Essa é uma pergunta muito
comum em nosso campo de trabalho: ela vem de pais aflitos em prever as
necessidades futuras dos filhos pequenos, de adolescentes que se preocupam em
aprimorar suas habilidades linguísticas e, também, de pessoas que, após terem
cumprido suas obrigações com a sociedade, agora tem pela frente inúmeras
possibilidades de ampliar seus conhecimentos. E a resposta é uma só: não, a
crença de que só se aprende quando é criança é um grande mito!
Inúmeros estudos desenvolvidos nos últimos anos têm
demonstrado que o ser humano possui uma capacidade linguística ilimitada no que
se refere à aprendizagem de idiomas; o que vai realmente fazer a diferença é a
metodologia empregada para esse propósito. No caso das crianças pequenas, a
extrema plasticidade neural permite que o novo idioma seja incorporado por meio
de mecanismos cognitivos inatos, que seguem um ritmo biológico normal de
desenvolvimento comparável às demais habilidades necessárias à formação do
indivíduo – exceto em casos de alguma privação física ou mental. A criança
aprende mais facilmente, portanto, por meio de atividades informais, lúdicas e
que estimulem várias percepções ao mesmo tempo e favoreçam o estabelecimento de
relações entre as diversas interfaces físicas e cognitivas.
No
caso de adolescentes e jovens, a aprendizagem será facilitada por meio do
acionamento de estratégias cognitivas já presentes em suas operações mentais
diárias e se apoiará em habilidades de
aprendizagem mais genéricas, ou seja, das mesmas habilidades usadas para
aprender outros tipos de práticas ou informações. O aprendizado, nessas fases,
ocorre em grande parte por meio da transferência interlinguística entre os
idiomas nativo e alvo, isto é, o aprendiz deve ser estimulado a tirar vantagem
do sistema linguístico que possui (nativo), para construir um sistema próprio
(interlíngua) para acessar o sistema linguístico do idioma-alvo, a partir da
transferência de “feixes de conhecimentos”.
Em se tratando de pessoas com mais
idade, a metodologia tem que tirar vantagem das experiências vividas e das
operações mentais associativas desenvolvidas ao longo de uma vida de exercícios
mentais variados. Devem-se levar em conta, igualmente, as motivações que
levaram esses alunos às salas de aulas, suas ansiedades, seus próprios
preconceitos quanto à aprendizagem na terceira idade, os conhecimentos
genéricos acumulados e os interesses que os movem nessa fase da vida.
Para todos esses grupos, a recomendação
é uma só: não esperem mais! Iniciar a aprendizagem de um novo idioma, seja ele
qual for, aumenta e fortalece as conexões neurais, amplia o campo de
conhecimentos e possibilita uma interação maior entre pessoas de culturas
diferentes, além de aumentar a auto-estima e o bom humor!
Prof.ª Ms. Ruth Mara Buffa
Mestre em Estudos Linguísticos (UFPR)
Docente do Departamento de Letras da UNICENTRO, Campus Irati
0 comentários:
Postar um comentário