Falar de William
Shakespeare é uma tarefa desafiadora e empolgante, afinal, não há quem não
conheça algo sobre o autor, sejam os versos delicados, as tramas
surpreendentes, o último beijo de Romeu e Julieta ou até a importância que o
autor dá para sentimentos simples, que todos conhecemos. Por estes e outros
motivos, Shakespeare é considerado um dos maiores escritores do mundo, sendo
intitulado pelo escritor Harold Bloom como o ‘maior escritor de todos os
tempos’ (O Cânone Ocidental, 1994).
A vida do dramaturgo e poeta sempre
foi muito misteriosa, com poucas informações confiáveis. Mas sabemos que
William Shakespeare supostamente nasceu no dia 23 de abril e por coincidência
morreu no mesmo dia, cinquenta e dois anos depois. Outro fato curioso é que não
existem documentos que ‘provem sua existência’ além de suas obras, fato que
instigou grande número de pessoas e atraiu a curiosidade sobre a real
existência do escritor. Sabe-se que ele foi casado com Anne Hathaway e os dois
viveram na cidade de Worcester, província de Canterbury. Algum tempo depois o
casal teve três filhos: a garota Susanna em maio de 1583 e dois anos depois o
casal de gêmeos Hamnet e Judith – Hamnet faleceu aos onze anos de idade por
causas não descobertas.
Mais importante do que sua vida são
suas obras. Afinal, até os dias de hoje suas peças são interpretadas em todos
os países, rendendo milhares de espectadores e admiradores ao redor do mundo.
Seu estilo irreverente de escrita faz com que um leitor consiga reconhece-lo
com facilidade, apenas por ler um de seus versos. A vasta lista de comédias e
tragédias mais famosas do dramaturgo conta com Romeu e Julieta, Hamlet,
Macbeth, Sonhos de Uma Noite de Verão, Ricardo III, A Comédia dos Erros, entre
vários outros...
Além de peças teatrais, suas obras
já foram adaptadas para o cinema, novelas, séries de TV, peças musicais, além
de várias de suas obras serem referenciadas em títulos e letras de músicas. Por
curiosidade, abaixo estão algumas músicas famosas que fazem referência aos
trabalhos do escritor:
·
‘Romeo and Juliet’ da banda Dire Straits:
a banda faz uma notável referência a uma das maiores obras do autor, ao mesmo
momento em que narra o fim de um relacionamento que não deu certo;
·
‘I am the Walrus’,
dos Beatles: em uma parte da música ouvem-se trechos de Rei Lear sendo
declamados em uma estação de rádio.
·
O famoso músico
russo Pyotr Ilyich Tchaikovsky compôs uma canção com o nome de ‘Romeo and Juliet Overture’.
Além destes exemplos, diversos outros artistas como
Bob Dylan, Bon Jovi, Blue Oÿster Cult, Radiohead, Madonna e Arctic Monkeys
gravaram músicas que faziam referências a algumas obras do autor.
Exemplos como estes servem para demonstrar como o
nome William Shakespeare ainda é muito influente e importante nos tempos de
hoje. Um dramaturgo que revolucionou a história do teatro e da literatura que
ficará para sempre marcado como o maior nome da dramaturgia inglesa. Deixo
abaixo o Terceiro Solilóquio de Hamlet, uma das falas mais conhecidas do teatro
e da literatura universal, em sua versão em português e em inglês, para que
todos possam ler e sentir o poder que as palavras de William Shakespeare ainda
deixam na sociedade atual.
HAMLET (em inglês)
To be, or not to be: that is the question:
Whether 'tis nobler in the mind to suffer
The slings and arrows of outrageous fortune,
Or to take arms against a sea of troubles,
And by opposing end them? To die, to sleep—
No more—and by a sleep to say we end
The heart-ache and the thousand natural shocks
That flesh is heir to, 'tis a consummation
Devoutly to be wish'd. To die, to sleep;
To sleep: perchance to dream: ay, there's the rub;
For in that sleep of death what dreams may come
When we have shuffled off this mortal coil,
Must give us pause: there's the respect
That makes calamity of so long life;
For who would bear the whips and scorns of time,
The oppressor's wrong, the proud man's contumely,
The pangs of despised love, the law's delay,
The insolence of office and the spurns
That patient merit of the unworthy takes,
When he himself might his quietus make
With a bare bodkin? Who would fardels bear,
To grunt and sweat under a weary life,
But that the dread of something after death,
The undiscover'd country from whose bourn
No traveller returns, puzzles the will
And makes us rather bear those ills we have
Than fly to others that we know not of?
Thus conscience does make cowards of us all;
And thus the native hue of resolution
Is sicklied o'er with the pale cast of thought,
And enterprises of great pitch and moment
With this regard their currents turn awry,
And lose the name of action.—Soft you now,
The fair Ophelia! Nymph, in thy orisons
Be all my sins remember'd.
HAMLET (em português)
Ser ou não ser - eis a
questão.
Será mais nobre sofrer na alma
Pedradas e flechadas do destino feroz
Ou pegar em armas contra o mar de angústias –
E combatendo-o, dar-lhe fim? Morrer; dormir;
Só isso. E com o sono – dizem – extinguir
Dores do coração e as mil mazelas naturais
A que a carne é sujeita; eis uma consumação
Ardentemente desejável. Morrer – dormir –
Dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo!
Os sonhos que hão de vir no sono da morte
Quando tivermos escapado ao tumulto vital
Nos obrigam a hesitar: e é essa reflexão
Que dá à desventura uma vida tão longa.
Pois quem suportaria o açoite e os insultos do
mundo,
A afronta do opressor, o desdém do orgulhoso,
As pontadas do amor humilhado, as delongas da
lei,
A prepotência do mando, e o achincalhe
Que o mérito paciente recebe dos inúteis,
Podendo, ele próprio, encontrar seu repouso
Com um simples punhal? Quem aguentaria os
fardos,
Gemendo e suando numa vida servil,
Senão, porque o terror de alguma coisa após a
morte –
O país não descoberto, de cujos confins
Jamais voltou nenhum viajante – nos confunde a
vontade,
Nos faz preferir e suportar os males que já
temos,
A fugirmos pra outros que desconhecemos?