Jack Kerouac
Jack Kerouac, muito antes
desta geração que hoje vemos, passou pelas mesmas dúvidas e desejos. Ele não
apenas sonhava em ser escritor, como conhecia os autores que vieram antes e os
autores de sua própria época, sabia de suas próprias influências. E, principalmente,
sabia qual era a história que queria contar, e ela não era sua própria história
– ainda. Para se sentir apto a escrevê-la, decidiu vivê-la.
On the Road, de 1957, é um dos livros mais importantes da
literatura norte-americana. Quase totalmente biográfico, a ponto de ser difícil
apontar o que é ficção e o que é realidade, conta a história de Sal Paradise, o
narrador, em suas viagens pelos Estados Unidos. Paradise é escritor e alter ego
confesso de Jack Kerouac, o autor, assim como Dean Moriarty, companheiro de
viagens de Paradise, é alter ego de Neal Cassady, companheiro de viagens de
Kerouac na vida real. É muito possível que não haja um único personagem
fictício em On the Road, ainda que
todos os nomes o sejam.
ON THE ROAD (excerto)
"Comecei a aprender com ele, tanto
quanto ele provavelmente aprendeu comigo. Quanto ao meu trabalho, ele dizia: —
Comecei a aprender com ele, tanto quanto ele provavelmente aprendeu comigo.
Quanto ao meu trabalho, ele dizia: — Vá em frente, pois tudo o que você faz é
bom demais. — Enquanto eu redigia minhas histórias, ele observava por cima de
meus ombros e berrava: — Uau, cara, tanta coisa a fazer, tanta coisa a
escrever! Como ao menos começar a pôr tudo isso no papel, sem desvios
repressivos, sem tantos grilos, essas inibições literárias e temores
gramaticais?"
Jack Kerouac nasceu em
Lowell, Massachusetts, em 12 de março de 1922; era o mais novo de três filhos
de uma família de origem franco-canadense. Começou a aprender inglês apenas aos
seis anos de idade, estudou em escolas católicas e públicas locais e, como
jogava futebol americano muito bem, ganhou uma bolsa para a Universidade de
Columbia, em Nova York.
Nesta cidade conheceu Neal Cassady, Allen
Ginsberg e William S. Burroughs. Largou a faculdade no segundo ano, depois de
brigar com o técnico de futebol, foi morar com uma ex-namorada, Edie Parker, e
juntou-se à Marinha Mercante em 1942 – dando início às jornadas infindáveis que
se estenderiam por boa parte de sua vida.
Em 1943 alistou-se na
Marinha, de onde foi dispensado por razões psiquiátricas. Entre uma e outra
viagem, voltava para Nova York e escrevia o seu primeiro romance, The Town and
the City (Cidade pequena, cidade grande), publicado em 1950, sob o nome de John
Kerouac. Este primeiro trabalho era fortemente influenciado pelo estilo do
escritor norte-americano Thomas Wolfe e foi bem recebido.
Em abril de 1951,
entorpecido por benzedrina e café, inspirado pelo jazz, escreveu em três
semanas a primeira versão do que viria a ser On the Road. Kerouac escrevia em
prosa espontânea, como ele chamava: uma técnica parecida com a do fluxo de
consciência. O manuscrito foi rejeitado por diversos editores. Em 1954, começou
a interessar-se por budismo e, em 1957, On the Road foi finalmente publicado,
após inúmeras alterações exigidas pelos editores. O livro, de inspiração
autobiográfica, descreve as viagens através dos Estados Unidos e México de Sal
Paradise e Dean Moriarty. On the Road exemplificou para o mundo aquilo que
ficou conhecido como a "geração beat" e fez com que Kerouac se
transformasse em um dos mais controversos e famosos escritores de seu tempo –
embora em vida tenha tido mais sucesso de público do que de crítica e embora
rejeitasse o título de “pai dos beats”.
Seguiu-se a publicação de The Dharma Bums (Os vagabundos iluminados) – um romance com franca inspiração budista –, The Subterraneans (Os subterrâneos) em 1958, Maggie Cassidy,
em 1959, eTristessa, em 1960. A partir daí, Kerouac tendeu à direita, politicamente: criticava
os hippies e apoiou a
guerra do Vietnã. Publicou ainda Big
sur e Doctor Sax, em
1962, Visions of Gerard, em
1963, e Vanity of Duluoz,em
1968, entre outros. Visions of Cody,
considerado por muitos o melhor e mais radical livro do autor, só foi publicado
integralmente em 1972. Ele
morreu em St. Petersburg, Flórida, em 1969, aos 47 anos, de cirrose hepática.
Morava, então, com sua mãe e sua mulher, Stela. Escreveu ao todo vinte livros
de prosa, e 18 de ensaios, cartas e poesia.
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“As únicas pessoas que me agradam são as que estão loucas: loucas por
viver, loucas por falar, loucas por salvarem-se.”
―Jack Kerouac
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“Não farão grandes coisas os que se deixarem levar por tendências,
novidades e a opinião geral.”
―Jack Kerouac
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