domingo, 27 de janeiro de 2013

Existe uma idade certa para aprender idiomas?


Essa é uma pergunta muito comum em nosso campo de trabalho: ela vem de pais aflitos em prever as necessidades futuras dos filhos pequenos, de adolescentes que se preocupam em aprimorar suas habilidades linguísticas e, também, de pessoas que, após terem cumprido suas obrigações com a sociedade, agora tem pela frente inúmeras possibilidades de ampliar seus conhecimentos. E a resposta é uma só: não, a crença de que só se aprende quando é criança é um grande mito!
Inúmeros estudos desenvolvidos nos últimos anos têm demonstrado que o ser humano possui uma capacidade linguística ilimitada no que se refere à aprendizagem de idiomas; o que vai realmente fazer a diferença é a metodologia empregada para esse propósito. No caso das crianças pequenas, a extrema plasticidade neural permite que o novo idioma seja incorporado por meio de mecanismos cognitivos inatos, que seguem um ritmo biológico normal de desenvolvimento comparável às demais habilidades necessárias à formação do indivíduo – exceto em casos de alguma privação física ou mental. A criança aprende mais facilmente, portanto, por meio de atividades informais, lúdicas e que estimulem várias percepções ao mesmo tempo e favoreçam o estabelecimento de relações entre as diversas interfaces físicas e cognitivas.
No caso de adolescentes e jovens, a aprendizagem será facilitada por meio do acionamento de estratégias cognitivas já presentes em suas operações mentais diárias e se apoiará em habilidades de aprendizagem mais genéricas, ou seja, das mesmas habilidades usadas para aprender outros tipos de práticas ou informações. O aprendizado, nessas fases, ocorre em grande parte por meio da transferência interlinguística entre os idiomas nativo e alvo, isto é, o aprendiz deve ser estimulado a tirar vantagem do sistema linguístico que possui (nativo), para construir um sistema próprio (interlíngua) para acessar o sistema linguístico do idioma-alvo, a partir da transferência de “feixes de conhecimentos”.

Em se tratando de pessoas com mais idade, a metodologia tem que tirar vantagem das experiências vividas e das operações mentais associativas desenvolvidas ao longo de uma vida de exercícios mentais variados. Devem-se levar em conta, igualmente, as motivações que levaram esses alunos às salas de aulas, suas ansiedades, seus próprios preconceitos quanto à aprendizagem na terceira idade, os conhecimentos genéricos acumulados e os interesses que os movem nessa fase da vida.
Para todos esses grupos, a recomendação é uma só: não esperem mais! Iniciar a aprendizagem de um novo idioma, seja ele qual for, aumenta e fortalece as conexões neurais, amplia o campo de conhecimentos e possibilita uma interação maior entre pessoas de culturas diferentes, além de aumentar a auto-estima e o bom humor!

Prof.ª Ms. Ruth Mara Buffa
Mestre em Estudos Linguísticos (UFPR)
Docente do Departamento de Letras  da UNICENTRO, Campus Irati

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