quarta-feira, 9 de abril de 2014

Autor do Mês de Março: Jack Kerouac

Jack Kerouac

Jack Kerouac, muito antes desta geração que hoje vemos, passou pelas mesmas dúvidas e desejos. Ele não apenas sonhava em ser escritor, como conhecia os autores que vieram antes e os autores de sua própria época, sabia de suas próprias influências. E, principalmente, sabia qual era a história que queria contar, e ela não era sua própria história – ainda. Para se sentir apto a escrevê-la, decidiu vivê-la.


       

  On the Road, de 1957, é um dos livros mais importantes da literatura norte-americana. Quase totalmente biográfico, a ponto de ser difícil apontar o que é ficção e o que é realidade, conta a história de Sal Paradise, o narrador, em suas viagens pelos Estados Unidos. Paradise é escritor e alter ego confesso de Jack Kerouac, o autor, assim como Dean Moriarty, companheiro de viagens de Paradise, é alter ego de Neal Cassady, companheiro de viagens de Kerouac na vida real. É muito possível que não haja um único personagem fictício em On the Road, ainda que todos os nomes o sejam.


ON THE ROAD (excerto)
"Comecei a aprender com ele, tanto quanto ele provavelmente aprendeu comigo. Quanto ao meu trabalho, ele dizia: — Comecei a aprender com ele, tanto quanto ele provavelmente aprendeu comigo. Quanto ao meu trabalho, ele dizia: — Vá em frente, pois tudo o que você faz é bom demais. — Enquanto eu redigia minhas histórias, ele observava por cima de meus ombros e berrava: — Uau, cara, tanta coisa a fazer, tanta coisa a escrever! Como ao menos começar a pôr tudo isso no papel, sem desvios repressivos, sem tantos grilos, essas inibições literárias e temores gramaticais?"

     Jack Kerouac nasceu em Lowell, Massachusetts, em 12 de março de 1922; era o mais novo de três filhos de uma família de origem franco-canadense. Começou a aprender inglês apenas aos seis anos de idade, estudou em escolas católicas e públicas locais e, como jogava futebol americano muito bem, ganhou uma bolsa para a Universidade de Columbia, em Nova York.
     Nesta cidade conheceu Neal Cassady, Allen Ginsberg e William S. Burroughs. Largou a faculdade no segundo ano, depois de brigar com o técnico de futebol, foi morar com uma ex-namorada, Edie Parker, e juntou-se à Marinha Mercante em 1942 – dando início às jornadas infindáveis que se estenderiam por boa parte de sua vida.

     Em 1943 alistou-se na Marinha, de onde foi dispensado por razões psiquiátricas. Entre uma e outra viagem, voltava para Nova York e escrevia o seu primeiro romance, The Town and the City (Cidade pequena, cidade grande), publicado em 1950, sob o nome de John Kerouac. Este primeiro trabalho era fortemente influenciado pelo estilo do escritor norte-americano Thomas Wolfe e foi bem recebido.

     Em abril de 1951, entorpecido por benzedrina e café, inspirado pelo jazz, escreveu em três semanas a primeira versão do que viria a ser On the Road. Kerouac escrevia em prosa espontânea, como ele chamava: uma técnica parecida com a do fluxo de consciência. O manuscrito foi rejeitado por diversos editores. Em 1954, começou a interessar-se por budismo e, em 1957, On the Road foi finalmente publicado, após inúmeras alterações exigidas pelos editores. O livro, de inspiração autobiográfica, descreve as viagens através dos Estados Unidos e México de Sal Paradise e Dean Moriarty. On the Road exemplificou para o mundo aquilo que ficou conhecido como a "geração beat" e fez com que Kerouac se transformasse em um dos mais controversos e famosos escritores de seu tempo – embora em vida tenha tido mais sucesso de público do que de crítica e embora rejeitasse o título de “pai dos beats”.


                              
     Seguiu-se a publicação de The Dharma Bums (Os vagabundos iluminados) – um romance com franca inspiração budista –, The Subterraneans (Os subterrâneos) em 1958, Maggie Cassidy, em 1959, eTristessa, em 1960. A partir daí, Kerouac tendeu à direita, politicamente: criticava os hippies e apoiou a guerra do Vietnã. Publicou ainda Big sur e Doctor Sax, em 1962, Visions of Gerard, em 1963, e Vanity of Duluoz,em 1968, entre outros. Visions of Cody, considerado por muitos o melhor e mais radical livro do autor, só foi publicado integralmente em 1972. Ele morreu em St. Petersburg, Flórida, em 1969, aos 47 anos, de cirrose hepática. Morava, então, com sua mãe e sua mulher, Stela. Escreveu ao todo vinte livros de prosa, e 18 de ensaios, cartas e poesia.

      “As únicas pessoas que me agradam são as que estão loucas: loucas por viver, loucas por falar, loucas por salvarem-se.”
             ―Jack Kerouac
      “Não farão grandes coisas os que se deixarem levar por tendências, novidades e a opinião geral.”
           ―Jack Kerouac

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