmo que seja limitada, então praticam mais.
Condição do aprendizado: A criança aprende a segunda língua em um ambiente informal, podem falar só quando se sentirem preparados e são expostas a essa língua por muitas horas por dias. Já os adolescentes e adultos são obrigados a falar (aula de inglês, por exemplo) e são expostos a uma limitada quantia de horas.
Uma condição que todas as idades têm é o acesso a um estímulo modificado. Quem interage regularmente com as línguas aprendidas tem um senso intuitivo (fala mais naturalmente, não precisa pensar tanto).

Behaviorismo: visão da segunda linguagem:

Todo aprendizado, seja verbal ou não, acontece através de formação de hábito. Recebem reforço positivo através de repetições corretas e imitações; como resultado hábitos são formados. Então a pessoa aprendendo a segunda língua começa pelos hábitos associados a uma língua, novos hábitos precisarão ser formados.
Erros são vistos como hábito da primeira língua interferindo na aquisição da segunda (hipótese da análise de contraste, isto é, quem está aprendendo tem facilidade onde as duas línguas são parecidas e dificuldade onde são diferentes). Esta explicação é incompleta, os processos são mais complexos.

Teoria Cognitiva:

A aquisição da segunda língua é uma construção do sistema do conhecimento que eventualmente poderá ser chamado de automático em relação a falar e entender. Precisa de experiência e prática.
Algumas coisas que sabemos e usamos automaticamente não são construídas com autonomia através da prática. Parece ser baseada na interação de conhecimentos que nós já temos ou na aquisição de um conhecimento novo o qual sem prática extensiva de alguma forma encaixa no sistema existente e o reestrutura.
A teoria não pode predizer que tipos de estruturas serão automatizadas através da prática e o que será reestruturado. Aplicar esta teoria na classe seria muito prematuro.

Teoria da construção criativa

Chomsky não fez nada sobre a segunda língua, e quem fez foi similar com as idéias dele sobre inatismo. Quem está aprendendo passa por uma construção interna de representações da língua como imagens mentais.
Essa teoria teve maior influência na prática de ensinar uma segunda língua que foi proposta por Krashen, que desenvolveu o modelo monitor com cinco hipóteses básicas: a hipótese da aquisição-aprendizado, a hipótese monitorada, a hipótese de ordem natural, a hipótese de estímulo e a hipótese de filtro afetivo.

A visão interacionista

A visão interacionista se preocupa em como o estímulo faz a língua ser compreensível. Essas modificações interacionais se dão através de conversas entre o nativo da língua e o que está aprendendo.
Interação modificada é necessária para aquisição da língua. Como acontece: a modificação interacional faz o estímulo compreensível, o estímulo compreensível promove a aquisição então a modificação interacional promove a aquisição.


3. FATORES QUE AFETAM O APRENDIZADO DA SEGUNDA LÍNGUA

Os fatores que afetam o aprendizado da segunda língua são os individuais, como personalidade; e os gerais, como inteligência, aptidão, motivação e atitude. A idade de aprendizado também influencia. Para descobrir a influência de cada característica, os pesquisadores selecionam um grupo e preparam questionários e testes.

Inteligência

Foi comprovado que a inteligência é um fator importante para a aprendizagem da segunda língua em relação à gramática, leitura e vocabulário. E facilita a aquisição assim como os outros fatores gerais.

Aptidão

Outro fator que pode influenciar o aprendizado de uma segunda língua é a aptidão, isto quer dizer que algumas pessoas possuem uma grande aptidão (ou seja, facilidade) em aprender uma segunda língua.

Personalidade

É um fator individual que cada pessoa possui, as características podem ajudar ou prejudicar a aprendizagem. Geralmente é dito que pessoas extrovertidas têm vantagem no aprendizado. Inibição, auto-estima, empatia, domínio, articulação da fala e responsabilidade também interferem.

Motivação e atitude

Atitude positiva e maior motivação levam à maior sucesso na aprendizagem da segunda língua. Depende da atitude (comprometimento) da pessoa com a aprendizagem e depende do que o motiva a aprender essa segunda língua (trabalho, lazer).

Estilos de aprendizado

Cada pessoa tem sua estratégia de aprendizado e conjunto de habilidades. Cada uma aprende de um jeito (visual, oral, por exemplo, etc.) e utiliza essas habilidades para facilitar a aprendizagem.

Idade de aquisição

Existe a idade crítica onde uma pessoa aprende a segunda língua quase como a primeira, que é até a pré adolescência. É comprovado que aprender a segunda língua durante essa idade é muito mais vantajoso. As motivações temporais das idades são diferentes. Quanto antes uma pessoa aprender uma segunda língua, menos sotaque esta pessoa vai adquirir.


4. APRENDIZ DA LINGUAGEM

Este capítulo não focará mais nas características de aprendizagem e sim na própria linguagem do aprendiz. As crianças não aprendem apenas por imitação e prática, mas são processos internos e conhecimento permitindo descobrir as complexidades da linguagem adulta.
A linguagem da criança é diferente da do adulto, ela é vista como um próprio sistema e pessoas que aprendem uma segunda língua, muito se assimilam ao processo da criança aprendendo a sua primeira língua.
Os erros dos aprendizes são as tentativas deles de descobrir a estrutura da linguagem que eles estão aprendendo. Tanto na aquisição da primeira como na segunda língua, existem estágios no desenvolvimento de certas estruturas particulares.
A aquisição da segunda língua de maneira natural, da morfologia gramatical, sem instrução, não é determinada pela primeira língua, vai ser aprendida naturalmente.
Em relação às sentenças negativas, a aquisição da primeira e da segunda língua naturalmente é bem parecida. Leva um tempo para serem aprendidas as regras gramaticais das sentenças negativas.
Ao formar questões na aquisição da primeira língua, a criança só consegue perguntar o que ela consegue responder. Em relação à aquisição da segunda língua naturalmente é similar a primeira, e a diferença é que elas sofrem influência da primeira língua que eles já sabem.
Os aprendizes da segunda língua aprendem oração relativa, com sujeito e objeto fixo e só depois, aprendem a modificar a estrutura nas sentenças. Foi observado que os aprendizes da segunda língua, que recebem estrutura da gramática básica, passam por uma sequência de desenvolvimento e erros parecidos com os que aprendem a linguagem de uma maneira natural.

  
Referência:

LIGHTBOWN, Patsy M.; SPADA, Nina.
How Languages are Learned.

Oxford: Oxford University Press, 1993.
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Resenha: How  Languages are Learned

Acadêmico: Jeferson Cassio Seratto    

1-Learning a first language
O livro inicia falando sobre a incrível habilidade dos seres humanos em  aprender uma língua, fato esse que atrai a atenção de lingüistas e  psicólogos.
Nesse capítulo o livro irá ilustrar várias teorias acerca de como a linguagem é adquirida. Três posições teóricas serão discutidas dessa vez: A behaviorista,  a inatista e a interacionista.

O tradicional modelo behaviorista acredita que a linguagem é uma simples forma de imitação e formação de hábitos. A criança imita os sons e padrões que ouve ao seu redor e recebe reforço positivo por fazer aquilo, ela é encorajada pelo ambiente a imitar até que esse hábito se transforme no correto uso da linguagem. Segundo essa visão a  qualidade e quantidade de línguas que a criança ouve é o que a definirá o seu sucesso no aprendizado da linguagem.
O modelo behaviorista vê a imitação e prática como processo primário no processo de desenvolvimento da linguagem. Esses dois termos serão exemplificados a seguir.

Rabiscos, Escrito, Estudante, Escrever, DesenharImitação: Palavra por palavra repetida da totalidade do enunciado da outra pessoa.
Mãe: Você gostaria de pão com manteiga de amendoim?
Katie: Pão e manteiga de amendoim

Prática: Manipulação repetitiva da forma.
Michel: Eu posso manusear isso. Hannah pode manusear isso. Nós podemos manusear isso.

No livro aparecem diálogos para exemplificar os termos citados, aqui só será apresentada a sua explicação enumerada de acordo com que aparece no texto:

Diálogo 1: Mostra uma criança Peter repetindo algumas palavras proferidas por seus pais, esse diálogo serve pra evidenciar que nesse processo de aprendizado a criança não repete qualquer palavra, mas sim aquelas que ela ainda não conhece para fixá-las no seu sistemas de linguagem, mostrando que essa escolha é baseada em algo que a própria criança já sabe.
Diálogo 2:  mostra a aquisição da linguagem por outra criança, Cindy. Ela pratica novas estruturas do mesmo jeito que às vezes a faz parecer com um estudante em uma aula de língua estrangeira. Cindy diz ‘ Ele come cenouras. O outro come cenouras. Ambos comem cenouras’. De qualquer forma deve-se ressaltar:  não são todas as crianças que da mesma maneira praticam como nos exemplos, e Cindy  está praticando mais aqui que em outras amostras de sua fala.
Essas amostras de fala de Peter e Cindy podem ser vistas como um suporte para o modelo behaviorista de aquisição. Mas só imitação e prática não dão conta de como essas crianças aprendem todos os aspectos de sua língua nativa. Além do mais, nós precisamos levar em conta que crianças em normal desenvolvimento de linguagem raramente imitam e praticam como Peter e Cindy fazem nesses exemplos.
No diálogo 3, como Cindy, Katherine às vezes repete ela mesma, mas raramente imitas outros falantes. Em vez, ela responde a perguntas ou coloca-as. Ela também discorre sobre questões ou afirmações de outros falantes.

A seguir no texto  são mostrados exemplos de outras crianças das qual a imitação não parece estar envolvida, nesses exemplos é evidenciada a habilidade e criatividade das crianças ao criar uma sentença. Nela são mostrados muitos erros que as crianças cometem na aquisição da linguagem, os quais imitação e prática sozinhas não conseguiriam explicar, pois muitos desses erros são inventados pelas crianças e não proferidos por adultos e depois imitados por ela, são casos de total criação.
 A aquisição behaviorista oferece um jeito razoável  de entender como a criança aprende alguns dos  aspectos regulares e de rotina da linguagem. No entanto  aquisição das estruturas gramaticais mais  complexas requer um tipo diferente de explicação, veremos abaixo uma proposta que vai além da behaviorista.

O lingüista Noam Chomsky afirma que as crianças nascem biologicamente programadas para linguagem e para ele a linguagem  se desenvolve na criança do mesmo jeito que as outras funções se desenvolvem. O ambiente faz uma contribuição básica nesse desenvolvimento, nesse caso, a disponibilidade da pessoa que fala com a criança, então o seu dom biológico faz o resto. Essa é a proposta do modelo inatista, em contrapartida a teoria do desenvolvimento através da imitação e hábito da teoria behaviorista.

Chomsky afirma que o modelo behaviorista falha ao reconhecer o que vem a ser chamado de ‘problema lógico de aquisição da linguagem’. O qual se refere ao fato da criança saber mais sobre a estrutura de sua língua do que é exposta a aprender através das amostras apresentadas no ambiente. De acordo com o lingüista as informações que a criança recebe do  ambiente são muito confusas, como sentenças incompletas ou lapsas da língua. Para ele as crianças nascem com uma habilidade especial que faz com que descubram por eles mesmos as regras fundamentais do sistema da linguagem.
Chomsky originalmente se referia a essa habilidade especial como sendo baseada no dispositivo de aquisição da linguagem (language acquisition device) (LAD).  Esse dispositivo é imaginado como uma caixa preta que contém os princípios universais para todas as línguas. Para o  LAD  funcionar é necessário uma amostra da língua natural da criança, que serve como gatilho. Só quando ativado a criança está apta a aprender as estruturas da língua.

Nos escritos recentes Chomsky e seus seguidores não usam mais o termo LAD, mas se referem a esse dom inato como Gramática Universal ( Universal Grammar) (UG). UG é considerada por conter um conjunto de princípios que são comuns em todas as línguas. O lingüista considera as diferenças no  ambiente como fator que diferencia o tempo de aquisição de algumas crianças, embora a maioria aprenda no mesmo tempo e do mesmo jeito, o que não é diferente de como a criança aprende a caminhar.
 As idéias de Chomsky são compatíveis coma as do biólogo Eric Lenneberg que também compara a aprendizagem de falar com a aprendizagem de caminhar.
Lenneberg argumenta que o dispositivo de aquisição como qualquer outra função biológica só pode ser estimulada no tempo certo, esse tempo é referido como hipótese do período critico (critical period  hypothesis) (CPH). Existem duas versões sobre o CPH. A forte diz que a criança precisa adquirir sua primeira linguagem pela puberdade, senão nunca será apto para aprender uma exposição subseqüente. A versão fraca diz que a linguagem é aprendida com mais dificuldade e de forma incompleta após a puberdade.


É compreensivo que haja dificuldade em se encontrar evidências para provar a hipótese do período crítico,  sendo que as crianças são normalmente expostas à linguagem desde muito cedo. Mas de qualquer forma,  foram documentadas algumas ‘experiências naturais’ de crianças que não tiveram nenhum contato com a linguagem. Um dos casos mais famosos é de uma criança francesa selvagem chamada Victor, ele tinha 12 anos e foi encontrado vagando pelado nas florestas de Averyon na França em 1799.  Foi sucedido pelo jovem doutor Jean Marc-Gaspard Itard até certo ponto a desenvolver sua sociabilidade, memória e juízo. O doutor se dedicou a  5 anos ensinando sua língua  a Vitor, que só aprendeu duas palavras.  
Outro caso famoso de uma criança que não aprendeu a língua nos seus primeiros anos foi Genie. Foi descoberta em 1970, uma garota de 13 anos e meio que cresceu quase que completamente isolada,  abusada desde que tinha apenas 20 meses. Por causa de seu pai perturbado e o medo da sua mãe abusada,  passou mais de 11 anos atada a uma cadeira em quarto escuro, lá não podia falar com a mãe ou com o irmão, que foram proibidos de manter contato com Genie. Quando ela era espancada emitia um tipo de ruído que depois era seguido por um longo tempo de silêncio. A menina se tornou insociável, primitiva e mal desenvolvida psicologicamente, emocionalmente e intelectualmente. È claro que Genie não sabia falar.
Depois de descoberta, Genie foi sucedida a uma educação normal  com a participação de muitos professores e terapeutas,  foi adotada por um amável lar onde obteve avanços em sua sociabilidade e cognição, adquiriu gostos e traços próprios. Depois de 5 anos de exposição a  língua, Genie adquiriu um sistema de língua elaborado, mas continha características anormais, características essas exibidas em adultos com danos cerebrais.
Esses dois casos servem pra sustentar a teoria do período crítico,  o caso de Victor serve pra sustentar a versão forte  enquanto o de Genie  fraca.

Outras experiências servem para sustentar a  hipótese do período crítico, como o caso da pesquisadora Elissa Newport  e seus colegas, que  têm estudado surdos usuários da Linguagem Americana de Sinais  (American Sign Language) (ASL) que adquirem essa linguagem em diferentes idades. Nos estudos foram vistos que há três tipos de usuários: Os Native signers  são expostos à linguagem desde o nascimento, os Early Learners são os que  a primeira exposição ao ASL começa aos  quatro a seis anos na escola, por último os Late Learners  são os que vêm a ter contato com o ASL depois dos vinte anos.
Os pesquisadores buscavam encontrar uma diferença  entre os três tipos de usuários do ASL. Os resultados da pesquisa mostraram certo padrão. Na ordem das palavras não havia diferenças entre os grupos, mas os testes gramaticais mostraram que os Native Signers superaram os Early Learners que acabaram por superar os Late Learners. Os Native Signers testavam altamente consistentes no uso gramatical das formas. Os pesquisadores concluíram que seus estudos deram apoio à hipótese do período crítico na aquisição  da primeira linguagem.

A terceira posição teórica abordada foca na função do ambiente lingüístico e sua relação com a capacidade inata da criança para o desenvolvimento da linguagem. Diferente da inatista, afirma que o fato de se modificar a  linguagem para se adequar à capacidade do aprendiz é um crucial elemento no processo de aquisição da língua.



Muitos pesquisadores da perspectiva interacionista têm estudado a fala dirigida às crianças. Essa fala distinta é conhecida  como Caretaker talk, que é a forma que os adultos usam ao abordar uma criança, modificando  o jeito de falar. Conversando de maneira mais pausada, entonação variada,  frases curtas, etc. É visto que os temas das conversas são limitados a um ambiente imediato da  criança, o aqui e agora.
È difícil julgar a importância  das modificações que os adultos fazem ao falar com as crianças. E para os interacionistas é importante essa troca de idéias nas qual o adulto responde intuitivamente respondendo no mesmo nível da linguagem em que a criança é capaz de processar.

Nesse capítulo foram vistas três diferentes teorias da aquisição da linguagem, cada uma pôde ser corroborada com uma evidência.
Um jeito de conciliar as explicações behaviorista, inatista e interacionista é ver que cada uma delas pode explicar um aspecto do desenvolvimento da linguagem das crianças.
No capítulo 2 começaremos a olhar a aquisição da segunda língua em crianças  e aprendizes mais velhos. Veremos que  muitas dúvidas levantadas nesse capítulo serão importantes para discutir como a aquisição da segunda língua acontece.

2 Theories of second language learning

Nesse capítulo será visto as teorias acerca da aquisição da segunda linguagem (second language aquisition)  (SLA) e a relação com as teorias propostas nos primeiro capítulo.
Algumas teorias darão destaque às características inatas na aquisição e outras ao fator ambiente, ainda outras que  integraram as características inatas e o ambiente para explicar como a segunda língua é adquirida tomam lugar.
È claro que um adulto ou criança adquirindo uma nova linguagem é diferente de uma criança aprendendo à primeira lingua. Também é visto que a aquisição de uma segunda linguagem pode ser diferente de outra. Os perfis dos aprendizes devem ser levados em conta na hora de aprender, como por exemplo, uma criança aprendendo um idioma com seus colegas bilíngües, um adolescente em uma classe de língua estrangeira e um adulto aprendendo em seu cotidiano.

Todo o aprendiz de um segundo idioma sabe pelo menos uma outra língua, consequentemente isso pode ajudá-lo na hora de aprender a nova linguagem, pois o mesmo já tem uma noção de como ela funciona. Porém  também pode levá-lo a ocasionar erros que não eram vistos na aquisição da outra, como por exemplo, a coerência de uma frase e suas estruturas lingüísticas, os aprendizes também cometem erros  devido à achismos que venham a ter devido ao conhecimento do outro idioma.
Os aprendizes mais novos têm o desafio de aprender sem as habilidades e sem os conhecimentos  que um aprendiz mais velho tem. Mas os pequenos  levam vantagem por aprenderem de forma mais natural, devido ao fato de serem geralmente expostas ao segundo idioma por um período maior de tempo, vindo a falar quando se sentirem a vontade. Já os aprendizes adolescentes e adultos são forçados a por em prática o uso da segunda língua, em entrevistas de emprego ou até em determinados testes para certos cursos.

De acordo com psicólogos cognitivistas a aquisição da segunda língua é vista como a construção de um sistema de conhecimento, do qual pode eventualmente ser chamado de fala e compreensão. Primeiro os aprendizes tem que prestar atenção no aspecto da língua do qual eles estão tentando entender ou produzir.  Gradualmente, através da experiência e prática é que vão estar capazes de utilizar algumass peças  de seu conhecimento  tão rápido e automaticamente que nem vão perceber que já estão falando. Recentemente os psicólogos também vêm estudando um fenômeno do qual eles chamam de reestruturação, que se refere à observação de que em alguns momentos  as coisas da qual nós sabemos e usamos automaticamente podem não ser em termos de acumulação gradual de prática.  Eles parecem mais se basear na interação do conhecimento que já conhecemos ou na aquisição de conhecimento novo, do qual sem extensa prática,   pode levar de fato a reestruturar o sistema. Isso pode levar a um aumento de progresso muito grande por parte do aluno, mas também pode levar a uma regressão por parte de ele incorporar muita informação ou muita informação errada e o que conhecemos pode ir desaparecendo aos poucos.

Chomsky não discutiu suas implicações da  teoria inatista no aprendizado da segunda lingua, mas  outros propõem uma visão baseada na de Chomsky para o aprendizado da primeira língua comparando com o aprendizado de um segundo idioma. A teoria às vezes chamada de hipótese da construção criativa (creative construction hypothesis) acredita que os aprendizes  são levados a  construir representações internas da língua a ser aprendida. Uns costumam pensar que essas representações internas são como imagens mentais do idioma alvo. Segundo essa visão os aprendizes cometem os maiores erros em relação a ordenar as frases e em suas estruturas. Essa hipótese também diz que a produção oral e escrita do aprendiz produz é essencial, mas só até certo ponto, para servir de treino  para o aluno, até que tenha que botar realmente em prática seu conhecimento.
A teoria da construção criativa, que é a mais importante sobre a prática do ensino na aquisição da segunda língua foi proposta por Stephen Krashen.

Segundo Krashen, existem 5 hipóteses centrais a consistem:

1 - Hipótese da aquisição da língua (The aquisition-learning hyphotesis): Diz que só existem duas formas de um adulto aprender uma segunda língua, ‘aprende - lá’ que seria em uma sala de aula, onde seriam lhe apresentadas suas regras e estrutura, ou ‘adquiri-la’ que seria através da prática, utilizando-a em seu meio com conversas fluentes.  

2 - Hipótese do monitoramento (the monitor hyphotesis): Nessa hipótese Krashen diz que o sistema adquirido é o que age no aprendiz durante a fala, servindo de forma intuitiva sobre o que está ocorrendo na língua, já o sistema de aprendizado servindo apenas como um monitor, ajustando o que o sistema de aquisição produziu. Krashen fala que três condições são necessárias, sendo elas o tempo suficiente, foco no formato ou forma e conhecer as regras da língua. Reforça que o principal fator a se dar atenção na hora de se ensinar uma língua é a comunicação.

3- Hipótese de ordem natural (The natural order hyphotesis): Nessa Krashen fala a respeito das regras serem parte da sequência natural do aprendizado, o que não quer dizer que elas vêm por primeiro, ao contrário da intuição,  as regras são parte da orem natural e a pessoas irá aprender ao decorrer do tempo independentemente da língua em questão.

4-Regra da absorção (the imput hyphotesis): Diz que o a aquisição da língua ocorre apenas de uma maneira: através de uma absorção da qual nós pegamos a mensagem que nos está sendo enviada e suas regras, ainda incompreensíveis, e adquirimos um novo conhecimento.

5-Hipótese do filtro afetivo ( the affective filter hyphotesis): O filtro afetivo é tratado como barreira na hora da aquisição, engloba os estados emocionais no ato de aprender a nova língua, pois se o aprendiz estiver tenso ou bravo, isso serve como um empecilho na aquisição. Já se o aprendiz estiver mais calmo e relaxado seu nível do filtro afetivo fica baixo e ele aprende com mais facilidade.  

Por último se tem a visão interacionista a respeito da aquisição do novo idioma. Os estudiosos interacionistas  como  Michael Long, concordam com Krashen na questão de que é necessária essa imposição compreensível da língua para seu aprendizado, entretanto focam mais em como essa imposição será colocada, dando mais importância  da interação falante nativo com o não nativo como principal mecanismo na aquisição da nova língua.

3- Factors affecting second language learning:
No capítulo 1 foi apontado que qualquer criança tem a capacidade de adquirir com sucesso sua primeira língua. Isso contrasta com nossa experiência dos aprendizes de segunda língua, que variam muito em suas habilidades de aquisição do novo idioma.
 Muitos linguistas acreditam que os aprendizes têm certas características que definem se terão ou não sucesso no aprendizado da nova língua. Como por exemplo, um estudante mais extrovertido que interage sem inibição na sua segunda língua encontrará mais oportunidades para praticar as habilidades aprendidas até então e será um mais bem sucedido aprendiz.
Há cinco fatores que influenciam no aprendizado da  nova língua, entre eles estão:
A inteligência que  é uma boa maneira de medir o sucesso do aprendizado da nova língua, além disso, certas pesquisas indicam que ela é até mais importante do que outros fatores relacionados à aquisição. Em alguns estudos ela é relacionada com o desempenho ligado a leitura e escrita, mas não a compreensão auditiva e fala.
A aptidão é o fator que indica se o estudante irá  ter um bom desenvolvimento na nova língua do que outros, mas é comprovado que todo ser humano tem essa habilidade, embora alguns em maior e outros em menor grau.
As atitudes e motivações positivas, segundo um grande número de estudos também tem relação com o aprendizado do novo idioma, porém essas pesquisas não conseguiram provar precisamente até onde vai essa relação.
Outro fator importante é se ter personalidade para se ter um melhor desenvolvimento na aquisição da nova língua, embora não seja fácil mostrar seus efeitos através dos estudos empíricos, características da personalidade como auto-estima, empatia e simpatia foram estudas, mas não mostraram sua real contribuição no aprendizado, embora eles existam.
O estilo de aprendizado é um dos fatores mais importantes devido ao fato de cada estudante ter seu tempo na hora de aprender alguma coisa além da e da variedade em como cada um assimila a informação. Então o meio em que o aluno está inserido pra aprender é o que dará suporte a maneira como vai desenvolver suas habilidades.  
Essas habilidades podem diferir de um aprendiz a outro, mas deve-se reforçar que todos podem aprender, sabendo adequar suas habilidades e aptidões, é o que de fato vai fazer com que a pessoa tenha sucesso ou não.

4-Learner Language

Nesse capítulo serão examinados os tipos de erros dos alunos e discutidas as semelhanças e diferenças, que podem  mostrar ao contrário do que muitos pensam que às vezes certos erros de pronúncia ou escrita podem até estar beneficiando no seu progresso. Esse conhecimento de como o aluno aprende a segunda língua pode ajudar o professor a melhorar seu desempenho em sala de aula.
Um erro que pode em determinado casos indicar progresso são na utilização dos verbos irregulares. Os aprendizes geralmente aprendem as formas irregulares do pretérito depois de aprenderem  o passado simples regular, marcado pelo prefixo -ed    no final da palavra. Alguns alunos podem dizer ‘I buyed a new game’ mas quem tem um conhecimento de inglês sabe que o certo seria ‘I bought a new game’, isso não significaria que esse erro torna a pessoa menos apta, mas mostra que ela tem conhecimentos sobre as regras da língua, pois se confundiu e usou o prefixo -e comumente usado no passado simples.
Um aspecto importante e semelhante  entre o aprender a primeira língua em comparação com o aprendizado da segunda, é que os pesquisadores observaram que se adquirem algumas regras internas, que podem interferir de forma positiva ou nem tanto nessa aquisição.
Como visto no capítulo 1, as crianças que estão em processo de aquisição da língua mãe não reproduzem obviamente de forma exata o que é falado pelos adultos, mas isso não significa que elas estejam erradas, pois sua forma de falar é definida pelos linguistas como o seu próprio sistema. Isso também pode ser levado em conta quando um aprendiz de língua estrangeira está em estado de aquisição, pois quando cometem erros também estão   reproduzindo o seu próprio sistema de língua.    
 Esses erros são muito comuns, pois resultam do convívio do estudante com sua primeira língua, mas não devem ser tratados de forma negativa pois fazem parte do autodescobrimento do aluno nesse novo idioma.  
   


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